Crítica | Segunda temporada de Stranger Things é simplesmente sensacional!

Os nove episódios mais aguardados do ano finalmente chegaram à Netflix. Depois de uma primeira temporada aclamada pela crítica e pelo público, Stranger Things retorna com o pé direito ao canal de streaming. Já nos primeiros minutos podemos perceber o nível da qualidade que teremos esse ano. Apesar do intervalo entre a primeira e segunda temporada, a série logo situa o espectador através de flashbacks dos episódios anteriores, trazendo à tona as dúvidas que ficaram sem resposta. Todos os mistérios giram em torno de Eleven (Millie Bobby Brown) e Will (Noah Schnapp) e, seus personagens permanecem no centro de todos os arcos. Diferente do que aconteceu na temporada anterior, Schnapp finalmente tem a chance de mostrar seu talento, uma vez que passou boa parte da primeira desaparecido.

Depois de revelado que a segunda temporada teria inspiração em Harry Potter, a grande ansiedade dos fãs só aumentou. Entretanto, não espere ver varinhas e corujas entregando cartas. A comparação deve-se ao fato de que, assim como aconteceu com os filmes do menino bruxo, os jovens fãs de Stranger Things irão crescer com os protagonistas, agora um ano mais velhos. A graciosidade e individualidade de cada um só aumentaram com o crescimento dos atores. Dustin (Gaten Matarazzo) ainda faz as mesmas piadas bobas e divertidas, Lucas (Caleb McLaughlin) continua com o jeito malandro de ser e Mike (Finn Wolfhard) permanece fiel aos amigos, principalmente àquela que desapareceu. O grupo ainda é o grande atrativo da série e, diferente do que muitos pensaram, o crescimento só trouxe boas qualidades. O tamanho é, definitivamente, a única coisa pequena nesses meninos, que assumem o protagonismo da série mais uma vez, e o executam com talento de gente grande.

Foto via: Netflix

Durante os primeiros episódios da série, muitos personagens tiveram sua importância mascarada pelo grupo de Eleven e seus amigos. Nesta temporada, porém, todos o elenco ganha sua devida importância no decorrer da trama. Will tenta seguir sua vida com o apoio dos amigos e da família, mas sempre acaba retornando as memórias do Mundo Invertido. Winona Ryder retorna ao papel da mãe super-protetora, mas diferente da figura chata que estávamos acostumados, Joyce finalmente entende o que está acontecendo com o filho e faz de tudo para trazê-lo de volta a normalidade.

Outro personagem levemente apagado, mas que ganha tremenda importância nos novos acontecimentos, é o o xerife Hopper (David Harbour). Sempre ao lado de Joyce e ainda um pouco confuso com o que estava lidando anteriormente, Hopper se torna quase um protagonista ao lado as crianças. Já tendo aceito o fato de que o Demogorgon é real, assim como o Mundo Invertido, Jim toma para si a missão de destruí-los e se revela um verdadeiro herói. Para quem estava acostumado a ver apenas Eleven salvando o dia, Harbour é mais uma mostra de que a garota não é a única atração de Stranger Things.

Além dos rostos conhecidos, novas adições corroboram para a qualidade dessa segunda temporada. Temos contato com alguns logo nos primeiros minutos do primeiro episódio, mesmo que primeiramente pareça confuso – calma, tudo será explicado depois. Linnea Berthelsen interpreta Kali e se torna essencial para compreendermos um pouco mais sobre a história de Eleven. Entretanto, após um episódio inteiro dedicado a personagem, a garota some e é praticamente esquecida na história. Com a confirmação da terceira temporada, nos resta torcer para que os diretores a tragam de volta. Paul Reiser interpreta o Dr. Owens e confesso que ainda estou procurando a necessidade de seu personagem. O ator de Whiplash desempenha bem sua função, mas por enquanto ela não teve pertinência.

Foto via: Netflix

Se os dois atores citados anteriormente não foram muito bem aproveitados, Sean Astin Sadie Sink entraram não apenas para o elenco, mas também em nossos corações. Descrito como a Barb (Shannon Purser) da segunda temporada, Astin representa uma visão mais “normal” em meio a tantas esquisitices. O namorado de Joyce faz de tudo para entrar para a família e em poucos minutos já se torna um de nossos favoritos. Mesmo aparecendo pouco, Bob nos lembra um pouco seu personagem em Senhor dos Anéis, fiel e essencial nos momentos de desespero. Com um comportamento completamente diferente, Sink interpreta Max, uma menina geniosa e temperamental de cabelos ruivos. Recém chegada da Califórnia, ela vive se esquivando do irmão Billy (Dacre Montgomery) – esse certamente não ficará em seu coração – e só quer aceita no grupo. Apesar da pouca idade, a jovem atriz se mostra extremamente confortável no papel que assumiu e certamente cairá nas graças do público, afinal, todos precisamos de uma zoomer.

O triângulo amoroso vivido por Nancy (Natalia Dyer), Jonathan (Charlie Heaton) e Steve (Joe Keery) volta a ser desenvolvido na nova temporada e, finalmente ganha um desfecho – o melhor possível. Deixando o lado romântico meloso de lado, os três adolescentes surpreendem com sua maturidade e desenvoltura, além de enfim revelarem o propósito de seus personagens. Finalmente, Millie Bobby Brown apenas comprova o motivo de ser uma das queridinhas do público ultimamente. De visual novo e nome novos, Millie repete um pouco do que mostrou na temporada anterior e acrescenta uma dose necessária de normalidade à Eleven. Menos sombria e mais independente, a menina demonstra ter amadurecido muito fora das telas, entregando uma figura poderosa e amável ao mesmo tempo. Contando com a ajuda dos efeitos visuais excelentes, protagoniza uma das maiores – e melhores- cenas da temporada, ao lado de David Harbour.

Foto via: Netflix

Não há como falar de Stranger Things sem comentar suas referências. Com um cardápio musical oferecendo clássicos como Scorpions e The Police, a trilha sonora é igualmente sensacional, além de ser fundamental para os momentos de clímax da série. Os nerds das antigas também ficarão satisfeitos com algumas o que irão relembrar em algumas cenas. É possível perceber diversas semelhanças com grandes obras do cinema, como Gremlins, Poltergeist e Alien, além dos tradicionais E.T. – O Extraterrestre, Os Goonies e Carrie, a Estranha, da temporada anterior. Até mesmo os jogos do Atari fazem uma participação, com direito as velhas máquinas de fliperama.

Por fim, Stranger Things consegue superar as expectativas em sua nova temporada. Com um belo trabalho de fotografia, efeitos visuais e trilha sonora, a trama se desenvolve e responde boa parte do que ficou em aberto anteriormente. Todo o elenco tem seu momento de destaque e importância, tirando a ideia de que é uma série sobre Eleven. Mesmo com a confirmação de uma continuação, os episódios encontram seu desfecho ainda nessa temporada e apenas a cena final cria espaço para a sequência. Os irmãos Matt e Ross Duffer acertaram mais uma vez, elevando ainda mais o nível de sua produção.

5

Excelente

Por fim, Stranger Things consegue superar as expectativas em sua nova temporada. Com um belo trabalho de fotografia, efeitos visuais e trilha sonora, a trama se desenvolve e responde boa parte do que ficou em aberto anteriormente. Todo o elenco tem seu momento de destaque e importância, tirando a ideia de que é uma série sobre Eleven. Mesmo com a confirmação de uma continuação, os episódios encontram seu desfecho ainda nessa temporada e apenas a cena final cria espaço para a sequência. Os irmãos Matt e Ross Duffer acertaram mais uma vez, elevando ainda mais o nível de sua produção.