Há algo de visceral em Animale, segundo longa-metragem da diretora francesa Emma Benestan, que transcende a própria narrativa e nos mergulha em uma experiência quase sensorial, onde o som da carne cortando o ar e o odor da terra molhada tornam-se quase palpáveis. Encerrando a Semana da Crítica de Cannes em maio de 2024, o filme se impõe não apenas como mais uma incursão pelo suspense europeu contemporâneo, mas como uma obra que rasga o tecido da convenção com uma brutal delicadeza. Ao explorar os limites entre o humano e o animal, entre o controle e o instinto, Benestan constrói um estudo de personagem enraizado no body horror, mas com uma assinatura autoral que a destaca como uma das vozes mais interessantes do cinema francês recente.
BOM
Animale se impõe como uma experiência crua, desconfortável e absolutamente necessária. Um filme que, como os touros que retrata, não se deixa domar.