Quando a Avec Editora me enviou a HQ de Alena, fiquei um tanto quanto intrigada em relação a seu conteúdo. Estampando uma menina ensanguentada e com uma tesoura enorme nas mãos, logo percebi não se tratar de uma simples história em quadrinho, mas sim de algo muito mais intenso e macabro. Banhado em tons de vermelho, o material chama a atenção do leitor logo de cara, principalmente por seus desenhos bem feitos e extremamente bem elaborados.
“A vida de Alena é um inferno. Desde que começou a estudar em um colégio cheio de colegas esnobes, ela sofre bullying de Filippa e das outras meninas do time de lacrosse. A melhor amiga de Alena acha que já chega de aguentar todo esse abuso. Seja da conselheira, do diretor, de Filippa ou de qualquer outra pessoa nessa escola repulsiva. Josefin promete resolver o assunto por conta própria a menos que Alena dê o troco. Só existe um problema: Josefin está morta há um ano.”
No começo da história pensei estar lendo algo para adolescentes, pois preenche todos os requisitos para tal. Meninas ricas e bonitas fazendo bullying com a garota pobre e diferente. Isso sem falar nos garotos populares, preocupados apenas com seus hormônios a flor da pele. Alunos de uma escola para milionários, não é de se imaginar que Alena se sentisse um peixe fora d’água. A crueldade enfrentada pela menina ultrapassa os muitos limites de brincadeiras entre alunos, mas estão longe de serem fictícios.
Apesar de ter sido lançada no Brasil esse ano, Alena já foi adaptada para os cinemas em seu país de origem em 2015. Carregada de suspense e terror, a história da adolescente consegue penetrar na mente do leitor e nos faz questionar a amplitude de nossas ações. Lutando contra si mesma por ter uma opção sexual diferente do restante da escola e tentando se encaixar de qualquer maneira, Alena tenta enganar a si mesma e vive um intenso conflito interno por isso. A única pessoa que a entendia era sua melhor amiga Josefin, que há 1 ano não está mais entre os vivos.
Desde a morte da amiga, Alena passou a vê-la com frequência a seu lado. No maior estilo The Walking Dead, Josefin se tornou uma espécie de sombra macabra ao redor da garota. Tendo sido desenhada em tons de verde musgo, a coloração colabora para o ar zumbi da personagem, além de diálogos pra lá de assustadores.
“– Como assim, conheci um cara? – inquire a espevitada Josefin à tímida Alena. – Desde quando a gente se interessa por caras?”
Me surpreendi com a trama de Andersson. Frenética e incrivelmente perturbadora, não era o que eu esperava ler quando abri a primeira página. Espero que, assim como aconteceu em seu país de origem, possamos ter uma versão adaptada para o cinema. Apesar de o Ler é Bom, Vai! ser principalmente sobre livros, não pude deixar de falar dessa história em quadrinho detalhada e muito bem desenvolvida que Kim W. Andersson criou.