Antônio Carlos Belchior, músico e compositor cearense, decidiu passar os últimos anos de sua vida em exílio e fora do mercado musical. Após muito disse me disse, e uma matéria sensacionalista no Fantástico, o cantor deu um sinal de vida, mas preferiu continuar nessa jornada anônima pelo sul do país.
Viver é Melhor que Sonhar – Os Últimos Caminhos de Belchior, de Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti, é um road book da Editora Sonora, que acompanha os locais por onde o artista passou, além de um retorno providencial às raízes do artista na sua cidade natal, Sobral-CE, que pode explicar os motivos do exílio do cantor.
Sim, o livro deixa claro que existem vários motivos que levaram Belchior ao exílio. Pode ser na juventude, quando o jovem Antônio Carlos se tornou um seminarista, queria ser padre e passou três anos em um mosteiro em Guaramiranga, ou até na sua própria trajetória musical, quando mesmo fazendo parcerias com Elis Regina e com o intitulado Pessoal do Ceará, um grupo de jovens artistas cearenses, entre eles, Fagner, Ednardo e Fausto Nilo, o artista seguia uma jornada solitária.
Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti fazem um impecável trabalho de pesquisa, datando os locais, entrevistando os moradores das cidades onde o músico pedia ajuda. Viver é Melhor que Sonhar – Os Últimos Caminhos de Belchior pode ser definido como um grande avalanche que Belchior criou a partir do momento que decidiu dar um tempo e parar de fazer os shows. As dívidas vieram, as cobranças aumentaram e sua figura acabou se tornando motivo de chacota com os programas fazendo sensacionalismo com o seu nome. “Eu sou apenas um rapaz latino-americano”, dizia ele de forma simples, e nunca se considerando alguém famoso. Essa simplicidade acabou preparando sua queda e não tinha mais volta.
No próximo dia 26 de outubro, Belchior faria 75 anos. Um dos grandes artistas da música popular brasileira, que deixou um legado artístico incrível. Uma pena que não sabemos valorizar nossa cultura da forma correta, preferindo menosprezar do que valorizar.