Lembra aquela vez Lembra aquela vez

Ler é Bom, Vai | Lembra aquela vez, de Adam Silvera

Divulgação/Rocco

Assim como citei recentemente na crítica de Alex Strangelove, recentemente a temática adolescente se descobrindo gay explodiu no mercado do entretenimento. Sucessos como Com Amor, Simon e Me Chame Pelo Seu Nome emplacaram fãs ao redor do mundo. Com histórias de amor fofas e inspiradoras, serviram de exemplo para a representatividade de sua temática inicial. O livro de hoje do Ler é Bom, Vai! segue essa mesma linha de pensamento, mas com uma dose a mais de ficção futurista. Conheçam Lembra Aquela Vez, de Adam Silvera.

O livro foi publicado pela Editora Rocco em julho de 2017. Por consequência, podemos dizer que veio antes do BOOM envolvendo outros materiais do gênero. Com uma capa colorida indicando claramente o tipo de conteúdo que apresenta, tinha tudo para ser um enorme sucesso. Entretanto, alguns pequenos furos prejudicam e muito a opinião final sobre o livro.

Sinopse

Finalista na categoria romance juvenil do Prêmio Lambda, o mais tradicional do segmento de literatura LGBT do mundo. Lembra aquela vez conta a história de um garoto do Bronx (re)descobrindo sua sexualidade. Aos 16 anos, Aaron carrega no pulso uma cicatriz que registra a dor pelo suicídio do pai, mas com o apoio da mãe e da namorada, está determinado a seguir em frente. Quando a garota viaja para um acampamento, porém, Aaron se aproxima de Thomas, e acaba encontrando nele mais do que um melhor amigo. Confuso, Aaron considera recorrer ao LETEO, um instituto que realiza procedimentos científicos para apagar memórias indesejáveis. Mas será possível encontrar a felicidade fugindo de si mesmo? 

Com Amor, Simon
Reprodução Com Amor, Simon

O Livro

Lembra Aquela Vez traz a história de Aaron Soto, um adolescente marcado pelos fantasmas do passado. Vivendo em uma região pobre de Nova York, ele leva a vida como pode. Ao lado dos amigos e da namorada Genevieve, tenta se recuperar de dois suicídios na família. Enquanto ele tentou tirar sua própria vida e não obteve sucesso, o pai conseguiu. Como era de esperar, a morte repentina destroçou a família de Aaron e a princípio, ninguém consegue entender o motivo da atitude do pai. O menino já se questionou inúmeras vezes sobre a possibilidade de passar pelo tratamento do LETEO, um instituto que remove memórias dolorosas. Contudo, esquecer o que passou não parece ser algo que a mãe e os irmãos de Aaron desejem.

Quando a rotina de Aaron parecia ter chegado num nível aceitável, ele conhece Thomas, um garoto do conjunto habitacional vizinho. Aos poucos, os garotos percebem que têm mais em comum do que achavam. O que era pra ser apenas mais uma amizade, não demora para se tornar algo muito maior. Aaron começa a se apaixonar por Thomas e tem certeza que o menino sente o mesmo. Entretanto, contar ao namorada, aos amigos e a família sobre a novidade acarreta em consequências inesperadas. Seus supostos colegas do bairro decidem resolver “o problema” de Aaron na base da força e acabam por desencadear lembranças que ele jurava nunca terem existido.

É então que Lembra aquela vez começa a fazer ainda mais sentido.

Lembra aquela vez
Divulgação/Rocco

O que achamos de Lembra Aquela Vez?

Confesso que primeiramente, achei estar diante de um outro livro típico do gênero. E não se engane quanto a isso, pois todos os clichês tradicionais estão ali. Contudo, Adam Silvera conseguiu adicionar a dose exata de ficção que a trama requer. O autor usa a linguagem que seu público precisa que a trama tenha: simples, mas com a importância que o assunto deve receber. Não podemos esquecer que Aaron está em conflito frequentemente, e é fundamental que o leitor entenda-os. Seus pensamentos são muito bem descritos, mas principalmente, bem interpretados. É quase impossível não sentir empatia pelo protagonista, ainda mais quando o grande plot twist é revelado.

Outro ponto positivo de Lembra aquela vez é o quão próximo a realidade ele é, embora tenha um instituto que apague memórias. Estamos acostumados a ver meninos com ótimas condições financeiras e amigos compreensivos. Aaron não passa por nenhuma das situações. Ele não apenas sofre rejeição dos colegas, como sua família está em pedaços. Além disso, os Soto estão longe de estarem confortáveis financeiramente. Trazendo para a realidade brasileira, quantos meninos morando em favelas não enfrentam os mesmos – ou piores – desafios que o protagonista de Silvera?

Lembra Aquela Vez foi uma leitura extremamente gostosa e prazerosa. Certamente não foi o melhor livro da minha vida, ou do ano, mas irei guardá-lo na prateleira.

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