Após o fim decepcionante de Game of Thrones, a HBO lançou em maio uma minissérie com pouca divulgação, mas, que na base do boca a boca, foi ganhando o gosto do público e da crítica.
Produzida por Craig Mazin, Chernobyl acompanha os bastidores do acidente nuclear catastrófico ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 da antiga União Soviética. A série mostra que houve muita negligência e arrogância por parte dos responsáveis da usina que, subestimaram o que acabara de acontecer.
A princípio, durante o primeiro episódio, Chernobyl parece ser uma série enfadonha por apresentar um ritmo lento. Mas, ela consegue fisgar o público por recriar com eficiência os detalhes do acidente, quase como um documentário. É até difícil definir o gênero da série. O primeiro episódio é documental. O restante navega com eficiência com o drama, terror, e um thriller político deveras envolvente.
A série é focada em três personagens: Valery Legasov (Jared Harris), Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård) e Ulana Khomyuk (Emily Watson). A personagem de Watson é fictícia e atua como a figura que se revolta com a inércia dos cientistas soviéticos. Apesar da competente performance de Watson, Jared Harris está soberbo. Legasov está perdido em mar repleto de tubarões. Consciente da realidade do desastre e das consequências, ele está de mãos atadas diante das mentiras e diálogos prontos para esconder o caso. “O perigo real é que se ouvirmos mentiras o bastante, não reconheceremos mais a verdade”. Essa frase de Legasov reflete muito o que é a série.
Uma coisa é certa! Chernobyl vai receber muitas indicações para prêmios televisivos. Principalmente, no âmbito técnico. A série é muito realista. A fotografia e montagem é algo fora da curva. O quarto episódio da série (na minha opinião o melhor) consegue unir a beleza e tragédia. A sequência que mostra crianças e famílias sendo contaminadas pela radiação é lindo pelo trabalho técnico com a câmera lentamente passeando por eles. Mas, ao mesmo tempo, é angustiante saber que todos acabaram de ser condenamos a morte.
Ao final, Chernobyl é um registro obrigatório de um caso não tão distante, mas que ainda repercute. Por conta da irresponsabilidade e ganância humana, o local do acidente está inabitável e pessoas continuando morrendo sob os efeitos da radiação. Vendo os documentos reais e as cenas da série, é inacreditável o trabalho cuidadoso da produção de design em recriar com tamanho realismo os eventos do desastre.
Chernobyl é uma fantástica surpresa e se credencia como uma das melhores séries não apenas da história da HBO, mas também da história televisiva.
Excelente
Chernobyl é uma fantástica surpresa e se credencia como uma das melhores séries não apenas da história da HBO, mas também da história televisiva.