Cruella | Crítica | Cruella | Crítica |

Cruella | Crítica |

Divulgação/Disney+

Cruella, novo live-action da Disney, chegou sob muitas expectativas, algumas delas negativas devido à produções pouco inspiradas do estúdio, que está visando mais os seus cofres com uma atualização de filmes de seu longo catálogo. Porém, o filme dirigido por Craig Gillespie (Eu, Tonya) não é o melhor live-action já feito. Mas, diferente de Malévola que passa o pano em todas as crueldades da antagonista, o filme sobre o grande algoz de 101 Dálmatas mantém que Cruella é uma vilã, mostrando apenas os motivos para ela odiar os pets.

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Sua conexão com os Dálmatas é psicológica. Embora o filme não se aprofunde, Cruella transporta todas as suas frustrações e ódio devido uma infância complicada. É um prato cheio para quem gosta de estudar a mente de figuras reais e fictícias.

Escrito por Dana Fox e Tony McNamara, a partir de uma história de Aline Brosh McKenna, Kelly Marcel e Steve Zissis, Cruella começa mostrando a infância da vilã, batizada de Estella. Ela possui um cão chamado Buddy e adora ele. Ela culpa os dálmatas pela morte acidental de sua mãe, uma pobre lavadeira interpretada por Emily Beecham. Agora órfã, Estella supera uma vida árdua nas ruas de Londres, juntando-se a um casal de amigos e ladrões, Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Uma desenhista brilhante, Estella consegue um emprego em uma grande loja de roupas. Em um acesso de raiva, ela reconfigura a vitrine de uma loja porque mostra um vestido que ela considera feio, sendo sumariamente contratada pela maior vendedora da loja, a estilista Baronesa von Hellman (Emma Thompson). A Baronesa é uma maníaca por controle e abusadora de funcionários que, no entanto, se torna a coisa mais próxima de uma mentora e mãe que Estella teve desde a morte de sua própria mãe.

A narrativa concentra bastante a história na rivalidade entre Estella e Baronesa. Embora alguns possam acreditar que a Baronesa gerou a Cruella, o filme aponta que a protagonista sempre teve um comportamento diferente desde a infância. A Cruella sempre existiu, só faltou o momento ideal para se revelar para o mundo. Baronesa foi apenas um pequeno empurrão.

Emma Stone entrega uma incrível performance. Com brilhantismo e carisma, ela desempenha dois papeis. A jovem inocente Estella, uma aspirante à estilista, enquanto se transforma em Cruella, uma obstinada rival de Baronesa no mundo da moda. É mais um exemplo dos problemas psicológicos da personagem, demonstrando ter duas personalidades. A atriz ainda possui uma ótima sintonia com Joel Fry e Paul Walter Hauser, o Gaspar e Horácio nessa nova versão. Embora a ótima Glenn Close deseja retornar para o papel, é Emma Stone que gostaríamos de ver em uma provável sequência.

A Baronesa de Emma Thompson é a grande vilã da história. Abusiva e egocêntrica, ela acaba mexendo com quem não devia. O terceiro ato proporciona uma importante virada sobre a relação dela com Cruella. Thompson tem atuação segura, fugindo um pouco dos vilões caricatos da Disney.

O filme ainda conta com os ótimos Kirby Howell-Baptiste e Mark Strong. Uma pena que foram subaproveitados. A presença dos dois serviu apenas como uma mera referência aos fãs da história original.

Tendo a moda como pano de fundo e ambientado na Londres da década de 70, o figurino do filme é deveras caprichado. Um trabalho eficaz da designer Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria). Ela resgatou toda a rebeldia do punk rock efervescente naquela época. A trilha sonora traz grandes hits de punk, como um excelente número musical de “I Wanna Be Your Dog”, da banda The Stooges.

Sem desrespeitar o material original, Cruella apresenta uma ótima e divertida história de origem. Um filme pra quem gosta de moda, punk rock e de uma vilã causando caos… Sem deixar de lado o carisma e estilo.

Cruella está disponível nos cinemas e no Disney+ pelo Premier Access.


Ps: O filme conta uma cena pós-créditos que apresenta conhecidas figuras de 101 Dálmatas. 

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