Ler é Bom, Vai | Uma Dobra no Tempo e Um Vento à Porta

Há quem diga que uma vida é bem vivida é aquela marcada por riquezas e prazeres. Besteira em minha opinião. Afinal, de que adiantam bens materiais se não restarão lembranças quando fomos embora? Madeleine L’Engle soube viver sua vida, de fato. A escritora estadunidense faleceu em 2007, mas seu legado permanecerá para sempre na literatura mundial. Dessa forma, escolhi não apenas um livro da autora para o Ler é Bom, Vai! de hoje, mas dois! Uma Dobra no Tempo estreou no cinema nas últimas semanas, entretanto, o que poucos sabem, é que esse é apenas o primeiro capítulo de uma série de quatro! Entretanto, apenas os dois primeiros foram publicados no país, pela Editora HarperCollins Brasil. Por isso, Uma Dobra no Tempo e Um Vento à Porta são os protagonistas de hoje!

Sinopse – Uma Dobra no Tempo

Era uma noite escura e tempestuosa; a jovem Meg Murry e seu irmão mais novo, Charles Wallace, descem para fazer um lanche tardio quando recebem a visita de uma figura muito peculiar. O que seria um tesserato? O pai de Meg bem andava experimentando com a quinta dimensão quando desapareceu misteriosamente. Agora, com a ajuda de três criaturas muito peculiares, chegou o momento de Meg, seu amigo Calvin e Charles Wallace partirem em uma jornada para resgatá-lo. Uma jornada perigosa pelo tempo e o espaço.

O Livro

Uma Dobra no Tempo é, provavelmente, um dos livros com mais ficção que eu já li. Poucas são as descrições que existem no mundo real, e até mesmo no tempo real. Em primeiro lugar, Madeleine criou um mundo próprio para sua história. A trama narra a história dos irmãos Meg e Charles Murry. Os pais das crianças são cientistas, e desde o sumiço do pai, sua mãe tenta de todas as maneiras encontrá-lo. O que nenhum deles imaginava, porém, é que seu pai não estava em nenhum lugar da Terra. O pai de Meg e Charles desapareceu em algum lugar do espaço.

Inesperadamente, Charles apresenta a irmã a três figuras curiosas: as senhoras Quequeé, Quem e Qual. Mesmo que pareçam bruxas, não há como afirmarmos o que elas são exatamente. Após algumas conversas pra lá de estranhas, os irmãos descobrem novas informações sobre o pai. Em seguida, com a ajuda do amigo Calvin, decidem embarcam em uma aventura de resgate. Para o desespero e surpresa de todos, os amigos passam a conhecer criaturas de outros planetas. Não apenas somos apresentados a outra noção de espaço, mas também uma outra noção de tempo. Definições terrenas não são nada perto do que Madeleine nos mostra em Uma Dobra no Tempo.

Divulgação/HarperCollins Brasil

Sinopse – Um Vento à Porta

Charles Wallace está em perigo. E o mundo todo também. Quando a família Murry pensava que os problemas haviam terminado, um novo desafio surge. Charles Wallace agora tem seis anos de idade e na escola o menino se tornou um problema. Sofrendo bullying constante, Meg acha que o novo diretor da escola deveria ser responsável pelo menino. Mas há algo estranho acontecendo. Charles Wallace diz a Meg que há dragões no quintal de casa e ela descobre que os dragões na verdade são Proginoskes, querubins feitos de asas, vento e chamas.

O Livro

Depois de ler o primeiro volume, não há porque nos surpreendermos com as esquisitices de Madeleine L’Engle. Pelo contrário, em Um Vento à Porta buscamos exatamente as mesmas características do primeiro.

Meg, Calvin e Charles estão de volta como protagonistas. Após enfrentar uma das aventuras mais estranhas e emocionantes de suas vidas, eles são forçados a encarar mais uma. Dessa vez, porém, o objetivo central é muito mais sério. Enquanto os irmãos queriam resgatar o pai no primeiro livro, no segundo a vida de Charles está por um fio. Cada vez mais fraco, o menino depende da irmã e do amigo para permanecer vivo. Novas figuras adoráveis são introduzidas na história, como Proginoskes, mas outras nem tanto.

Quando Meg, Calvin e os novos membros do grupo são obrigados a entrar dentro de uma das mitocôndrias de Charles, a história toma um novo rumo. O universo mágico dá lugar a uma misteriosa força sobrenatural, sobretudo extremamente perigosa.

Divulgação/HarperCollins Brasil

O Que Achamos?

Preciso falar sobre as capas dos livros. A HarperCollins Brasil merecia ganhar um prêmio apenas pela maneira como a história foi encadernada e organizada. De capa dura, ambos os livros atraem o leitor sem fazer muito esforço. Quem não iria querer ler algo escrito dentro de uma arte maravilhosa como estas?

Primeiramente, Uma Dobra no Tempo e Um Vento à Porta são destinados a qualquer tipo de público. Não podemos negar que foram feitos basicamente para crianças, mas as lições que a autora ensina em suas páginas são essenciais para todas as idades. A fórmula usada para a criação do enredo é a mesma que faz sucesso em tantas fantasias. Os personagens foram muito bem desenvolvidos e desenhados na mente do leitor, mesmo que o primeiro livro tenha ganho adaptação para o cinema. Meg é a figura central, e o fato da história ser contada em terceira pessoa é fundamental para entendermos melhor suas decisões. Os livros não são daqueles que podemos ler sem muita atenção, é preciso usar inteligência. O abstrato predomina nas páginas, por isso é necessário ter a cabeça aberta.

O único ponto negativo em minha opinião, é o número de lacunas que ficam sem preenchimento. Muitos pontos ficam jogados e sem maior desenvolvimento, e dessa forma, algumas dúvidas permanecem. A mensagem central é, sem dúvidas, sobre o amor. Entre amigos e familiares, é preciso que haja companheirismo e confiança, por exemplo. Quando levamos isso em conta, os livros de Madeleine L’Engle são perfeitos. Entretanto, um maior esclarecimento de determinadas situações fecharia com chave de ouro o que já é maravilhoso.

Divulgação

Uma Dobra no Tempo está em cartaz nos cinemas, não deixe de assistir a adaptação do livro descrito aqui!

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