“Notícias do Fuça-Radioativa – Capítulo Dois” (The Saga of the Swamp Thing #36, maio de 1985) segue rumo ao seu desfecho, mudando bastante a Saga do Monstro do Pântano e abrindo espaço para um novo tipo de história, que será contada mais daqui por diante. O roteiro é de Alan Moore, com arte de Stephen Bissette e John Totleben.
O Monstro do Pântano perdeu seu duelo contra o Fuça-Radioativa, em Notícias do Fuça-Radioativa – Capítulo Um, se é que podemos chamar o encontro deles de confronto. Ao invés de seguir o caminho óbvio, preparando os dois para mais um confronto, o que Alan Moore faz é mostrar a sequência desta história e as consequências para os personagens.
Para o Monstro do Pântano, com seu corpo atacado por lixo tóxico, o único resultado possível é a morte. Abigail o encontra e eles conversam antes dele morrer. Ele deixa claro que vai tentar enviar sua mente ao “verde”, coisa que faz desde “Empantanado“. Ele pensa que é uma planta, pode crescer de novo. Ou assim ele torce.
Wallace, funcionário da empresa que joga lixo tóxico no pântano, investiga as aparições do Fuça-Radioativa na cidade. O problema é que sua esposa Treasure desaparece, e depois da caçada, ele tem uma terrível surpresa ao encontrá-la.
O último personagem a ter seu ponto de vista contato é o do próprio Fuça-Radioativa. A maneira quase insana e despreocupada que ele encara a vida, indo de lugar em lugar apenas atrás de sua bebida. Nada faz sentido, mas cria uma aura de ameaça para o personagem.
O legado de “Notícias do Fuça-Radioativa – Capítulo Dois”
O Monstro do Pântano aparece quase nada nesta história. Sua única função é refletir sobre a destruição que a natureza está sofrendo devido à poluição, e depois morrer, como avatar da natureza atacado pelas forças da poluição, cujo avatar é o Fuça-Radioativa.
Contando as preocupação e a maneira quase ingênua que as pessoas ao redor lidam com a situação foi a maneira de Alan Moore mostrar como o mundo ignorava os perigos da radiação e poluição nos anos 1980. Felizmente já passamos deste ponto hoje em dia, ou pelo menos deveríamos ter passado.
O próprio Fuça-Radioativa é uma crítica as pessoas que estão tão preocupadas com seu próprio prazer que detrimento do que a realidade os apresenta. Um homem tão dominado pela bebida que consome lixo tóxico. Independente de seu atual estado de insanidade ser anterior à transformação, é quase inverossímil. Ainda assim, é um exemplo do americano médio, alheio ao mundo se conseguir satisfazer seus desejos.
Alan Moore não demonstrava medo de abordar todo tipo de assunto e fazer uma ácida critica social, e livre das amarras do código do Comics Authority, desde “Amor e morte“, ele partiu a uma extensa análise da alma americana. Na próxima edição começa a saga do Gótico Americano, pedra fundamental para a criação dos quadrinhos da Vertigo.
Próxima edição: Padrões de crescimento