Crítica | Cinquenta Tons de Liberdade entrega um bom final a trilogia

A trilogia Cinquenta Tons finalmente chegou ao fim. O primeiro filme foi lançado em fevereiro de 2015, enquanto a sequência só pôde ser conferida dois anos depois. Felizmente não tivemos de esperar o mesmo tempo para o desfecho da série. O curto espaço entre as duas últimas produções deve-se ao fato de terem sido filmados ao mesmo tempo. Com receio de que seus protagonistas pudesse aparentar uma idade mais avançada do que apresentam no livro, a produção optou por Cinquenta Tons de Liberdade junto com Cinquenta Tons Mais Escuros.

O Filme

Anastasia (Dakota Johnson) e Christian (Jamie Dornan) enfim tem seu final feliz. Era o que esperavam quando subiram ao altar, trocaram alianças e disseram sim. As ações de seu marido no passado, porém, cobram um preço alto de Ana no futuro. Como podemos ver no final de Cinquenta Tons Mais Escuros, Jack Hyde não está tão longe quanto todos pensam. Consumido por vingança, o ex-chefe de Anastasia está disposto a fazer o possível para acabar com a vida daquele que, segundo ele, arruinou a sua. Leila parecia ser o pior pesadelo do casal, mas Jack prova que pode ser muito pior. Até que ponto o lado possessivo e mandão de Christian conseguirá manter sua esposa a salvo?

A vida de Ana mudou completamente. Ainda mais do que havíamos presenciado até agora. Casar com Christian apenas aumentou o número de pertences caros que ela passou a ter. Ana teve de aprender a viver em meio ao luxo, por mais que não o quisesse. Enquanto isso, o ex-dominador e ex-sádico bilionário de Seattle abriu mão de seus gostos peculiares por um “relacionamento baunilha”. Oferecendo a sua amada a mais bela prova de amor, Christian continua seu processo de transformação no último filme. As amarras que o prendem ao passado, entretanto, continuam o privando de coisas importantes. Ele ainda tem dificuldades em aceitar até mesmo as coisas mais simples, como ser amado.

O Elenco

Em Cinquenta Tons de Liberdade conhecemos um pouco mais sobre os outros personagens, até então mascarados pelos protagonistas. Quando a relação entre Elliot (Luke Grimes) e Kate (Eloise Mumford) é colocada a prova, conseguimos ver um outro lado do irmão de Christian e a amiga de Ana tem a oportunidade de aparecer por mais que alguns minutos. Sawyer (Brant Daugherty) é um dos rostos novos na trama. Infelizmente, apesar de aparecer bastante no filme, sua participação não é tão destacada como acontece no livro. Todo o alarde feito após a escalação de Daugherty para o papel se tornou desnecessário, visto que ele mal tem a chance de mostrar a que veio.

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Jack Hyde (Eric Johnson) é o responsável por boa parte dos acontecimentos na parte final da história. Lamentavelmente, Johnson foi mais uma vítima da rapidez de Cinquenta Tons de Liberdade. O ator aparece por poucos minutos e não consegue mostrar todo o talento que sabemos ter. Todo o arco de cenas envolvendo o rapto de Mia por Jack não demora mais do que 10 minutos. Um sequestro planejado por meses tem um desfecho digno de contos de fadas – só que aqui, o príncipe chega em um carro importado.

Dakota Johnson é a alma da trilogia desde o primeiro capítulo. Indo contra a imagem apagada e submissa de sua personagem no livro, ela esbanja naturalidade e beleza em suas cenas. Em contraste, Jamie Dornan parece não ter saído do papel do Christian do primeiro filme. Robótico e sem convencer em suas emoções, o ator não se mostra confortável em nenhum momento. Em uma produção na qual o chamariz é justamente a mudança na personalidade do bilionário, ter um protagonista inexpressivo prejudica (e muito).

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O Que Achamos?

Após o enorme sucesso de seu anterior, a expectativa para Cinquenta Tons de Liberdade estava grande. Como já mencionado, a produção optou por gravar os dois últimos filmes ao mesmo tempo, o que pode ter sido um tiro no pé. O tempo economizado poderia ter resultado em uma produção digna de encerrar a trilogia. O material que nos é apresentado é bom e satisfatório, mas longe de ser maravilhoso como o livro. Sim, estamos lidando com uma adaptação e é natural que a trama original seja melhor, mas não é por isso que filme peca.

Tudo acontece rápido demais. Temos a sensação de que o botão de acelerar o filme está o tempo todo ligado. Em meio a enxurrada de novas informações que surge, mal temos tempo de assimilar o que está acontecendo. A história é recheada de emoção e sentimentos, mas adquiriu um caráter superficial e artificial quando optou por não explorá-los melhor. Um exemplo disso é uma das cenas mais importantes da trama, que envolve o sequestro de Mia (Rita Ora). Cinquenta Tons de Liberdade foi o mais curto dos filmes, com duração aproximada de 100 minutos. Havia espaço para desenvolver melhor alguns momentos, o que só aumentaria a atenção do público.

Os filmes da trilogia se tornaram conhecidos pela excelente trilha sonora e isso perdura no último capítulo. Ao lado de um cenário deslumbrante – afinal, Ana e Christian praticamente só viajaram – e músicas que corroboram para o clímax de cada cena, Cinquenta Tons de Liberdade consegue apresentar um resultado satisfatório. Não há dúvidas, porém, que a história de E L James poderia ter ganho um final cinematográfico altamente superior.

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  • Bom
3

Resumo

Cinquenta Tons de Liberdade consegue encerrar bem a trilogia de E L James. Entretanto, com os recursos que estavam a disposição, como elenco e roteiro, o filme poderia ter fechado a série com chave de ouro. E não o fez.