Poltrona Nerd entrevista João Paulo Sette, CEO do Social Comics

Recentemente, tivemos a oportunidade de conversar com João Paulo Sette, CEO do Social Comics, o serviço de streaming de quadrinhos que vem ganhando cada vez mais destaque no Brasil.

Logo no começo da conversa, já perguntamos de onde surgiu essa ideia inovadora na área dos quadrinhos e qual seria sua ligação com o Comixology, o serviço de leitura digital de quadrinhos dos EUA.

“O Social Comics surgiu 3 anos atrás, no início de 2013. Ele nasceu com uma ideia de ser uma rede social de quadrinhos. Eu queria trazer essa pegada de compartilhamento de conteúdo. Mas a ideia foi aprimorando cada vez mais. Fizemos uma pesquisa de mercado, entendemos direito como tudo funcionava e, depois de um longo planejamento, lançamos a plataforma. O Comixology serviu, claro, de Benchmark para avaliarmos muita coisa, afinal, ele é nosso principal concorrente, apesar de ter modelo de negócio diferente do Social Comics. Mas ele não foi inspiração. Nossa principal inspiração foi ver o mercado brasileiro de quadrinhos produzindo muito e entendemos que um modelo de negócio “estilo Netflix” seria um passo à frente para desenvolver esse mercado. Então nossa inspiração está muito mais pro Netflix do que pro Comixology. ”

Outro destaque muito interessante do Social Comics são os bons títulos nacionais, independentes e o destaque, que eles têm no catálogo da plataforma. Entretanto, parece haver um certo desinteresse por parte da imprensa e dos próprios leitores sobre a produção nacional. Sobre isso, ele responde:

“Sem sombra de dúvidas. Por isso damos bastante destaque, e continuaremos dando à produção nacional. Queremos expandir o mercado brasileiro não só dentro do próprio país, mas também internacionalmente. Acreditamos que, quanto mais ajudarmos a desenvolver o mercado, mais a imprensa e o próprio público darão mais chance. Na verdade, tudo que está acontecendo vem de um movimento reprimido do mercado. Vide a Comic Con Experience por exemplo, no seu segundo ano já está entre as 3 maiores comic cons do mundo, e os artistas nacionais são ovacionados por lá. ”

Apesar de o Social Comics contar com excelentes títulos no catálogo, as grandes editoras, principalmente a DC e a Marvel, parecem não estar muito abertas a esse sistema. Mesmo assim, João garante que esses títulos vão aparecer no catálogo em algum momento.

“Sem sombra de dúvidas teremos quadrinhos de grandes editoras na plataforma. É só uma questão de tempo. Aliás, nós já temos grandes editoras como a Dark Horse, Valiant e Maurício de Souza (que logo estará disponível). O Netflix, por exemplo, está causando uma revolução com a indústria audiovisual. O Social Comics causa a mesma impressão com o universo de quadrinhos. É tudo muito novo, as editoras estão aprendendo a lidar, existe bastante resistência ainda. Aos poucos vão descobrir que a plataforma é mais um canal de distribuição, e o melhor, muito barato. Já temos conversado com Image, DC, Marvel entre várias outras editoras internacionais. Todas já nos conhecem. É tudo questão de tempo e credibilidade, e essa credibilidade nós estamos construindo. Não podemos esquecer que Netflix tem 18 anos de existência e o Social Comics 6 meses. Estamos indo em um ritmo acelerado e aos poucos vamos construindo nossa marca. ”

Por ser uma plataforma com uma proposta diferente, nem sempre o público responde da melhor forma possível. Apesar dessa questão, parece que os assinantes estão bem empolgados com o serviço.

“Temos uma recepção maravilhosa. O feedback que recebemos é muito importante. A gente sente que todos querem contribuir para melhorar a plataforma. É como se nossos assinantes também trabalhassem conosco, são todos muito entusiastas. Quando uma empresa tem esse nível de engajamento, eu particularmente considero um resultado de um conjunto de fatores, desde a inovação da ideia até o sentimento que colocamos e que estamos construindo. ”

Nos últimos meses, estão sendo lançados alguns quadrinhos exclusivos muito interessantes na plataforma como, por exemplo, Diário de um Super. Sobre o licenciamento desses títulos, João comenta:

“Sobre o processo de lançamentos exclusivos na plataforma, temos recebido muitos artistas que querem desenvolver um trabalho junto conosco. Isso é maravilhoso porque mostra que estamos no caminho certo para a mudança do mercado. Queremos ter bastante conteúdo exclusivo, mas eles precisam passar por um processo de aprovação por nossa equipe editorial. Queremos ter conteúdo de qualidade. Diário de um Super, como você mesmo falou, é um exemplo disso. A história é muito divertida e está conquistando muita gente. Existe um contrato diferente e regras diferentes para conteúdos exclusivos no Social Comics e esse ano virão muitos conteúdos que estarão disponíveis apenas na plataforma. Em paralelo estamos trabalhando nossos conteúdos originais, ou seja, conteúdos desenvolvidos pela plataforma. Esse estão sendo escolhidos a dedo e precisarão de todo um processo antes de lançarmos. Teremos alguns que serão lançados na CCXP 2016. Sobre novos artistas, nós estamos muito abertos. Esse é um dos objetivos do Social Comics, queremos descobrir novos talentos. Sabemos que existem muitos escondidos ainda por aí no Brasil e mundo afora, e o Social Comics pode ser um canal para eles serem descobertos. ”

Por fim, todos os assinantes e futuros assinantes tem curiosidades sobre quais serão as novidades do Social Comics para o futuro.

“Uma coisa que posso falar é: aguardem bastante conteúdo exclusivo, aguardem grandes editoras internacionais, aguardem conteúdos inéditos no Brasil e nossa expansão internacional muito em breve. Tudo isso está se desenhando e precisamos apenas que todos tenham um pouco de paciência porque vem muita coisa boa por aí! ”