Justiceiro: No Princípio Justiceiro: No Princípio

Ler é Bom, Vai | Justiceiro: No Princípio

No início dos anos 2000 a Marvel Comics decidiu que era hora de dar uma chacoalhada no seu universo e tentar coisas novas, fora da cronologia. Surgiu então a linha Marvel MAX, que reunia conteúdo mais violento e sangrento, não próprio para menores. Um dos trabalhos mais marcantes foi o Justiceiro, escrito pelo irlandês Garth Ennis. O início desse material saiu há pouco no Brasil pela Panini Comics, na linha Marvel Deluxe, com o nome Justiceiro: No Princípio.

Aqueles acostumados com o trabalho mais recente de Garth Ennis (Hellblazer: Hábitos Perigosos, The Boys), mais calcado no humor negro e na violência exagerada, pode estranhar bastante a maneira com que a história é contada em Justiceiro: No Princípio. Quase não existem piadas. É bastante violento, tem bastante palavrão, mas existe uma história para contar, com uma crítica social bem pesada.

A primeira parte do encadernado é Justiceiro: Nascido para Matar. Voltamos aos anos setenta e o Justiceiro é ainda o capitão Frank Castle. Em seu terceiro turno na guerra, ele é uma máquina de matar. Todos o temem, mas ele é a melhor pessoa para se ter ao lado durante esse conflito. São quatro edições cheias de violência, que buscam mostrar como a alma americana foi marcada por esse conflito tão longe de casa. A arte é de Darick Robertson.

Em Justiceiro: No Princípio, ele está sendo caçado pelo governo dos Estados Unidos. Sua missão começou ainda nos anos setenta, depois que ele voltou da guerra e perdeu sua família, então ele está há vinte anos matando pessoas. Depois de massacrar um jantar da máfia, o governo decide que ele vai ser mais útil caçando terroristas. Digamos que as coisas não saem como eles pretendem. Esse arco tem participação de Micro, que foi uma espécie de ajudante dele no passado, e é desenhado por Lewis Larosa.

Inferno Irlandês é a terceira parte do encadernado de Justiceiro: No Princípio. Frank acaba se metendo em uma guerra com a filial do IRA nos Estados Unidos, e Garth Ennis usa isso para fazer uma análise de como foi a imigração irlandesa nos Estados Unidos, e em um grau menor, a imigração de outras etnias. É uma história interessante, cheia de personagens, que estão tentando recuperar um herança e tentando enfiar a faca nas costas uns dos outros, e o Justiceiro no meio, tentando matar todos esses criminosos. A arte deste arco é de Leandro Fernándes.

Esse primeiro volume é sensacional. É mais do que se espera de uma obra do Justiceiro, é Garth Ennis em seu auge. Vale a leitura para todos, principalmente se você gosta de violência, sangue e política.