Ler é Bom, Vai! Blade: A Lâmina do Imortal – Vol. 2

Jornada de vingança que se torna cada vez mais complexa e moralmente ambígua

Blade – A Lâmina do Imortal – Vol. 02, da nova edição da JBC, continua a trilha sanguinária e emocionalmente devastadora do samurai imortal Manji e de sua jovem protegida, Rin, em uma jornada de vingança que se torna cada vez mais complexa e moralmente ambígua. Neste volume, a história aprofunda os conflitos internos dos personagens e coloca a ideia de vingança em um novo patamar, trazendo à tona questionamentos que ressoam profundamente em quem acompanha essa narrativa visceral.

Ler é Bom, Vai! Blade: A Lâmina do Imortal – Vol. 2

Desde o primeiro volume, somos confrontados com a ideia de que a vingança é um caminho sem volta, uma estrada sombria que corrói a alma de quem a busca. Em Blade – A Lâmina do Imortal – Vol. 02, essa temática é explorada com ainda mais intensidade, à medida que Rin começa a perceber as nuances dessa jornada. O desejo de vingar os pais, brutalmente assassinados por Kagehisa Anotsu e seu grupo Itto-ryu, é o que move a jovem, mas, conforme a história avança, Rin é confrontada com dilemas morais que a fazem questionar sua própria humanidade. O que a separa, afinal, dos assassinos que ela tanto despreza? Em que ponto sua sede de vingança a transformará em algo que ela jurou destruir?

A relação entre Manji e Rin também é profundamente explorada neste volume. O que começou como uma aliança de conveniência, onde Manji aceita proteger Rin em troca de sua busca por redenção, evolui para uma relação quase fraternal. Manji, que inicialmente vê Rin apenas como uma carga, aos poucos se afeiçoa à garota, enxergando nela uma força e uma determinação que, de certa forma, espelham sua própria luta interna. Essa dinâmica é um dos pontos altos do volume, mostrando como a proximidade de ambos os personagens os transforma, criando laços que vão além do simples desejo de vingança.

O segundo volume também nos presenteia com a introdução de dois personagens marcantes do Itto-ryu: Makie e Araya. Araya é responsável por uma das tragédias mais dolorosas na vida de Rin, e sua presença neste volume traz à tona feridas antigas, reforçando o peso da vingança que Rin carrega. Já Makie, com sua história de vida trágica, se destaca como uma das personagens mais complexas da narrativa. Sua jornada é marcada por dor, sacrifício e uma profunda melancolia, que a coloca em um papel ambíguo dentro do enredo. Makie não é apenas uma guerreira formidável; ela é uma figura trágica, presa entre seus próprios demônios e as expectativas de um mundo cruel.

A arte de Hiroaki Samura continua a ser um espetáculo à parte. As cenas de combate, coreografadas com uma maestria impressionante, são ao mesmo tempo brutais e poeticamente belas. Samura sabe como ninguém criar momentos de tensão e reviravoltas que deixam o leitor à beira do assento, ansioso pelo desenlace de cada batalha. Mas é nos detalhes, nas expressões dos personagens e nos cenários meticulosamente desenhados, que a arte de Samura realmente brilha, conferindo à história uma profundidade visual que complementa a narrativa complexa.

Por fim, o grande mérito de Blade – A Lâmina do Imortal – Vol. 02 reside na maneira como ele coloca Rin no centro de uma encruzilhada moral. Ela está cada vez mais imersa em sua busca por vingança, mas as consequências de seus atos começam a se manifestar de maneiras inesperadas. O final deste volume, carregado de tensão e incerteza, deixa o leitor com um gosto amargo de antecipação, aguardando com ansiedade o que o futuro reserva para Rin e Manji. O volume 3 promete ser uma continuação de tirar o fôlego, e certamente será mais uma obra a ser dissecada por aqui.