Fuja [Crítica] Fuja [Crítica]

Fuja [Crítica]

Divulgação/Lionsgate

Fuja [Crítica]
Divulgação/Lionsgate
Fuja (Run) foi lançado em 2020 nos Estados Unidos, uma produção da Lionsgate. Porém, com a pandemia o longa acabou indo para o serviço Hulu, onde ficou despercebido nos outros países. Cerca de 1 ano depois o filme chega no Brasil sob distribuição da Netflix e ganhando a repercussão que merece. Lançado no dia 02 de abril, o longa já é um dos mais vistos pelo público brasileiro. Não é por menos. É um suspense arrebatador.

Fuja é dirigido por Aneesh Chaganty, responsável pelo ótimo Buscando de 2018, um thriller frenético sobre um pai procurando sua filha desaparecida. Foi o melhor suspense daquele ano e Fuja é o melhor suspense de 2020/2021 sem sombra de dúvidas.

Escrito em parceria com Sev Ohanian, o longa trata novamente de uma relação entre pais e filhos, só que doentia. É um filme que aborda conceitos psicológicos centrados na perda. A trama apresenta Diane Sherman (Sarah Paulson) dando luz à um bebê que nasceu prematuramente e com vários problemas de saúde, incluindo arritmia, asma, paralisia e diabetes. Dezessete anos depois, vemos Diane levando uma vida extremamente organizada, mas aparentemente feliz, com sua filha, Chloe (Kiera Allen), que executa sua rotina diária em sua cadeira de rodas. Isso inclui medicamentos e fisioterapia, mas também horas de aulas em casa, ministradas por Diane. A mãe também prepara refeições saudáveis com os vegetais que cultiva em seu próprio jardim. Tudo é cuidadosamente controlado. Chloe é claramente uma jovem inteligente, como evidenciado pelos muitos projetos de engenharia complexos em que ela trabalha em seu quarto, e ela parece ter um futuro brilhante pela frente. Contudo, ela começa a notar um comportamento estranho da mãe. Chloe sonha em sair de casa e de sua cidade isolada para estudar na Universidade de Washington. É evidente que ela deseja um pouco de liberdade como qualquer jovem de sua idade. Chloe é inteligente ao perceber que sua vida supervisionada ao extremo por Diane pode ser uma mentira. Que os remédios que toma estão na verdade a prejudicando. Daí, a narrativa se transforma em um eletrizante suspense.

O contexto de Fuja se assemelha com a série The Act, do Hulu. As duas protagonistas demonstram a síndrome de Münchhausen, uma doença psiquiátrica onde os pais simulam que os filhos estão doentes e os obrigam a tomarem muitas medicações, sujeitando-os a problemas físicos e emocionais. Além da semelhança com a série, Fuja aborda o processo do luto e da perda. O passado de Diane é explorado e as peças começam a se encaixar sobre o seu comportamento obsessivo com Chloe.

A edição do filme é brilhante, um trabalho muito bem desempenhado pela dupla Nick Johnson e Will Merrick. Chloe precisa superar todas as suas limitações para resolver o mistério sobre sua mãe. Um excelente exemplo dessa abordagem ocorre na farmácia, quando Diane e Chloe vão à cidade para ver um filme e a jovem dá uma escapada para saber mais do remédio que anda tomando. A cena é tensa e sentimos o desespero da jovem a cada momento.

Falar de Sarah Paulson é meio que chover no molhado. A atriz entrega uma grande performance como Diane. É notável perceber como a personagem se transforma de uma mãe protetora e carinhosa para a comunidade, mudando drasticamente para a Chloe para uma pessoa assustadora e que impõe medo pelo simples olhar. São leves expressões faciais ou uma expressão inesperada que muda totalmente sua personalidade.

Mas a grande descoberta de Fuja é Kiera Allen, que faz sua estreia no cinema. O longa exige muito fisicamente e emocionalmente de Allen e ela entrega. A atriz é cadeirante na vida real, sendo a segunda na história a estrelar um filme em Hollywood. Ela é um verdadeiro achado e uma alegria de assistir. Espero que seja um impulso para que mais cadeirantes tenham oportunidade de trabalhar com cinema.

Fuja só vacila um pouco sobre o seu final. O desfecho entre Diane e Chloe poderia ter seguido um caminho mais pés no chão. Mas nada que estrague esse ótimo suspense.

4

ÓTIMO

Fuja é dirigido por Aneesh Chaganty, responsável pelo ótimo Buscando de 2018, um thriller frenético sobre um pai procurando sua filha desaparecida. Foi o melhor suspense daquele ano e Fuja é o melhor suspense de 2020/2021 sem sombra de dúvidas.