As aventuras de Morpheus, senhor dos Sonhos, continua em Sandman – Terra dos Sonhos. Saem as tramas elaboradas, que envolvem uma longa estória, entram episódios curtos, que servem para tornar o universo de Sandman ainda mais profundo. O roteiro, claro, segue nas mãos de Neil Gaiman. Estão reunidas as edições 17-20 da revista Sandman.
Diferente dos arcos anteriores, Prelúdios e Noturnos e Casa de Bonecas, Terra dos Sonhos é bastante curto e as tramas não apresentam ligação entre si. Casa de Bonecas já havia inaugurado histórias para preencher espaço durante a trama, provavelmente devido a atrasos.
Terra dos Sonhos começa com “Calíope”, desenhada por Kelley Jones, e arte-final de Malcolm Jones III. Um escritor está sofrendo de bloqueio criativo e pede ajuda a um velho mestre. O velho o dá de presente Calíope, uma das musas gregas. O escritor começa a estuprá-la, e com isso tem ideias cada vez melhores, o que faz sua fama subir cada vez mais.
A clássica “Um Sonho de Mil Gatos” tem a mesma equipe criativa. Uma velha gata conta aos filhotes uma história de quando era jovem e viajou até os confins dos reinos do sonho para descobrir um segredo terrível. Ela é toda narrada da perspectiva dos gatos, com quase nenhum humano aparecendo.
A arte de Charles Vess nos traz “Sonhos de Uma Noite de Verão“, que ganhou o prêmio World Fantasy Award de melhor história curta. William Shakespeare fez um acordo com o Sonho, e em troca de seu talento, vai precisar apresentar duas peças. A primeira é Sonhos de Uma Noite de Verão, para uma platéia muito especial.
Terra dos Sonhos termina com “Fachada”, com desenho de Colleen Doran e arte-final de Malcolm Jones III. Conhecemos Rachel, uma metamorfa. Ela fica o tempo todo trancada, e está sofrendo de depressão profunda. Tudo que ela quer é morrer, e vai receber uma visitinha.
O legado de Terra dos Sonhos
O processo que começou em Casa de Bonecas continua. Cada vez menos Neil Gaiman se importa em contar uma história coesa sobre seu personagem principal. Semelhante ao que acontecera antes com o Spirit, de Will Eisner, o protagonista é muitas vezes um coadjuvante que mal aparece na história. Ou talvez nem apareça.
O que importa, para Neil Gaiman, é contar uma história sobre histórias. Sobre esse mundo fantástico que ele criou, e essas entidades, os Perpétuos. Ainda assim, esse arco é fundamental para o entendimento total da obra, porque ele terá repercussões mais para frente.