Dahmer: Um Canibal Americano | Crítica Dahmer: Um Canibal Americano | Crítica

Dahmer: Um Canibal Americano | Crítica

Divulgação/Netflix

Dahmer: Um Canibal Americano, nova minissérie da Netflix, aborda um dos serial killers mais populares dos Estados Unidos. E a palavra popular se encaixa muito bem no contexto, já que o assassino canibal Jeffrey Dahmer acabou se tornando uma figura pop, ao ponto de receber cartas e mais cartas de fãs.

Dahmer: Um Canibal Americano | Crítica

Dessa maneira estranha e deturpada que Ryan Murphy (American Horror Story) narra diversos momentos da vida de Jeffrey Dahmer, interpretado de forma brilhante por Evan Peters, um rosto conhecido em produções de Murphy.

Dahmer: Um Canibal Americano faz um pente fino em vários momentos da vida do serial killer, como uma forma de esclarecer seu comportamento doentio. A montagem não segue a linha narrativa padrão, mostrando o assassino, ora na vida adulta e ora mais jovem, ainda despertando seu lado monstruoso.

A série vem sendo critica pela família das vítimas pela forma como Ryan Murphy aborda os crimes e a figura de Jeffrey Dahmer, quase como um pop star. Porém, é preciso analisar que a série adentra na mente do assassino. Há momentos de revolta, de embrulho no estômago, sendo preciso muita força para continuar assistindo. Não é uma série feita pra todos os públicos.

Murphy também analisa pontualmente todos os problemas sistêmicos que permitiram que o assassino sempre saísse impune, mesmo apresentando todos os indícios que não era uma pessoa normal. Por ser um branco morando em um bairro de negros, Jeffrey Dahmer era a vítima e não o grande perigo.

Richard Jenkins vive Lionel Dahmer, o pai do serial killer. Sua atuação é impressionante, não apenas pela caracterização, mas pelo semblante sempre perdido de um pai que custa a acreditar que o filho está perdido. Em casos assim, a família do assassino sofre tanto quanto as famílias das vítimas; e a série pontua bem todo o desgaste que a família Dahmer sofreu.

Por falar em caracterização, Evan Peters está brilhante no papel principal. É uma atuação que causa muito incômodo pela semelhança e frieza da mente de um assassino. Pelo olhar e tom de voz sempre sereno, Peters resgata a forma como Jeffrey Dahmer encarava suas vítimas. Eram apenas mais um. Mais um trófeu.

Contudo, o episódio 6 da série é o melhor. E, não é focado no serial killer, mas em uma das vítimas. O roteiro é dedicado a Tony Hughes, a 12ª vítima de Dahmer. É um trabalho sensível narrando a trajetória de um jovem negro surdo com muitos sonhos, mas que foram interrompidos por esbarrar no caminho de Dahmer, que a partir dali já era um predador, sempre buscando jovens negros gays em bares. O episódio vacila quando tenta colocar arrependimento no assassino. Daí, a revolta justa dos familiares.

Os episódios finais de Dahmer: Um Canibal Americano também divide as atenções em Glenda (Niecy Nash), a vizinha de Jeffrey que passou semanas fazendo denúncias dos barulhos, mau cheiro e do comportamento estranho do vizinho. Mas, era uma mulher negra reclamando de um branco para a polícia branca. Ou seja, não daria em nada.

Dahmer: Um Canibal Americano é uma minissérie sombria e para aqueles com o estômago forte. Ao final de 10 episódios, fica um sentimento de vazio e revolta. O privilégio branco e descaso das autoridades colaborou para a criação e romantização de um dos maiores monstros que a sociedade já viu.

https://www.youtube.com/watch?v=2WtL_C3aHeM

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4

ÓTIMO

Dahmer: Um Canibal Americano é uma minissérie sombria e para aqueles com o estômago forte. Ao final de 10 episódios, fica um sentimento de vazio e revolta.