A Cor Púrpura I Crítica A Cor Púrpura I Crítica

A Cor Púrpura I Crítica

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A Cor Púrpura, romance literário vencedor do Prêmio Pulitzer de Alice Walker, já foi adaptado para o cinema em 1985 e para um musical da Broadway. Apesar de beber da fonte do original e do primeiro filme, a maior inspiração para a versão cinematográfica mais recente vem do teatro.

O longa dirigido por Blitz Bazawule (Black Is King) se inicia em 1909 e se passa na Geórgia, Estados Unidos. Nele, as adolescentes Celie (Phylicia Pearl Mpasi) e Nettie (Halle Bailey) vivem com seu pai abusivo, Alfonso (Deon Cole), após a perda da mãe. Os estupros sofridos por Celie resultam em dois bebês que são tirados dela e que ela não sabe para onde foram levados. Então, Alfonso força a Celie a se casar com Mister (Colman Domingo), um fazendeiro local com três filhos. Sem Celie por perto, ele passa a abusar de Nettie, que foge para o novo lar de sua irmã. Mas ela apenas passa de um local violento para outro, já que Mister também tenta abusar de Nettie. Como ele não consegue, expulsa a garota de sua casa e proíbe que ela entre em contato com Celie.

Celie (Fantasia Barrino) passa a cuidar da casa de dos filhos de Mister, sofrendo repetidos abusos físicos, psicológicos e sexuais da parte dele. Ela simplesmente não sabe como se livrar da situação em que se encontra e muitos anos se passam sem que nada mude. Ao longo do tempo, essa mulher negra e pobre, que sofreu todos os tipo de de violência, vai descobrindo seu valor, mas não sem a ajuda de novas amigas.

Uma das mulheres mais importantes a entrar na vida de Celie é Sofia (Danielle Brooks), a namorada do filho de Mister, Harpo. Ela não tem papas na língua e não deixa que os homens mandem nela. No início Celie tem inveja do jeito livre de Sofia, mas logo elas percebem que tem muito em comum e uma amizade para a vida toda é construída. Sofia sofre duras penas nas mãos de brancos racistas e o estopim é justamente sua personalidade.

A segunda, e talvez a mais importante, é Shug Avery (Taraji P. Henson), uma cantora de jazz por quem Mister é apaixonado. Quando ela aparece na cidade para cantar no bar de Harpo, Celie passa a entender porque seu marido tem tanto carinho pela mulher, já que ela também se apaixona. Shug é essencial para a evolução de Celie como mulher, mostrando para ela que ela também deve pertencer, sentir prazer e que ela tem valor. Além disso, é a cantora quem faz com que Celie fique sabendo que Nettie está viva e que a irmã enviou dezenas de cartas para ela durante os anos.

Fantasia Barrino já foi Celie na Broadway e voltou ao papel para a adaptação. Assim como Danielle Brooks reprisa seu papel como Sofia, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Foram boas escolhas, afinal elas, ao lado de Taraji P. Henson como Shug Avery, são a força motriz dessa produção.

Em uma era onde filmes musicais baseados em musicais do teatro que foram baseados em livros que já foram adaptados para o cinema estão cada vez mais populares e após o musical da Broadway ter sido um sucesso adaptado várias vezes e em várias partes do mundo, Hollywood não pensou duas vezes em levar esse formato para a telona. Porém, a forma em que algumas das músicas e coreografias são inseridas em A Cor Púrpura, fazem com que a solidariedade feminina e situações mais divertidas se sobreponham aos temas mais fortes como a violência, os abusos e o racismo. Muitos dos números acabam tirando o peso dessa história tão dramática.

Apesar de ser longo e com alguns números musicais completamente dispensáveis, A Cor Púrpura é um retrato emocionante da vida de uma mulher marcada pelas adversidades, mas que consegue ter coragem para encontrar sua liberdade, ainda que tardia, e ainda luta para que as outras mulheres ao seu redor também consigam se libertar.

A Cor Púrpura chega aos cinemas brasileiros em 8 de fevereiro de 2024 com distribuição da Warner Bros. Pictures.

3

Bom

Apesar de alguns números musicais não agregarem para a trama e deixarem A Cor Púrpura com aquela sensação de que é mais longo do que deveria ser, o longa é um retrato emocionante e atual das vidas de mulheres negras lutando por dias melhores que vale a pena ser visto.