No encadeamento da grande história que é Sandman, Estação das Brumas ocupa um espaço muito específico. Essa saga junta diversos acontecimentos anteriores e dá resolução a eles, enquanto acena com outros acontecimentos importantes e elementos da mitologia são adicionados. O roteiro é de Neil Gaiman, é claro, com arte de vários artistas, mas os principais são Kelley Jones e Malcom Jones III.
Em Prelúdios e Noturnos, Morpheus precisou ir até o Inferno para recuperar seu elmo, e com isso atraiu a fúria de Lúcifer. Foi no inferno também que fomos apresentados a Nada, cuja trágica histórica com o Sandman foi narrada em Casa de Bonecas. Todos esses elementos serão fundamentais em Estação das Brumas.
Finalmente somos apresentados de maneira formal aos Perpétuos, a família de Sandman. Destino, Morte, Sonho, Desejo, Desespero e Delírio. E um misterioso irmão ausente.
“Estação das Brumas: um prólogo” (com arte de Charles DVess) começa com uma visita das Três a Destino. Isso o estimula a chamar a a família para uma reunião. Eles se reúnem, conversam e brigam, como sempre. Morte briga com Sandman devido a Nada, e ele decide buscar seu antigo amor no Inferno.
Em “Estação das Brumas: Capítulo 1” Sandman revela aos seus servos seu plano e envia Caim para anunciar seu objetivo a Lúcifer. O caído revela que possui planos para arruinar seu desafeto.
Durante Casa de Bonecas fomos apresentados à Hipólita, esposa do segundo Sandman, Hector Hall. Ela estava grávida quando apareceu da última vez. Agora conhecemos seu filho. O Sonho tem muito interesse nessa criança, e já deu seu nome: Daniel. Outro que faz uma ponta é Hob Gadling, um dos únicos amigos de Morfeu.
“Estação das Brumas: Capítulo 2” vemos o Sandman chegar ao Inferno, que está deserto. Condenados e demônios já foram expulsos. Estão presentes apenas Morfeu e Lúcifer. O caído decide se aposentar, fecha o seu reino e dá a chave a seu desafeto.
Lúcifer também fala de suas frustrações. Talvez ele não tenha se rebelado, talvez fosse parte de um grande plano. Pergunta como ele era antes de cair. Afirma que a humanidade é responsável por seus atos, não ele.
A notícia se espalha. Forças começam a se reunir, quando descobrem que o Inferno está vago. Odin vai buscar Loki, para que eles dois e Thor consigam o Inferno. Assim é “Estação das Brumas: Capítulo 3” (com arte final de P. Craig Russell). A ordem e o caos também desejam esse reino. Na Cidade de Prata, dois anjos, Duma e Remiel, devem observar a situação.
Onde os demônios estão, Azazel decide reclamar o Inferno de volta para os demônios. Com ele vão Merkin e Coronzon. E também Nada, mantida de posse deles. Eles vão até o palácio de Sonho, onde encontram os asgardianos, os deuses egípcios, um deus japonês, as forças do caos e da ordem e os anjos.
Como os mortos foram libertados do Inferno, eles estão voltando a Terra. Isso é retratado em “Estação das Brumas: Capítulo 4” (com arte de Matt Wagner) que nos mostra Charles Rowland em um colégio interno, cercado por fantasmas de antigos alunos.
Voltando ao Sonhar em “Estação das Brumas: Capítulo 5” (arte-final de George Pratt), chega Cluracan e sua irmã Nuala, emissário do mundo das fadas. Eles participam de um banquete no palácio aqueles que chegaram anteriormente. Eles comem, bebem, flertam e tramam uns contra os outros. Com Sono e os anjos apenas observando.
Depois do banquete vão cada um, por vez, com uma oferta ou ameça para tentar convencer o Sono a lhes dar o Inferno. Todos eles tem algo que imaginam que o senhor Morfeu deseja.
Por fim descobrimos que os anjos não estão apenas para observar. “Estação das Brumas: Capítulo 6” (arte-final de Dick Giordano) eles recebem uma mensagem de seu superior, exigindo o Inferno e colocando a ambos como os regentes responsáveis por aquele domínio.
O problema é que ambos acabam exilados para as trevas, tal qual Lúcifer havia sido anteriormente. Remiel revela toda sua frustração com essa missão, até que percebe que para onde iria. Como poderia se rebelar, se já estava condenado ao Inferno? Morfeu apenas dá a chave para eles e avisa aos outros convidados. Alguns reagem bem, outros não.
“Estação das Brumas: Epílogo” (arte de Mike Dringenberg e arte-final de George Pratt) conta as reação dos personagens depois desses eventos. Alguns felizes, outros tristes.
O legado de Estação das Brumas
Esse arco é muito bom por aumentar o número de personagens da trama. Agora conhecemos formalmente os Perpétuos, a família de Sandman. Mesmo o irmão perdido, que vai ser fundamental na trama depois, tem uma importância grande aqui. Sua ausência é sentida por todos.
A revolta de Lúcifer e sua vinda para a Terra abre espaço para a criação de uma série do Senhor do Inferno da Vertigo. Não sei se esse era o plano de Neil Gaiman então, mas como ele também usou vários personagens de Alan Moore e seu Monstro do Pântano, como podemos saber.
O uso de diversas divindades de diversas religiões, todas elas interagindo entre si também é algo muito interessante. Deuses nórdicos, egípcios, japoneses e outros conversando, sem se contradizer, é bastante interessante. Os deuses gregos são mencionados e sua ausência sentida.
Estação das Brumas é mais um excelente capítulo na grande obra que é Sandman. Algumas sementes que foram plantadas aqui reverberarão mais a frente. Acompanhe.