Crítica | 12 Heróis é uma adição positiva aos filmes de guerra norte-americanos

Quando lemos a premissa de 12 Heróis, não há como não pensar em um possível Dejá-Vu. A história de um grupo de soldados, indo a guerra sem ter a certeza de voltar, pode descrever dezenas de filmes. Tive receio de estar diante de mais uma produção patriota norte-americana, e quanto a isso não estava errada. Entretanto, o longa estrelado por Chris Hemsworth pode não ser o melhor do gênero, mas certamente está entre os bons.

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O Filme

Baseada em uma história real, a trama acompanha a primeira equipe das Forças Especiais a entrar no Afeganistão após o 11 de setembro. O Capitão Mitch Nelson estava de licença quando a tragédia aconteceu, mas resolveu voltar mais cedo após ver o atentado na televisão. Tendo aberto mão do antigo cargo pela família, muito insistiu para tê-lo de volta. Por nunca ter ido a guerra, Nelson era a última opção do Coronel Bowers. Após um discurso motivacional, porém, ele consegue a missão e embarca com mais 11 soldados para o Afeganistão. A missão do grupo era simples: destruir o Talibã e os aliados da Al-Qaeda. Para isso, Mitch e sua equipe precisariam convencer o general Dostum, da Aliança do Norte, que seriam bons aliados contra o inimigo em comum.

O grupo era formado majoritariamente por afegãos, e tê-los ao lado significaria dispor de amplo conhecimento do território, dos armamentos e das estratégias do adversário. Obviamente, a parceria não poderia ser algo simples de se formar. A desconfiança mútua protagoniza o relacionamento desde o princípio, além de muitas diferenças culturais. Quando os afegãos chegam montados em cavalos, Mitch não vê como eles podem sair vitoriosos contra os tanques do Talibã. Juntos, americanos e afegãos aprendem não apenas com a guerra, mas também uns com os outros. E o resultado disso pode ser facilmente encontrado em diversos sites na internet nos dias de hoje.

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O Que Achamos?

Apesar do patriotismo exacerbado, 12 Heróis conta uma história que realmente aconteceu. O fato do filme contar com um diretor dinamarquês, Nicolai Fuglsig, talvez o tenha salvo de ser “mais do mesmo”. Outro ponto que chama a atenção, é a imagem que se constrói em cima dos aliados. O filme deixa bem claro que sem Dostum e seu exército, os 12 soldados não teriam voltado vivos. Apesar do conflito entre americanos e afegãos, Fuglsig deu o devido valor aos estrangeiros. E por falar neles, o papel do protagonista é ocupado por um australiano. Pode não ter sido a intenção do diretor, mas ao usar “não-americanos” nos papéis principais, acabou fazendo uma crítica ao atual presidente do país, ainda mais quando foram escalados para contar um episódio marcante na história dos Estados Unidos. Isso torna 12 Heróis ainda mais especial.

Alguns nomes merecem ser mencionados. Dentre os soldados, Michael Peña, Trevante Rhodes e Michael Shannon são os grandes destaques. Por meio de piadas e momentos de descontração, ajudam a dar um toque mais humano ao ambiente pesado da guerra. Navid Negahban interpreta o General Dostum, e é uma das melhores atuações de 12 Heróis. Os diálogos entre ele e Mitch estão entre os pontos altos do longa. Chris Hemsworth atua ao lado da esposa, Elsa Pataky, que é também seu par romântico no filme. Ele encara o desafio de viver o protagonista, e pode-se dizer que é um dos melhores trabalhos de sua carreira.

Em suma, 12 Heróis tinha tudo para ser apenas mais um filme de guerra norte-americano. Com o trabalho do diretor Nicolai Fuglsig, conseguiu desenvolver alguns momentos de originalidade que o destacam. Baseado no livro de Doug Stanton, o longa conta uma história desconhecida para muitos. Certamente vale a pena ser visto!

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  • Muito Bom
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