Soul | Crítica |

Reprodução/Disney
Soul | Crítica |
Reprodução/Disney

Soul, a aguardada nova animação da Disney/Pixar, chega finalmente na plataforma de streaming Disney+. O longa que deveria ter sido lançado em junho deste ano, foi um dos vários adiados devido à pandemia. Fora das telonas e remarcado para o dia 25 de dezembro exclusivo no streamimg, acabou que a animação dirigida por Pete Docter (Up – Altas Aventuras, Divertida Mente) em parceria com Kemp Powers se tornou ideal para o fim de ano. A mensagem que a animação passa é uma reflexão sobre nossos objetivos. E por mais que não pareça, é uma história sobre esperança.

A animação acompanha a vida de Joe Gardner (dublado originalmente por Jamie Foxx), um professor de jazz do ensino médio que sonha em se tornar um grande pianista. Porém, seus sonhos são sempre ofuscados. Mas, ele acaba conseguindo um teste para compor a banda da lenda do jazz Dorothea Williams (Angela Bassett) no clube Half Note. Quando sua vida parecia estar se encaixando, Joe sai para a rua, onde por pouco evita ser esmagado por trabalhadores de uma construção e ser atropelado por um carro que se aproximava. Só que ele cai num bueiro e morre de forma prematura sem conseguir seu sonho.

Soul pode chocar de início e parece não ser um filme infantil. O filme ousa como outras animações, tipo Divertida Mente que se aprofunda nos sentimentos como raiva, tristeza. As crianças vão cair na risada, mas os adultos vão entender o real sentido daquilo. Soul é da mesma forma. A morte de Joe não é assustadora, mas convida o público (principalmente o infantil) que compreenda o que acontece antes e depois da vida das pessoas na Terra.

Pete Docter trata a vida após a morte de uma forma mais simples e sem cunho religioso. No longa, existe um centro que abrigam almas nascentes que são guiadas por mentores – almas que já viveram e devem transmitir suas paixões para a próxima geração. Joe acaba sendo recrutado por engano como mentor no Seminário Você (o centro que acolhe as novas almas) e deve ajudar a 22 (Tina Fey), uma alma que nunca ganhou vida na Terra e que precisa despertar sua paixão para ser transportada no corpo de um recém-nascido.

Pode parecer complicado, mas a narrativa da animação dribla a complexidade. O objetivo está bem determinado. Joe é um bom sujeito, talentoso, mas que ficou tão obcecado em se tornar um grande músico, que largou coisas tão importantes quanto. Uma é tão essencial e que nós, adultos, nunca valorizamos. A mais simples e bela de todas. Viver. Quando está no Seminário Você, Joe acompanha sua vida antes da morte e percebe que ele era solitário e infeliz. A cena tem grande influência do clássico A Christmas Carol, de Charles Dickens.

Apesar de divertida, 22 é uma personagem complexa. Ela não tem motivação de ganhar uma vida na Terra, já que nunca experimentou sentir o vento no rosto, a areia da praia nos pés ou devorar um pedaço de pizza. Coisas simples para nós que estamos na Terra. Contudo, quando 22 tem essa experiência passageira, acompanhamos o brilho de seus olhos e sua paixão é despertada. Essa paixão de 22 deveria permanecer em todos nós. Só que somos como Joe, obecados em um objetivo. O filme nos faz refletir profundamente sobre o real sentida da vida. Estamos aqui por qual motivo? Desde pequenos, somos motivados a ingressar em uma importante universidade, conseguir um grande emprego e se estabelecer financeiramente. Mas a vida se resume apenas a isso? E viver e apreciar o que o mundo nos oferece todos os dias?

Enquanto a criançada estará entretida com as aventuras de Joe e 22, eu tenho certeza que estaremos refletindo desde já sobre tudo isso.

Ambientado no mundo do jazz, a trilha sonora é deveras caprichada e conta com os vencedores do Oscar, Trent Reznor e Atticus Ross (de A Rede Social). O trabalho da dupla é impecável e entregram um gostoso som de New Age nas cenas de transição entre a vida e a morte. As cenas específicas de jazz ficaram nas mãos do ótimo Jon Batiste.

Soul é um filme que pode dividir opiniões entre o público. A animação é brilhante, colorida ao estilo Pixar e rica em detalhes. Mas, sua narrativa trata de assuntos mais profundos e que podem confundir, principalmente no desfecho do filme.

Por fim, Soul é o filme necessário depois deste caótico 2020. Devemos acima de tudo ser mais como Joe e 22 ao final deste lindo e tocante trabalho da Pixar. Sem dúvidas, o melhor trabalho do estúdio.

5

Excelente

Soul é o filme necessário depois deste caótico 2020. Devemos acima de tudo ser mais como Joe e 22 ao final deste lindo e tocante trabalho da Pixar. Sem dúvidas, o melhor trabalho do estúdio.