Livros que viraram filmes, geralmente, são grandes sucessos, de modo que, frequentemente, ouvimos falar sobre tais inspirações.
Quando se trata de terror, por exemplo, é muito comum ouvirmos sobre “uma adaptação da obra de Stephen King” ou, então, no romance, “uma adaptação de Nicholas Sparks”.
Algumas produções cinematográficas nós sabemos bem que vieram de livros, como o Harry Potter. Mas outras, muitas vezes, nem sabíamos da existência da obra literária, como A Mulher de Preto.
E quando falamos de adaptações, alguns filmes são bem fiéis, enquanto outros fogem da narrativa e têm cenas e detalhes acrescentados ou subtraídos, como acontece no filme Matilda.
E essa não fidelidade não é um problema!
Há um bom tempo, os próprios críticos já se desprenderam dessa análise que busca somente as aproximações. Afinal, são duas expressões artísticas diferentes, que usam elementos e mecanismos distintos: palavras ou imagens e sons.
Então, o convite é para que acompanhemos as duas obras, tirando proveito do melhor de cada mídia. E, assim, separamos 6 livros que viraram filmes que talvez você não sabia. Vamos nessa?
1. Coraline e o Mundo Secreto
Coraline e o Mundo Secreto é uma animação estadunidense de 2009, dirigida por Henry Selick. É um filme que encanta diferentes idades e, talvez, o que não se saiba é que ele é, sim, um dos livros que viraram filmes.
A obra literária, Coraline (2002), foi escrita por Neil Gaiman, um velho conhecido de muitos leitores.
Sabe-se muito mais sobre seu trabalho com ficção científica e fantasia, mas o autor também tem obras que exploram o mistério, que é justamente o caso de Coraline.
Coraline é uma jovem menina que, ao se mudar para uma nova casa com a família, passa a encarar elementos sombrios, encontrando uma porta que a leva para uma casa quase completamente idêntica a sua.
É aí que surge o surreal da história: há uma espécie de outra versão da sua família, uma mãe e um pai com botões no lugar dos olhos. A partir desse momento, a outra mãe de Coraline se mostra um tanto peculiar. E, por causa dessa trama, engana-se quem pensa que a animação é só para o público infantojuvenil.
Para os fãs, vale a pena a leitura, com uma linguagem fácil e fluida. E, para quem não conhece o filme ainda, merece conferir as situações de suspense transportadas aos elementos visuais da animação.
2. O Mágico de Oz
Dentre os livros que viraram filmes, um que foi adaptado diversas vezes é O Mágico de Oz.
O livro de L. Frank Baum, publicado em 1900, é uma das histórias infantis mais famosas da literatura americana. A narrativa, amplamente conhecida, acompanha Dorothy que, após passar por um ciclone, vai parar na estranha Terra de Oz. E, por lá, ela vai fazer novos amigos: o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde.
De tanto sucesso, a história foi adaptada diversas vezes para o cinema, inclusive, para uma animação de 1974. Há, ainda, uma versão mais recente, de 2013, Oz: Mágico e Poderoso.
Esse filme, dirigido por Sam Raimi, trouxe uma história um pouco diferenciada, contando como o Mágico chegou à terra de Oz e enganou os habitantes ao se passar por um feiticeiro poderoso.
Contudo, sua versão mais famosa é a de 1939, dirigida por Victor Fleming. Foi muito bem recebida pela crítica, ganhando destaque pelas cenas que receberam as cores do Technicolor.
O filme marcou gerações e, ainda hoje, merece ser assistido, bem como a história merece ser lida. Traz lições de vida e é capaz de encantar a todas as idades.
3. Forrest Gump
Forrest Gump, filme de 1994, norte-americano, dirigido por Robert Zemeckis, também entra para a lista de livros que viraram filmes. E foi muito bem recebido, sendo indicado treze vezes ao Óscar, ganhando em seis categorias diferentes – inclusive a de melhor roteiro adaptado.
Essa boa recepção do filme fez com que o livro vendesse muito mais depois do lançamento da adaptação. Antes, havia vendido 30 mil exemplares e, depois do filme, vendeu 1,4 milhões de cópias.
Com o passar dos anos, entretanto, o filme continua a fazer sucesso. E, talvez, muita gente que assista, hoje em dia, não saiba da sua origem: a produção literária, o Forrest Gump (1986), de Winston Groom.
As obras contam a história de Forrest, que, como definido por ele mesmo, é um “idiota de nascença” com QI de quase 70. Assim, ambas narrativas passam por momentos da sua infância, adolescência e vida adulta, sempre mostrando as situações mais peculiares advindas da sua lerdeza.
Contudo, ao aprofundarmos na história, veremos que o livro e o filme possuem grandes diferenças, ainda que a versão do cinema tenha ganhado aquele tal Óscar do roteiro – afinal, caiu por terra a questão da fidelidade, lembra?
