Velozes e Furiosos 9 | Crítica |

Velozes e Furiosos 9 é o começo do fim. Não por ser um dos últimos capítulos da série. Mas, principalmente, porque a franquia já está respirando por aparelhos sobre a falta de história para contar. Este filme, que marca o retorno de Justin Lin na direção, se resume a Vin Diesel reunir sua “famiglia” e explorar os limites do absurdo. Sabe aqueles memes de Velozes e Furiosos no espaço? Eles realmente levaram isso a sério.

Lançado em junho nos cinemas, o nono filme já está disponível no formato digital e posso dizer que minha experiência foi menos divertida do que seria se estivesse nas salas de cinema. Velozes e Furiosos 9 é um filme pipoca, de reunir a turma, se divertir e esquecer todos os absurdos em tela. Assistir em casa é perceber o quanto o filme caiu de qualidade e virou uma mera paródia.

Na trama, Dom Toretto de Vin Diesel está levando uma vida tranquila fora do grid com Letty e seu filho, o pequeno Brian, mas eles sabem que o perigo sempre se esconde em seu horizonte pacífico. Desta vez, essa ameaça forçará Dom a confrontar os pecados de seu passado e se ele vai salvar aqueles que ele mais ama. Sua tripulação se junta para impedir uma trama de estilhaçar o mundo liderada pelo assassino mais habilidoso e motorista de alto desempenho que eles já encontraram: um homem que também passa a ser o irmão abandonado de Dom, Jakob (John Cena).

Para os fãs nostálgicos, o filme reserva momentos que remetem aos primeiros filmes quando mostra a juventude de Dom para explicar a presença do irmão Jakob, que teve seu nome sequer mencionado ao longo de todos os filmes.

Por outro lado, embora não se aprofunde, é a deixa do protagonista tanto valorizar a família desde o primeiro capítulo. É um trauma do passado e uma ferida que jamais cicatrizou. Finn Cole e Vinnie Bennett vivem as versões jovens dos irmãos Toretto e mandam muito bem. Conseguem até ser mais expressivos que suas versões mais velhas em tela.

John Cena (O Esquadrão Suicida) é a nova adição da franquia, assumindo o papel de brutamonte deixado por The Rock após desentendimentos com Vin Diesel. Cena até se esforça, mas seu personagem tem zero profundidade, estando ali apenas para participar das cenas insanas de ação e trazer novamente o tema família para a história.

Embora haja muita testosterona em tela, Velozes e Furiosos 9 reserva um bom espaço para as mulheres, que não decepcionam. Michelle Rodriguez (Letty) e Jordana Brewster (Mia) desempenham ótimas cenas de ação ao lado da novata Elle (Anna Sawai). Até Helen Mirren ganha seu momento de fazer um drift de carro. Uma cena muito divertida. Reprisando o papel de Cipher, Charlize Theron novamente está mais ameaçadora do que qualquer vilão que passou pela saga.

O trio Roman (Tyrese Gibson), Tej (Ludacris) e Ramsey (Nathalie Emmanuel) estão novamente bem como o alívio cômico da franquia, e são os responsáveis por fazerem piadas da própria franquia. Roman a todo instante questiona todas as cenas absurdas e ridículas que enfrentaram até aqui. É a deixa para o meme que circulou nas redes nos últimos anos com os personagens indo até o espaço. Não é brincadeira. Justin Lin fez a franquia ir até o espaço na cena mais absurda e medonha possível. A sequência até poderia ter um pouco de criatividade e ser divertida. Mas ela é sem graça e não tem contexto. Só existiu pelo meme.

Os personagens mais uma vez se tornam super-heróis pra Marvel e DC nenhum botar defeito. Eles saltam entre prédios, caem de grandes alturas e tem seus veículos bombardeados e capotados. E, até, retornam dos mortos, como Han (Sung Kang), que poderia ser uma grata surpresa se os produtores não estragassem a experiência revelando o retorno do personagem nos cartazes e trailers do filme.

Com ares de despedida, Velozes e Furiosos 9 esquece a coerência e testa os limites do absurdo. Mas, ainda é um filme capaz de divertir e emocionar, como na última cena que irá aquecer o coração dos fãs da franquia.

Ps:. Há uma importante cena pós-créditos.