Sandman - Fábulas e Reflexões Sandman - Fábulas e Reflexões

Ler é Bom Vai | Sandman – Fábulas e Reflexões, por Neil Gaiman

Fábulas e Reflexões é mais uma série de histórias independentes em Sandman. Sonho se torna novamente um coadjuvante de luxo em uma série de contos que falam sobre os sonhos. Esses episódios tem um desenhistas diferentes e estilos muito próprios em cada história, todas com roteiro de Neil Gaiman.

A saga Fábulas e Reflexões vai das edições 29 a 31, e depois 38 a 40, a edição 50, mais os especiais Sandman Special #1 e Vertigo Preview #1. É quase sequência de Terra dos Sonhos.

Capa de 30 anos de aniversário desse arco

Lady Johanna Constantine é a estrela de “Termidor” (Sandman #29, de agosto de 1991, com arte de Stan Woch), que se passa durante o Terror da Revolução Francesa. Inclusive com Saint Just e Robespierre como vilões. Morfeu precisa resgatar a cabeça de Orfeu, mas como não pode ser visto nessa situação, contrata Johanna (que vimos em “Homens de boa fortuna“, no arco Casa de Bonecas) para resgatá-lo. Durante a história, descobrimos que Orfeu é filho do Sandman.

Augustus (Sandman #30, de setembro de 1991, com arte de Bryan Talbot) vamos para o Império Romano e os dias do imperador Augusto, que junto do anão Lícius, decide passar um dia como mendigo em seu reino. O imperador idoso fala sobre o reino, fala sobre seu tio, Julio Cesar, e sobre o futuro dos romanos. E como ele está trabalhando nesse sentido.

Sabemos que Morfeu evita entrar em disputas e jogos com sua família, enquanto os irmãos menores Desejo, Desespero e Delírio adoram isso. Mas isso muda em “Três setembros e um janeiro” (Sandman #31, outubro de 1991, com arte de Shawn McManus) quando Desespero decide chamar Sandman para disputar Joshua, um homem cogitando o suicídio. A esse homem é dado um sonho, ser o imperador dos Estados Unidos. E os três outros perpétuos tentam ganhar a alma dele. Um lindo conto, que revela um pouco das rusgas entre a família.

Vamos para a mitológica Grécia, em “A canção de Orfeu” (Sandman Special #1: The song of Orpheus, novembro de 1991, com arte de Bryan Talbot), onde vamos saber o que aconteceu com Orfeu, porque ele é apenas uma cabeça. Ele é filho de Sonho com sua antiga esposa Calíope (que apareceu em Terra dos Sonhos), personagem de um conhecido mito grego. A sua jovem esposa morre e ele vai até o Hades buscá-la, sem sucesso. Destaque de todos os perpétuos, pela primeira vez reúnidos. Juntos com o irmão desaparecido, um ruivo que usa uma armadura completa, agradável e preocupado com seu sobrinho.

Um conto sobre o leste europeu. Esse é “A Caçada” (Sandman #38, de junho de 1992, com arte de Duncan Eagleson), em que o jovem camponês Vassily conhece uma cigana e se apaixona pela filha do duque. E sai em uma jornada. Só que nem tudo é o que parece, principalmente o nosso herói, um membro do “povo”. O bibliotecário Lucius (ainda de Prelúdios e Noturnos) é o mesmo do Reino do Sonhar que aparece nessa história. Gaiman aqui mostra como sabe escrever bem folclore, com vários elementos que remetem até mesmo a Hellboy.

Outro salto histórico, agora acompanhamos um jovem Marco Polo perdido em “Lugares Maleáveis” (Sandman #39, julho de 1992, com arte de John Watkins). Ele encontra Rustichello de Pisa, que vai conhecer no futuro, e amos se sentam com o Verde do Violino (que apareceu em Casa de Bonecas) e contam histórias. E entendem sobre a natureza dos sonhos e do mundo, que as coisas são como acreditamos que elas sejam, menos do que como são em um mapa mesmo. Sandman aparece ainda bem fraco, logo depois de se libertar em Prelúdios e Noturnos.

Nessa história sem o Sandman, mas com diversos outros personagens do Reino dos Sonhos, “O parlamento das gralhas” (Sandman #40, agosto de 1992, com arte de Jill Thompson), vemos Caim, Abel, Eva e o corvo Matthew se reunirem para contar histórias. Cada um deles tem uma história diferente para contar. Junto deles está o menino Daniel, que vai ser fundamental no futuro da história.

O autor e diretor de uma peça de teatro está apavorado. Pronto para desistir de tudo. Isso é “Medo de cair” (Vertigo Preview #, de janeiro de 1993, com arte de Kent Williams), um conto bem curto com o Sonho sobre decisões e medo de fracassar.

Outro salto temporal e na dinâmica, vamos a mágica e exótica Bagda em “Ramadã” (Sandman #50, junho de 1993, com arte de P. Craig Russell). O sultão Al Raschid está inquieto. Ele mora na maior e mais perfeita cidade do mundo, a qual nunca vai existir algo igual. Mas existe uma sombra em seu coração. Ele vai chamar o Sonho, e vai oferecer uma barganha.

O legado de Fábulas e Reflexões

Apesar de quase sem conexão entre si e com a história principal, muitos plots importantes são revelados nesse arco. Entendemos melhor a família dos perpétuos. Suas rivalidades. Conhecemos a Desespero original, e o misterioso Destruição. O ódio ainda não explicado de Desejo pelo Sonho. Orfeu e sua queda.

Sandman, como sempre deixamos claro, é uma história sobre histórias. Fábulas e Reflexões foi uma oportunidade para Neil Gaiman brincar com qualquer história que ele quisesse. Tempos e folclores diferentes, vários já foram visitados. E assim vai ir até o final.