A premissa de O Fim do Mundo é Aqui logo me interessou. Publicado pela Editora Rocco no Brasil, a trama é repleta de pequenas lições de vida que certamente carregarei por um bom tempo. O estilo de livro desenvolvido por Amy Zhang foi o mais diferente que tive a oportunidade de ler. Diferente das tramas repletas de cenas de ação e elementos fictícios, esta é confusa, mas simples. Uma mistura de informações é exposta ao leitor desde as primeiras páginas, mas assim que entendemos a que veio, se torna fácil terminar a história. Por seus ensinamentos e sua bela mensagem, decidir trazer o livro ao Ler é Bom, Vai!
Sinopse
Vamos até lá em silêncio. Eu olho para minhas mãos. Tem quatro arcos perfeitos onde minhas unhas se cravaram na pele e uma linha da vida normal. Perfeitamente reta, de tamanho médio. Eu achava que o destino era fluido, porque não é essa a mensagem de todos os filmes da Disney e desenhos animados que passam na televisão?
Você faz escolhas. Você decide como será sua vida. Eu sempre achei que sua linha da vida mudaria se algo mudasse, bum, algo dá errado e a linha na palma da sua mão se entorta toda. Não. Continua igual.
Cravo as unhas na minha palma de novo e olho para a frente. Quem consegue ficar mais tempo sem piscar. Vamos lá, universo. Eu e você, aqui, agora.
O Livro
Com toda a certeza, esta foi uma das sinopses mais abstratas que já li. Entretanto, a falta de informações contribui para a surpresa que o livro de Amy Zhang nos proporciona. Não é uma história comum de adolescentes e seus problemas, mas sim algo muito mais denso e complexo.
A trama central de O Fim do Mundo é Aqui gira em torno de Janie Vivian, uma menina geniosa enfrentando os desafios de ser do ensino médio. A menina não quer que nada em seu redor seja ordinário, mas sim único. Ela tem uma imaginação enorme, que a transporta para longe da realidade frequentemente. Essa “segunda” vida fictícia influencia até mesmo a amizade com Micah. Ele aceita tudo que ela propõe sem questionar, afinal, é um garoto apaixonado. Juntos seguem algumas tradições próprias, como matar aula toda quinta feira e ir para uma pedreira local. Lá eles juntam pedras, conversam com a Metáfora e ficam bêbados com garrafas de vodka. Mesmo que sejam praticamente irmãos fora da colégio, lá fingem que não se conhecem. E é por isso que se torna tão difícil para ele provar que a o conhecia quando acorda no hospital.
O Fim do Mundo é Aqui é contado sob dois pontos de vista alternados. Enquanto Micah desenvolve o presente, Janie nos transporta para o que aconteceu até determinado momento. Ele se lembra que um significa para o outro “mais do que qualquer coisa” e “mais do que tudo”. Entretanto, quando pergunta ao amigo Dewey sobre o paradeiro de Janie, ele desconversa. Embora saiba o que realmente aconteceu, Micah se deixa acreditar no que o universo está lhe dizendo. Mas algumas coisas não fazem sentido. Por que os policiais vêm ao quarto e perguntam sobre um incêndio?
“A gente se conhecia até a ponta do dedo. Não, não é isso. A gente só se conhecia pela ponta do dedo, o que não era nada, mas por um tempo era suficiente. A gente podia ter sido uma história de amor, um conto de fadas, um filme alternativo sobre ensino médio e insanidade temporária protagonizado por um garoto feito de partes de anjos e uma garota feita de sonhos”
O Fim do Mundo é Aqui
Amy Zhang fez questão de construir sua história da mesma forma que os pensamentos giravam na cabeça de Micah e Janie. Não apenas a adolescência influenciava-os, mas o amor que sentiam um pelo outro. Ele enxergava uma menina que tentava ser quem era para ele, mas a realidade era outra. O que aconteceu com Janie acontece com milhares de garotas ao redor do mundo, e de igual maneira, poucos enxergam por trás do sorriso.
Em certo momento é provável que você adivinhe onde Janie está. Acima de tudo, sabemos o porquê de estar onde ela está. O desfecho de ambos os personagens é o melhor que O Fim do Mundo é Aqui poderia ter. A autora encontrou de sua própria maneira de construir uma trama manjada, com elementos originais e marcantes. O fim da adolescência pode ser mais complicado do que parece, assim como o início da vida adulta. Sabemos julgar os outros, mas muitas vezes não sobreviveríamos em seu lugar.