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Crítica | Nós prova que Jordan Peele é mestre na mistura de terror com crítica social

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Jordan Peele era mais ou menos conhecido pelas comédias, até que sua carreira deu uma virada após escrever e dirigir o terror recheado de críticas sociais Corra!, filme que garantiu a ele um Oscar de Melhor Roteiro Original.

Com Corra!, Peele desenvolveu um conto de sobrevivência que também tinha muito a dizer sobre questões raciais. Muitos dos fãs do gênero de terror não consideraram Corra! assustador o suficiente, mas certamente não poderão se queixar de Nós nesse aspecto. Em Nós, o diretor diz muito sobre dualidade e privilégios de forma aterrorizante – mas também emocionante e muitas vezes engraçada.

Nós conta a história de Adelaide Wilson (Lupita Nyong’o), que viaja com marido Gabe (Winston Duke) e os filhos Jason (Evan Alex) e Zora (Shahadi Wright Joseph) para a casa de verão onde passou boa parte de sua infância. A viagem, planejada para ser um descanso, subitamente se transforma em um pesadelo quando um trauma inexplicável volta a assombrar Adelaide. Quando garota, Adelaide fugiu de seus pais por alguns minutos e foi parar em um brinquedo cheio de espelhos, onde encontrou algo mais assustador do que seu próprio reflexo.

Toda a paranoia e medo gerados pelo aconteceu naquele calçadão quando ela era criança retorna quando Adelaide volta para Santa Cruz com sua família. As paranoias são justificadas, já que a família é atacada por um terrível e improvável adversário: eles mesmos – em versões bizarras de macacão vermelho e com tesouras nas mãos. Quem são essas cópias dos protagonistas e o que eles são vai sendo mostrado aos poucos ao longo do filme.

Desde o início do filme, tudo é pensado para ser ameaçador e assustador, desde a trilha sonora, até os ângulos de câmera que deixaram até mesmo cenas de um parque de diversões extremamente tensas. Mas a direção meticulosa e o roteiro pontual de Peele não seriam o suficiente para tornar Nós um bom filme sem o forte elenco reunido para a família protagonista. Destaque para Lupita Nyong’o (Pantera Negra) que está incrível tanto no papel de Adelaide, como de sua cópia assustadora Red – ela consegue dar personalidades distintas as duas, mesmo elas sendo de certa forma a mesma pessoa.

Ao contrário de Corra! que tinha uma metáfora central no filme, Nós deixa tudo em aberto para que o espectador interprete como quiser, mas apresenta temas como identidade social, privilégio, dualidade, trauma e o fato de sermos nossos próprios inimigos.

Jordan Peele conseguiu criar um novo tipo de terror, consolidado por Nós e levando o diretor e roteirista ao status de um dos mais inovadores da nova geração.

Nós já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

5

Excelente

Jordan Peele conseguiu criar um novo tipo de terror, consolidado por Nós e levando o diretor e roteirista ao status de um dos mais inovadores da nova geração.