A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes | Crítica

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A matéria a seguir pode conter spoilers de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.

O ano é 2023 e milhares de fãs voltam a esperar ansiosamente por um lançamento de Suzanne Collins nos cinemas. Dessa vez, conheceremos a criação dos Jogos Vorazes, os responsáveis pela carnificina que vemos anos depois e todas as consequências que levaram Coriolanus Snow a se tornar o monstro que vemos anos depois.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes nos apresenta uma Panem diferente, muito menos modernizada e tecnológica, muito mais destruída e com resquícios da guerra. A trama é ambientada 64 anos antes de Katniss, onde a ascensão de Coriolanus Snow (Tom Blyth) como presidente de Panem está apenas começando. Ele mora com Tigris (Hunter Schafer) e com sua avó em uma situação de quase miséria, esperando conquistar um grande prêmio em dinheiro para tirar sua família da lama.

A história

O filme começa a tomar forma quando o Reitor Casca Highbottom (Peter Dinklage) anuncia que o prêmio não será entregue naquele ano e ao invés de avaliar suas notas, a Capital irá analisar os estudantes que mais se destacaram como mentores dos tributos da próxima edição dos Jogo. A audiência diante do público está baixa e uma competição mergulhada em sangue e sacrifício parece ser a melhor opção.

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Para funcionar, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes nos transporta para o universo de Katniss em pequenos detalhes, como tordos, pássaros conhecidos e espécies de batatas com nomes nada comuns. A tributo escolhida para ser de Coriolanus é uma mulher do Distrito 12, tal como a personagem de Jennifer Lawrence. E Lucy Gray Baird (Rachel Zegler) não poderia ser mais diferente da protagonista da saga original.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

Francis Lawrence foi escolhido para dirigir o novo filme após o sucesso de Em Chamas, segundo capítulo da franquia Jogos Vorazes. Usando todo o tempo em tela disponível (e possível), afinal estamos falando de um livro com quase 600 páginas, ele nos guia por uma trama recheada de mistérios, traições, artimanhas mirabolantes, vingança e todas as formas de amor.

Lawrence trouxe uma versão de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes muito similar a que vemos no livro, até mesmo nos pontos negativos. A trama se desenvolve seguindo o mesmo ritmo da história de Suzanne Collins, com o primeiro arco sendo o mais extenso, o segundo o mais frenético e o terceiro o mais corrido, precisando de mais detalhes para fazer sentido.

Os Protagonistas

Embora não seja necessário nos apresentar Panem, são os personagens aqui que precisam de destaque para a história fazer sentido. Zegler e Blyth conseguem segurar o protagonismo e entregar aquilo que o filme precisa, um casal adorável e digno de torcida do público, mas que após uma grande reviravolta se revela problemático e impossível.

Blyth cria sua própria versão de Snow, sem esquecer tudo aquilo que Donald Sutherland entregou na quadrilogia original. Dependia de Blyth o sucesso do filme, criado para nos contar como Snow foi de um menino preocupado com a família e com os amigos para um homem sem escrúpulos capaz de matar crianças. E o papel de Zegler em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é exatamente nos guiar por essa transformação.

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E por falar dela, temos aqui uma joia preciosa nas mãos de Hollywood. Com uma voz invejável e digna de um show a parte, Rachel encarna Lucy Gray com maestria, sendo um alívio colorido diante dos tons de cinza de Snow. Os dois se completam e a química entre eles é a força motriz do longa.

O elenco

Por fim, não há como não mencionar outros grandes nomes do elenco, começando pelo maior deles: Viola Davis. No papel da grande vilã do filme, a Dra. Volumnia Gaul, ela se revela muito mais do que apenas a idealizadora da 10ª edição dos Jogos, mas uma mulher cruel e preconceituosa, disposta a tudo para manter os Distritos longe da Capital. Sua frieza é de gelar os ossos, principalmente quando entendemos a dimensão de sua relação com Snow.

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Peter Dinklage poderia ter mais tempo em tela, pois traz um dos personagens mais densos da história. O nome Casca Highbottom não poderia ser mais propício para seu personagem, que não deixa transparecer os sentimentos e preocupações dentro de si. De início, pensamos ser ele o grande antagonista, mas diante da monstruosidade de Viola Davis, somos capazes de sentir pena de Casca.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é cereja no bolo de Jogos Vorazes que não sabíamos que precisávamos. Apesar de um filme extremamente longo, o talento de seu diretor e de seu elenco estimulam o público a ficar com os olhos vidrados na tela até o último ecoar do tordo (sim, ele também está por lá).

4

ÓTIMO

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é cereja no bolo de Jogos Vorazes que não sabíamos que precisávamos. Apesar de um filme extremamente longo, o talento de seu diretor e de seu elenco estimulam o público a ficar com os olhos vidrados na tela até o último ecoar do tordo (sim, ele também está por lá).