Karin Slaughter é mesmo fantástica. Após fazer eu me apaixonar por sua escrita em Flores Partidas, a autora retorna ao Ler é Bom, Vai! com seu mais novo lançamento, o romance policial Esposa Perfeita. Apesar de terem as capas (extremamente) parecidas e maravilhosas feitas pela Editora HarperCollins, os dois livros não se relacionam em nada um com o outro e a única semelhança fica na qualidade de escrita da autora.
Com a descoberta de um corpo de um ex-policial em um canteiro de obras, o detetive Will Trent é chamado para resolver um caso muito perigoso. Ao analisar o cadáver, Sara Linton – nova investigadora forense e amante de Will – nota que parte do sangue do presente na cena do crime é de outra pessoa. Há uma outra vítima: uma mulher, que desapareceu… E que vai morrer se não for encontrada logo.
Para piorar, o terreno pertence a um atleta rico, poderosos, com amigos no Congresso e um dos advogados mais inescrupulosos que existem. Um homem que já escapou de acusações de estupro, apesar dos esforços de Will para colocá-lo na cadeia.
Mas o pior ainda está por vir. Evidências conectam o passado turbulento de Will com o crime… E as consequências vão despedaçar sua vida, colocando Will em conflito com todos ao seu redor, incluindo seus colegas de trabalho, sua família, seus amigos e, acima de tudo, o suspeito que ele tanta procura: sua ex-mulher.
Esposa Perfeita é o oitavo livro da série Will Trent – o detetive protagonista – mas a leitura de seus antecessores não é obrigatória. Assim como Dan Brown faz com Robert Langdon, Slaughter criou diversos casos envolvendo o policial. Esse foi meu primeiro contato com Will e posso garantir que não fiquei perdida ou confusa em momento algum. Se você já leu alguns dos outros sete, provavelmente vai entender melhor o relacionamento entre ele e sua esposa Angie, mas Karin faz questão de explicar para os fãs de primeira viagem.
Escolhi começar pela ordem de lançamento e deixei Esposa Perfeita para depois de Flores Partidas, o que não recomendo. Mesmo tendo gostado bastante do novo lançamento, me apeguei muito mais ao anterior e esperava algo no mesmo nível. O ritmo da nova história é mais lento, mais detalhado e mais gradualmente descrito, o que torna sua leitura um pouco parada em alguns momentos. A violência contra a mulher volta a ser abordada em uma obra de Slaughter, desde relacionamentos abusivos em casa, como também no trabalho, na família, entre os amigos e muitos outros. Logo no prólogo já podemos ter uma ideia do que nos aguarda nas próximas páginas e em muitos momentos quis entrar nelas, sacudir Will e guiar-lhe pelo caminho certo.
O que me fez continuar rapidamente com a leitura foi a curiosidade, aguçada pela autora desde a primeira página. Mesmo só tendo dois livros, já é possível definir como marca de Karin Slaughter a desenvoltura de seus personagens. Sempre muito bem trabalhados, inteligentes e com um papel importante na história, suas figuras são a chave de seus mistérios. Depois de ler Esposa Perfeita fiquei ainda mais ansiosa para conhecer melhor a trama de Will e Angie, além de suas complicações e mistérios. Sentimos na pele o sofrimento interno do detetive, assim como sua indecisão em relação a namorada e a “ex”-mulher.
Gostaria que Karin tivesse encurtado mais sua história e seus capítulos, pois além dos elementos já citados anteriormente, a demora para uma conclusão naquele momento desanima e deixa os leitores cansados. Confesso que só fui gostar do livro na metade, mas depois que engata não dá para acabar com ele em segundos. O distanciamento dos narradores pode ter corroborado para essa demora, pois diferentemente do que acontece em Flores Partidas – onde os narradores são muito próximos ao leitor, demora um tempo para sentirmos empatia pelos personagens. Em resumo, é preciso ter paciência para se deliciar com o novo livro de Karin Slaughter, mas ela irá lhe recompensar no final.