Ler é Bom, Vai | O intenso thriller psicológico de Karin Slaughter em Flores Partidas

Antes de começar a escrever sobre o livro, gostaria de agradecer a Editora Harper Collins pela confiança e parceria em nosso trabalho. Para começar com o pé direito essa relação, a HC nos enviou dois livros de Karin Slaughter, uma autora norte-americana que nos dará a honra de sua presença na XVIII Bienal Internacional do Livro Rio. Os dois exemplarem logo me chamaram atenção pelas capas, semelhantes e divergente entre si ao mesmo tempo, e é sobre um deles que falarei hoje no Ler é Bom, Vai!

Eu ainda não estava familiarizada com o trabalho de Slaughter, mas após ler Flores Partidas já adicionei-a a lista de minhas autoras favoritas. Sempre fui uma pessoa apaixonada e viciada em séries policiais, desde C.S.I e Law & Order aos livros de Agatha Christie. Gosto quando os desfechos terminam por ser algo que eu não esperava, mas mesmo quando não o fazem, é a maneira como tudo é entrelaçado que fica marcado. Sem adiantar o texto, foi exatamente o que aconteceu com a trama de Karin, pois mesmo não sendo difícil adivinhar quem está por trás de todas as atrocidades, é a complexidade desenvolvida em cada personagem que capta nossa atenção do início ao fim. Não há a menor dúvida de que Flores Partidas foi uma das gratas surpresas literárias que tive neste ano.

A trama se inicia nos exatos 24 anos após o desaparecimento de Julia Carroll, irmã mais velha de Lydia e Claire. Devido a confusões, brigas e desentendimentos no passado, as duas irmãs pararam de se falar e seguiram suas vidas separadamente, até o momento do livro. Quando o marido de Claire é assassinado, o destino corrobora para um reencontro das irmãs nas piores condições possíveis, despertando lembranças e mágoas que as mantiveram longe durante todo esse tempo. Não pense que estamos descrevendo um drama familiar digno de Casos de Família, pois a história de Karin é intensa, triste e extremamente detalhada e violenta em diversas situações – durante diversos momentos me peguei querendo entrar no livro para evitar que algo acontecesse.

Três personagens tem seu ponto de vista descrito nas páginas: o pai das meninas, Sam Carroll, que escreve cartas para a filha desaparecida; Lydia, que narra a vida ao lado da filha adolescente; e Claire, sofrendo o luto pela perda do marido e o choque pelas descobertas que faz sobre ele. Flores Partidas é sobre a complexidade que cada figura desenvolve ao longo da trama, e o fato de três pontos de vista serem expostos ao leitor é essencial para uma melhor compreensão do enredo. A intensidade de cada situação nos assusta e nos motiva a continuar lendo para chegar ao desfecho, que mesmo previsível, acaba nos surpreendendo.

Outro fator que me agradou muito durante a leitura foi a inexistência de um(a) mocinho(a) e/ou um(a) vilão(ã). Está certo que temos um assassino psicopata na história, mas atribuir apenas a ele a responsabilidade de ser o lado ruim da trama é equivocado. Assim como nós, as irmãs Carroll tem segredos em seu passado que continuam a persegui-las no presente, e são eles que acabaram por separá-las e uni-las quando mais precisam. O livro é cheio de reviravoltas e quando achamos estar chegando perto do fim, Karin vem e nos leva para um destino completamente diferente do que imaginávamos. Como foi descrito no título da matéria, Flores Partidas é um thriller psicológico tenso e esse sentimento permeia por todas as páginas. Através de uma escrita simples, mas rebuscada, a autora envolve o leitor desde as primeiras páginas de sua história e nos estimula a querer sempre mais.

Slaughter escreveu também um livro chamado “A Garota de Olhos Azuis”, no qual é contada a história de Julia Carroll. Caso você tenha lido Flores Partidas primeiro, saberá o que aconteceu com a menina, caso contrário isso ainda é um mistério. A autora nos mostra a perspectiva de Julia dentro de tudo que aconteceu com ela, mesmo antes do sequestro em 1991, e sem revelar a trama de Flores Partidas, esclarece muitos fatores do mesmo. Não é uma sequência, mas sim um complemento para quem já é fã do trabalho da autora.

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