Adão Negro | Crítica Adão Negro | Crítica

Adão Negro | Crítica

Divulgação/Warner Bros.

15 anos atrás The Rock era escalado para interpretar Adão Negro, personagem dos sonhos do ator, mas não da Warner Bros., que naquela época não acreditava que ele seria capaz de interpretar um personagem importante do universo DC. Vale lembrar que no começo dos anos 2000, The Rock era um ex-lutador tentando seguir a carreira de ator. Hoje, ele é um dos atores mais rentáveis de Hollywood e utilizou muito bem sua popularidade para tirar Adão Negro do papel após longos anos de negociação.

Adão Negro | Crítica

Previamente planejado para ser o vilão do filme Shazam! (2019), Adão Negro ganhou seu próprio filme com a produção de Dwayne Johnson e a promessa de trazer mudanças na hierarquia de poder no universo DC. Mas será que conseguiu? A resposta é em parte.

Na trama, quase 5.000 anos após ter sido agraciado com os poderes onipotentes dos deuses antigos – e aprisionado logo depois – Adão Negro (Dwayne Johnson) é libertado de sua tumba terrena, pronto para levar ao mundo moderno sua forma singular de justiça.

O longa aborda alguns elementos das HQ’s, explorando a escravidão do protagonista que ganhou poderes mágicos no país fictício Kahndaq. Voltando ao presente, o país segue sendo controlado, agora por um grupo intitulado Intergangue. O roteiro de Adam Sztykiel e Rory Haines & Sohrab Noshirvani não tem rodeios e rapidamente introduz o personagem durante uma clássica cena de caça ao tesouro. Sarah Shahi vive Adrianna, uma explorada meio Lara Croft que desvenda o mistério de Teth-Adam e o renascimento de um ser superpoderoso atrai a atenção da Sociedade da Justiça, um grupo de heróis formado por Gavião Negro (Aldis Hodge), Senhor Destino (Pierce Brosnan), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Ciclone (Quintessa Swindell).

Adão Negro está longe de ser um filme com grandes ambições, se rendendo em fazer o básico e explorar a potência The Rock, que entrega aquilo que se espera. Muita força bruta, frases de efeito e a satisfação de interpretar o papel dos sonhos. O ator, inteligente que só ele, cuida para que Teth-Adam não seja um vilão (apesar de matar geral), mas um anti-herói que aos poucos compreende as motivações de Kahndaq e as lições da Socidade da Justiça, principalmente do Gavião Negro e Senhor Destino.

É um filme que divide suas atenções para seu protagonista e para Sociedade da Justiça, que pela primeira vez ganha corpo no cinema. Pensado ou não, o grupo não tem sua origem contada, só algumas piscadelas (talvez visando um filme ou série de origem), mas é um barato ver a equipe reunida e unindo seus poderes para enfrentar Adão Negro.

Até aí, o filme vai muito bem e obrigado. O problema está quando a direção de Jaume Collet-Serra volta a atenção para coadjuvantes, com um deles fazendo todo o possível para estragar a experiência do filme. Para humanizar a figura de Adão Negro, Serra seguiu o grande clichê de filmes do gênero escalando uma criança para ser o responsável em apresentar o novo mundo para o protagonista. O problema está que o garoto, fã da Liga da Justiça, é irritante ao extremo e responsável por cenas vexatórias. Uma tentativa frustrada de repetir a relação entre Edward Furlong e Arnold Schwarzenegger no filme O Exterminador do Futuro 2.

O filme no terceiro ato só decai com a presença da grande ameaça, o demônio Sabbac, apresentado nos últimos trailers. O vilão é tão caricato e descartável quanto o Lobo da Estepe de Liga da Justiça (2017). Está ali apenas para justificar que Adão Negro é indispensável para enfrenta-lo.

O ponto alto está nas sequências de luta e nos efeitos visuais, muito bem empregados. Destaque para Sociedade da Justiça vs Adão Negro, que parece ter saído das páginas dos quadrinhos. Outro ponto importante é o paralelo entre Kandahq do filme e o Iraque do mundo real sobre as políticas intervencionistas dos EUA.

Sobre o futuro da DC, Adão Negro apenas aproveita o que está estabelecido, com a presença de algumas figuras conhecidas como Amanda Waller (Viola Davis). Porém, é evidente que o longa faz parte do mesmo universo de Liga da Justiça de 2017.

Adão Negro entrega aquilo que The Rock prometeu. Um filme grandioso, divertido e carregado pelo seu carisma. Mesmo sem grandes ambições, foi uma mudança bem-vinda no bagunçado universo DC.

Ps.: O filme tem uma importante cena pós-créditos com a promessa de The Rock sendo cumprida. 

3

BOM

Adão Negro entrega aquilo que The Rock prometeu. Um filme grandioso, divertido e carregado pelo seu carisma. Mesmo sem grandes ambições, foi uma mudança bem-vinda no bagunçado universo DC.