Abigail Cable encontrou Jason Blood, e tudo que importa é salvar o Elysium Lawns. Assim começa “… uma hora de correr…“, lançada em The Saga of the Swamp Thing 26 (julho de 1984), por Alan Moore, Stephen Bissette e John Totleben. Moore segue em sua história que dá à Saga do Monstro do Pântano um ar de terror mais clássico.
Para o tema do terror funcionar, Alan Moore dá todo o protagonismo para Abby. Desde “O Sono da Razão” ela é a ligada às crianças, ela que encontra Blood, que discute com seu marido Matthew e que busca ajuda do Monstro do Pântano. O Monstro não tem uma fala nesta edição, ainda assim é ele quem Abigail confia para salvar as crianças.
Depois do ataque do Rei Macaco na noite anterior, as crianças estão descontroladas. Todas estão apavoradas, e Moore dedica algum tempo para mostrar os medos de algumas crianças. E os medos de Abby também,que em tudo reconhece seu tio Anton Arcane.
Matt, cada vez mais consumido por seu vício na bebida e ressentindo a ausência de sua esposa, discute com ela, que prefere ir a pé a pegar o carro. Ainda mais bêbado e cheio de remorso, pega o carro para ir ajudar, mas acaba batendo. Antes de sair de casa, via um documentário sobre insetos.
Nesta edição finalmente Jason Blood revela seu alter-ego, o demônio Etrigan, que chega rimando na hora do combate contra o Rei Macaco.
“Os brinquedos estão arrumados na creche para o caos imbecil dispor a seu bel prazer. Arruinando vidas ele baba, o queixo umedece; velhos, jovens ou bebês… vítimas vai fazer.”
O Legado de “… uma hora de correr…”
Hoje conhecemos Etrigan como um demônio rimador, mas não era assim quando ele fora criado por Jack Kirby. Esse aspecto do personagem foi criado por Alan Moore, que pegou esse personagem esquecido da DC Comics e trouxe de volta aos holofotes.
Uma história mais psicológico se tornaria mais comum com o avanço da Saga do Monstro do Pântano, bem como o protagonismo de Abby. Mas tornar o personagem principal apenas um coadjuvante de luxo, sem falas e quase sem destaque era algo estranho na época.
Trazer crianças portadoras de necessidades especiais também parece um ponto bastante fora da curva, mesmo hoje. É comum no terror usar crianças como vilões ou vítimas, e usar de suas crenças e medos como elementos para criar atmosfera. A clássica crianças estranha, que viu algo que ninguém acredita, ou que possui comportamentos assustadores. Mas colocar crianças autistas neste elemento parece raro ainda hoje, quanto mais em meados dos anos 1980.
Ficar dando dicas de para onde a trama está se encaminhando era algo que Chris Claremont popularizou em seus X-Men, e Alan Moore usa isso bastante aqui. Matt antes de sofrer o acidente estava assistindo um vídeo de insetos, bem como Abby fica vendo seu tio Arcane no rosto do Rei Macaco. Não é preciso ser muito inteligente para saber para onde o Moore quer levar sua trama.
Próxima edição: … movido por demônios!