O livro, claro, traz uma experiência diferente do filme e isso não quer dizer melhor ou pior. Na versão brasileira da Editora Aleph, por exemplo, tiveram o cuidado de trazer os vícios e variações de linguagem do inglês norte-americano, mas traduzidos ao português.
É justamente por essas diferenças que vale a pena conferir as duas obras. Então… do it! 😉
4. O Assassinato no Expresso do Oriente
O Assassinato no Expresso do Oriente (1934) é um clássico da nossa querida Agatha Christie, autora de outros vários romances policiais. E é, sim, outro caso dos livros que viraram filmes (e talvez você já conheça a versão do cinema).
A narrativa conta mais uma história de Hercule Poirot, que é um dos passageiros, no momento, do Expresso Oriente. No mesmo trem, há um misterioso assassino que esfaqueou outro passageiro e que, então, precisa ser encontrado pelo detetive Poirot.
As histórias da Agatha Christie são carregadas de uma descrição que nos faz viajar e imaginar as cenas dos crimes. Por isso, a adaptação é uma surpresa, afinal, agora seus detalhes verbais passam a ser visuais no filme dirigido por Kenneth Branagh, em 2017.
Assim sendo, a obra cinematográfica nos tira a responsabilidade de imaginar e nos surpreende com os elementos visuais, enquanto o livro faz-nos verdadeiros detetives!
5. Tubarão
Este clássico do suspense você conhece, né? Ou, talvez, pelo menos já tenha escutado por aí a memorável musiquinha tema.
O filme Tubarão, de 1975, exibe a história das praias da fictícia cidade Amity Island, onde há um grande tubarão-branco ameaçando os banhistas. Sua inspiração? Sim, um livro!
O autor, Peter Benchley, que também atuou no roteiro do filme, conta que não esperava muito sucesso da obra, afinal era sua primeira publicação e era um romance sobre um peixe.
“Além disso, eu tinha certeza de que ninguém nunca faria um filme do livro porque era impossível capturar e treinar um grande tubarão-branco, e a tecnologia do cinema não era boa o suficiente” é o que diz Peter. Entretanto, depois de pouco tempo lançado, o livro ficou por 44 semanas na lista dos livros mais vendidos do New York Times.
Para o filme, o sucesso também foi grande. Dirigido por Steven Spielberg, conseguiu na época, o maior faturamento da história – pouco mais de 470 milhões de dólares – e a maior bilheteria até o lançamento de Star Wars, de 1977.
A produção rendeu várias indicações a prêmios e, inclusive, venceu o Óscar na categoria de melhor trilha sonora – e não foi atoa, né?
6. Os Órfãos ou… A Volta do Parafuso?
Os Órfãos, filme de final polêmico lançado em 2020, é outro caso dos livros que viraram filmes. Foi inspirado em A Volta do Parafuso, uma novela de fantasma, escrita por Henry James, ainda nos anos de 1898, que se tornou um clássico do gênero horror.
No livro, acompanhamos um narrador que escuta um amigo contar a história de uma jovem contratada para cuidar de duas crianças em um mansão um pouco afastada da grande cidade. Tinha que ser, não é mesmo?
O que intriga na narrativa, contudo, é que esses jovens meninos vão apresentar comportamentos bem suspeitos e estranhos, que iremos entender – ou não – ao longo da leitura.
Ao ser traduzido e publicado no Brasil, a obra chegou, em algumas edições, com o nome de Os Inocentes, dispensando a tradução literal do título original, The Turn Of Screw, e favorecendo o nome da adaptação cinematográfica de 1961.
Dessa forma, foi muito bem recebida. Afinal, o que quer dizer “a volta do parafuso” ou, ainda, “a outra volta do parafuso”? Trata-se de uma expressão idiomática que, para os nativos da língua original, faz muito sentido, mas, no nosso português, não muito.
Apesar da versão de 1961 já citada, em 2020, chegou aos cinemas a nova adaptação, chamada Os Órfãos, que, dessa vez, não foi muito bem recebido. Basta fazer uma rápida pesquisa pela internet e verá todo tipo de crítica dura.
O que fez com que a maioria o rejeitasse, provavelmente, foi seu final controverso, que causou confusão na maior parte dos espectadores. No fim das contas, era esse o objetivo da diretora, Floria Sigismondi: “Eu não queria mastigar a história para o público. Eu esperava que as pessoas pudessem tirar coisas diferentes do filme.”
Além do filme, a obra de Henry James segue inspirando, de modo que vai fazer parte da segunda temporada da série da Netflix, agora chamada de A Maldição da Mansão Bly.
Continue a leitura! Veja também: A maldição da Mansão Bly | Tudo o que sabemos sobre a 2ª temporada.
