Ler é Bom, Vai | Jogador Número 1, de Ernest Cline

Poucas vezes na vida optei por reler um livro. Não só pela falta de tempo, bem como pela vontade de conhecer novas tramas, ler uma história novamente não me agrada. Entretanto, o fiz três vezes ao longo dos anos. O livro que trouxe hoje para o Ler é Bom, Vai! é um deles. Jogador Número 1 se tornou não apenas um dos meus livros favoritos, como também uma das adaptações. Ernest Cline conseguiu desenvolver uma trama repleta de detalhes e ação até mesmo nas páginas. Antes da ver sua história estrelada em uma tela de cinema, já imaginava-a da forma como foi retratada. E qual melhor maneira de adaptar um enredo originalmente maravilhoso, do que entregá-lo nas mãos de Steven Spielberg? O resultado? Jogador Número 1 foi um dos filmes mais elogiados de 2018.

Mas não é sobre o filme que viemos falar, e sim sobre o livro de Cline. Vamos a ele.

Sinopse

Um mundo em jogo, a busca pelo grande prêmio. O ano é 2044 e a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego empurraram a humanidade para um estado de apatia nunca antes visto. Wade Watts é mais um dos que escapa da desanimadora realidade passando horas e horas conectado ao OASIS – uma utopia virtual global que permite aos usuários ser o que quiserem; um lugar onde se pode viver e se apaixonar em qualquer um dos mundos inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 1980. Mas a possibilidade de existir em outra realidade não é o único atrativo do OASIS.

O falecido James Halliday, bilionário e criador do jogo, escondeu em algum lugar desse imenso playground uma série de easter-eggs que premiará com sua enorme fortuna – e poder – aquele que conseguir desvendá-los. E Wade acabou de encontrar o primeiro deles. 

Jogador Número 1
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Jogador Número 1

Quando pensamos no futuro, pensamos em carros voadores, teletransporte e um mundo ideal para todos viverem em perfeita igualdade. 2/3 dessas informações estão corretas de acordo com Jogador Número 1. Embora o nível tecnológico tenha avançado exponencialmente em 2044, ainda há tamanha pobreza e desigualdade social. Entretanto, uma pequena diferença faz com que a vida daqui a 26 anos seja mais aceitável. Em meio a tanta tristeza, a fuga para o mundo virtual do OASIS se torna necessária. E não pense que se trata de um simples jogo, pois é ele que rege a hierarquia da sociedade. O sistema educacional e os empregos foram transferidos para lá, assim como boa parte da infraestrutura do dia a dia.

O OASIS não é diferente de muitos jogos de realidade virtual. Primeiramente, você precisa de um equipamento para jogar, ou seja, um óculos de VR. Uma vez que são colocados, o jogador é transportado para um mundo novo. O OASIS permite que as pessoas criem seus próprios avatares, desde cores de cabelo exóticas até monstros e gigantes com um crânio no lugar do tórax. O universo do jogo se transformou após a morte de seu criador. Não apenas pela tristeza que se assolou, como também pela Caça ao Easter Egg de Halliday. Adultos, jovens e crianças começaram a dedicar suas vidas a procura das pistas, que resultariam em três chaves. Uma vez na posse delas, o jogador chegaria ao prêmio final, a enorme fortuna do empresário.

Jogador Número 1
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Os Personagens

Ernest Cline desenvolveu seus personagens minuciosamente. Era preciso que o leitor se identificasse com cada um para que o objetivo central do livro fosse entregue.

Wade

Ele é um menino pobre, órfão e que a realidade se resume em dormir na cozinha de sua tia. Além disso, é provável que seja o maior expert em James Halliday que existe. Apesar de poucas condições financeiras, ele gastou todo o seu tempo em pesquisas nos diários deixados pelo criador do jogo. Dentro do OASIS, ele usa o nome Parzival.

Aech

O melhor amigo de Wade é Aech, embora eles nunca tenham se encontrado pessoalmente. O interesse por Halliday e pela busca das chaves os uniu.  Além de enorme senso de humor, ele também é muito bom em consertar coisas. Sua oficina é descrita como um grande hangar repleto de sucata, e o filme nos ajudou a visualizar isso.

Art3mis

Art3mis é famosa dentro do OASIS. Assim que aparece pela primeira vez, não é difícil adivinhar o que acabará acontecendo entre ela e Wade. Além de sua enorme admiração pela garota, o lado adolescente floresce quando ele a vê frente a frente no jogo. Ela é destemida e disposta a tudo para conseguir a enorme fortuna de Halliday, mas não contava com se apaixonar.

Outros

Além do trio, outras figuras ajudam a compor a história de Jogador Número 1. Daito e Sho são irmãos no jogo e melhores amigos na vida real. Embora estejam na busca pelo ovo, não exitam em ajudar Wade e seus amigos.  Nolan Sorrento é o que podemos chamar de vilão da trama. Ele é o magnata dono da corporação IOI, a segunda maior empresa do mundo. Com acesso a diversos hackers, tecnologias e recursos, ele está disposto a tudo para colocar as mãos no ovo.

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O Que Achamos?

Uma das melhores sensações para um nerd/geek é a que temos ao reconhecer uma referência. E Jogador Número 1 é repleto delas. Algumas de forma sútil, outras bem claras, elas trazem a história fictícia um pouco do nosso mundo. O carro que Wade dirige, por exemplo, é o DeLorean de De Volta para o Futuro. Você certamente já ouviu falar de Artemis, deusa da caça, irmã de Apolo e filha de Zeus. Jogos como Atari, Adventure e Dungeons and Dragons são mencionados diversas vezes nas páginas.

Não demorei para me apaixonar por Jogador Número 1. Desde os primeiros capítulos não consegui mais largar a história, que tem quase 500 páginas. Se você é um fã de cultura pop, o livro de Ernest Cline é um prato cheio. Com escrita leve, mas detalhada, o autor nos traz para dentro do OASIS e faz com que nos sintamos parte do jogo. O número de páginas não importa quando a leitura flui, e isso certamente acontece nesta história. A busca pelo easter egg é um mergulho no entretenimento dos anos 80, e nós somos passageiros dessa viagem incrível.

Não pense que é preciso gostar de videogames para entender Jogador Número 1. Assim como para todas as idades, o livro é destinado a qualquer tipo de público. Dependendo de sua bagagem cultural, a trama se tornará ainda melhor. Publicado pela primeira vez no Brasil em 2012, pela Editora LeYa, o livro ganhou uma nova versão com a capa do filme. Por fim, quando pensamos que não há como ficar ainda melhor, a editora traz uma capa linda e colorida com os atores do longa.

Jogador número 1
Divulgação/LeYa
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