Crítica | A Guerra dos Sexos mostra um importante lado do feminismo

Emma Stone está, definitivamente, na melhor fase de sua carreira. Após ganhar o Oscar de Melhor Atriz por La La Land, a atriz retorna aos cinemas para mais uma produção emblemática e significativa, dessa vez sobre os direitos da mulher no mundo do tênis. A Guerra dos Sexos retrata o episódio homônimo que ocorreu nos Estados Unidos nos anos 70, envolvendo mulheres tenistas e uma população predominantemente machista.

“Os homens” eram representados pelo porco chauvinista Bobby Riggs, um ex-campeão de Wimbledon e do US Open, disposto a qualquer tipo de coisa para voltar a ter fama e dinheiro. O charlatão era famoso por suas apostas e pelas alfinetadas que dava na mídia, não se importando com os efeitos que suas opiniões poderiam vir a ter. Do outro lado estava Billie Jean King (o mesmo nome do USTA Billie Jean King National Tennis Center, complexo onde é disputado o US Open hoje em dia), uma das melhores tenistas de seu tempo, disposta a lutar ao lado de suas companheiras de equipe por um maior reconhecimento no esporte, principalmente quando uma premiação oito vezes menor é oferecida às mulheres em uma competição…apenas por serem mulheres.

Após o enorme sucesso de Estrelas Além do Tempo no último ano, chegou a vez do papel da mulher nos esportes ser evidenciado, visto que até hoje a diferença entre os salários é exorbitante. Steve Carell assume o papel de Riggs e o interpreta com perfeição, dando o ar irônico, mas revoltante que o personagem tem. Através de argumentações sem sentido e machistas, Riggs conseguiu a atenção da mídia, mas o tiro saiu pela culatra. Após vencer Margaret Court, o ex-tenista acreditou que poderia derrotar qualquer jogadora do sexo oposto e apostou 100 mil dólares contra Billie Jean King. Motivada a provar o valor e a capacidade das mulheres, a jogadora acabou com toda a marra de Riggs, emplacando 3 sets a 0. Acredita-se que desde o evento ocorreu um aumento da participação do sexo feminino em todos os esportes, no serviço militar e em diversos outros serviços dominados pelos homens.

Divulgação

Já sendo cotada para uma nova indicação ao Oscar, Stone está muito bem no papel de Billie Jean, mas não sei se o suficiente para levá-la a ganhar a estatueta pela segunda vez seguida. No longa é possível se comprovar, mais uma vez, o quão versátil a atriz é, tendo interpretado personagens extremamente divergentes recentemente – com igual virtuosidade. Com uma graciosidade nos trejeitos, Emma entrega ao público uma versão adorável da tenista, que apesar de estar se descobrindo, está muito segura de seus ideais. Sarah Silverman é outro destaque feminino do elenco, vivendo a empresária desbocada e orgulhosa de suas atletas, determinada a enfrentar o que aparecer pela frente para que as mesmas sejam devidamente valorizadas.

Steve Carell não poderia estar vivendo um personagem diferente, bem dentro da sua zona de conforto. Falastrão e cheio de posicionamentos malandros, Riggs dá boa parte do tom de comédia do longa, mesmo que suas piadas provoquem a ira de muitas mulheres – vale lembrar que a maior parte do mundo pensava igual a ele nessa época. Os diálogos travados entre ele e Billie Jean são memoráveis, beirando até mesmo o absurdo pelos argumentos utilizados por Riggs. O contraste entre a seriedade de King e as confusões de Bobby se encaixam perfeitamente a figura central que ambos interpretam.

Mesmo que seus protagonistas não recebam indicações ao Oscar, o filme por sua vez, tem tudo para ganhar indicações para a premiação, seja por sua mensagem central ou pela maneira como tudo foi desenvolvido. Diferente do que estamos acostumados, o longa é uma forma de comédia educativa, utilizando-se dos atributos machistas para geral um sentimento de revolta e surrealismo no espectador. Chega a ser cômico imaginar que um dia muitos pensaram como Bobby Riggs, e mais ainda ao lembrarmos quantos ainda pensam. A Guerra dos Sexos chega aos cinemas no próximo dia 19 de outubro.

 

  • Muito Bom
4

Resumo

A Guerra dos Sexos retrata o episódio homônimo que ocorreu nos Estados Unidos nos anos 70, envolvendo mulheres tenistas e uma população predominantemente machista. Mesmo que seus protagonistas não recebam indicações ao Oscar, o filme por sua vez, tem tudo para ganhar indicações para a premiação, seja por sua mensagem central ou pela maneira como tudo foi desenvolvido. Diferente do que estamos acostumados, o longa é uma forma de comédia educativa, utilizando-se dos atributos machistas para geral um sentimento de revolta e surrealismo no espectador.

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