Sandman - Primeira temporada | Crítica Sandman - Primeira temporada | Crítica

Sandman – Primeira temporada | Crítica

Divulgação/Netflix © 2022

Foi um longo caminho para Sandman, clássico absoluto de Neil Gaiman, ganhar uma adaptação. Foram inúmeras tentativas, seja para Cinema e TV, mas sem um consenso do tom ideal para transformar uma das histórias mais incríveis em live-action.

Sandman - Primeira temporada | Crítica

34 anos depois do lançamento da primeira edição, Sandman chega ao streaming da Netflix com a supervisão de Neil Gaiman, que sempre tranquilizou os fãs sobre o que estava sendo feito, além de assumir um cargo de produtor e estar presente durante todo o processo criativo. O resultado é uma primeira temporada que segue fielmente à essência do que vimos nos quadrinhos, tomando algumas liberdades criativas. Os 10 episódios apresentam todos os elementos para aliviar os fãs da HQ e fisgar aqueles que não conhecem a obra original.

A primeira temporada adapta os dois primeiros arcos de Neil Gaiman, Sam Kieth e Mike Dringenberg criado nos anos 1980: Prelúdios e Noturnos e Casa de Bonecas. Na trama, Sonho (Tom Sturridge) é capturado e fica preso por um século, e sua ausência desencadeia uma série de consequências tanto no mundo dos sonhos quanto no mundo desperto. Para restabelecer a ordem, ele precisa cruzar diferentes mundos e linhas do tempo para consertar os erros de sua longa existência, encontrando pelo caminho velhos amigos e inimigos, e também conhecendo novas figuras – cósmicas e humanas.

Os primeiros minutos da série causam uma certa estranheza, no bom e mal sentido. Com os olhos se acostumando com todo o universo de Gaiman ganhando vida, é notório ver o cuidado de David S. Goyer (Batman Despertar) e Allan Heinberg (Mulher-Maravilha) de manter a essência do que está nos quadrinhos, com diálogos e o visual dos personagens deveras semelhante.

Tom Sturridge causa estranheza com o tom de voz que deu para Sonho, lembrando um pouco o Batman de Christian Bale. Porém, a voz rouca se torna comum e sua atuação faz acreditar que Morpheus saiu das páginas de Neil Gaiman.

A série toma algumas liberdades para aprofundar o que fica em aberto nas HQ’s. Coríntio (Boyd Holbrook), Lúcifer (Gwendoline Christie) e Desejo (Mason Alexander Park) são os grandes antagonistas desta temporada, enquanto o corvo Matthew (Patton Oswalt) e a bibliotecára Lucienne (Vivienne Acheampong) ganham mais espaço e se tornam aliados de Sonho.

Alguns episódios são emblemáticos como a história de John Dee, interpretado pelo ótimo David Thewlis. Toda a narrativa é bem construída e angustiante quanto o original. O desfecho é de encher os olhos.

Porém, o episódio que deve estar entre os favoritos é com a participação da Morte, interpretada de forma brilhante por Kirby Howell-Baptiste. Assim como na história em quadrinhos, sua performance como a Morte traz a mesma força, doçura e fascínio pela vida dos humanos. É um episódio para refletir e refletir durante dias.

A adaptação da Casa de Bonecas sofre com um claro problema de ritmo. São episódios inconstantes com conclusões relativamente apressadas para encerrar o arco e preparar o público para a próxima temporada. Junte-se isso ao CGI que deixa a desejar em muitos capítulos, oscilando entre criaturas fantásticas belíssimas com cenários digitais claramente artificiais.

Além disso, Sandman poderia ser maior do que já é se a Netflix mudasse sua forma de promover suas séries. Liberar todos os episódios motiva o público a maratonar para fugir dos spoilers. Assim, fica difícil o espectador refletir sobre o significado de cada história.

A primeira temporada de Sandman traz uma sensação de alívio por corresponder boa parte das expectativas. Com um elenco inspirado e uma narrativa que respeita ao máximo a obra original, a série tem tudo para se tornar um dos grandes feitos da Netflix nos próximos anos.

https://www.youtube.com/watch?v=fUg4xE-7LyM&t=28s

4

ÓTIMO

A primeira temporada de Sandman traz uma sensação de alívio por corresponder boa parte das expectativas. Com um elenco inspirado e uma narrativa que respeita ao máximo a obra original, a série tem tudo para se tornar um dos grandes feitos da Netflix nos próximos anos.