Novamente, se você clicou nesta coluna é porque quer saber mais sobre minha vida, minhas peripécias, acertos e erros na carreira de escritor (e não esqueça de curtir minha página!). Não vou mentir, existem erros, mas os acertos é o que faz tudo valer a pena. Primeiramente, a questão que vou tratar neste segundo dia do diário é falar sobre alma. Para escrever, a mente precisa estar à mil, favorecendo as ideias que você quer colocar no papel. Não pode haver engano quanto a isso ou quando terminar o que estiver fazendo não vai gostar do resultado. Se for muito perfeccionista, vai tentar consertar e nem sempre isso é bom. Mas e quando é bom?
Gabriel Garcia Márquez escreveu e reescreveu Cem Anos de Solidão, seu livro mais famoso e responsável por seu Nobel de Literatura. Ele não achava que Macondo – a tristonha cidade onde se passa a história dos Aurelianos – estivesse perfeita. Ainda faltava um tempero especial. Faltava dar personalidade para a cidade e aos personagens que tornaram a obra como ela é. Mas Garcia é esse tipo de escritor. Mergulha na fantasia e cria coisas místicas. Nem todos nós somos iguais e temos estilos diferentes. Provavelmente Stephen King nunca trabalhou em uma única obra mais do que o número de vezes necessário, ou não teria um currículo tão extenso. Trabalhar em um único projeto também não é o que faço. Considero-me pai por falta de escolha. Minhas obras são meus filhos e nunca serão perfeitos. Iremos falar sobre o assunto de criação e revisão quando for o momento certo. A ideia desta coluna e das próximas é chegar ao momento da escrita.
Para isso, mente e alma precisam de sincronia.
Se você estiver com muitos problemas, poderá fazer duas coisas: abandonar ou usar como combustível. Vai depender de qual tipo de escritor você é. Abandonar é simples. Às vezes, é necessário um ambiente diferente para sentar e escrever. Especialmente se sua obra for algo próximo do gênero da comédia, com um romance e nada que o aborreça. Caso contrário e esteja escrevendo literatura engajada, os problemas e as opiniões serão o fogo que o alimenta. Particularmente, comecei minha jornada por causa deste fogo. Fugindo um pouco do assunto, vou dizer que as pessoas são más. Crianças e adolescentes não tem direito a opinião. Por isso comecei a escrever. Minhas opiniões poderiam ir para o papel e serem lidas. Não se pode discutir com personagens fictícios, mesmo que não concorde com eles, correto? Enfim, faça algo com o fogo!
Meu avô – também um aspirante a escritor – escreveu certa vez em um pedaço velho de papel: vai para o espaço, Totte! Irei voltar nessa história toda de Totte algum dia desses aí, mas não sei exatamente quando e nem posso prometer.
Enquanto isso não acontece, é melhor começar os trabalhos. Não posso lhe dar um conselho sobre como ter uma ideia, caso se pergunte sobre isso. A ideia precisa ser sua. Precisa surgir do nada, em uma tarde vazia, conforme você anda pela sua rua favorita escutando o movimento do mundo (se andar bem devagar, pode escutar, sim) e o farfalhar das folhas. É necessário tê-la e então começar. Não se apresse, pois a pressa é inimiga da perfeição que você não vai alcançar. O romantismo foi criado pela falta de perfeição. Tenha seu tempo, anote tudo que puder e então comece. Depois de começar, o melhor conselho que posso fornecer é: não duvide de si mesmo. A duvida sobre seu filho, sua obra – uma pulga atrás da orelha sobre se este livro está bom ou não – é um veneno correndo em suas veias. Apenas faça. Deixe que a correnteza leve suas palavras para longe. Quando estiver pronto, mostre para a pessoa mais próxima de você (geralmente sua esposa ou sua mãe). Então continue. Entretanto, acima de tudo, repito: não duvide de si mesmo e de sua obra.
Se duvidar dela, ela pode duvidar de você.
Gostou da coluna? Continue acompanhando. Ainda tenho mais dicas. E não esqueça de curtir minha página!