Uma crítica aos Estados Unidos, suas guerras pelo mundo – diretas ou não – e a crença da sociedade americana no conceito de guerra justa. Garth Ennis e Kilian Plunkett tinham isso em mente quando fizeram a minissérie “Soldado Desconhecido“, revitalizando um antigo personagem da DC Comics, agora com o selo Vertigo.
“Um homem no lugar certo, na hora certa, pode fazer toda a diferença“.
É esse pensamento que permeia a obra inteira. Somos apresentados ao agente da CIA William Clyde, um homem que segue uma um código de ética bastante inflexível, o que gera bastante atrito com o seu ambiente. É isso que faz com que ele siga uma pista diferente, que o leva a conhecer o Soldado Desconhecido.
A partir daí ele começa a conversar com as poucas pessoas vivas que tiveram contato com essa figura misteriosa, sempre com o rosto coberto de ataduras. O Soldado Desconhecido lutou na Segunda Guerra Mundial. Esteve no campo de concentração de Dachau. No Irã, Vietnã e Nicarágua. Sempre sendo determinante para as batalhas que aconteceram lá.
O problema que uma figura como o Soldado Desconhecido não pode vir a público. Essa investigação tem pesadas consequências na vida de Clyde. Ele começa a ser perseguido por elementos do governo americano, que não querem que a notícia vaze.
“Soldado Desconhecido” é uma minissérie em quatro partes. É bem curta, apesar de ter bastante texto. Garth Ennis (Hellblazer, Justiceiro) está em excelente forma. Ele evita seu típico humor negro para contar uma obra pesada, que fala sobre patriotismo, cumprimento do dever e mais. Killian Plunkett tem um traço bastante sujo, que deixa a obra com um caráter mais underground. De longe você percebe que este não é um quadrinho de super-heróis.
Para aqueles que gostam de uma obra inteligente, cheia de espionagem, conspiração governamental e mistério, “Soldado Desconhecido” é um prato cheio. Ela é curta e foi lançada no Brasil pela Panini Comics e um formato bastante acessível, com um valor bem em conta. Vale muito a pena.