Blood, por J. M. DeMatteis e Kent Williams Blood, por J. M. DeMatteis e Kent Williams

Ler é Bom, Vai | Blood, por J. M. DeMatteis e Kent Williams

Um quadrinho complexo e desafiador. Assim podemos chamar Blood – Uma História de Sangue, escrita por J. M. DeMatteis e desenhada por Kent Williams. Foi lançada aqui no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim.

Blood é complicado. Está muito longe daquela narrativa padrão do comics americano que estamos acostumado. Existe momento de prosa, quase sem desenhos. Outros que apenas desenhos nos são entregues. Talvez não seja um quadrinho para todos, mas aqueles que derem uma chance a ele vão ver sua cabeça explodir, pelos muito significados contidos.

Um rei moribundo recebe a visita de uma garota. Ela lhe conta a história de um menino que é encontrado por duas mulheres. Depois, esse menino é entregue a um monastério, onde é educado conforme a crença daquele lugar. Ouvindo que o lugar é sagrado, e que Deus dá os escritos para os monges, que o abusam e espancam.

Anos depois, já adulto, ele descobre que era o seu “Pai”, o líder do monastério, que escrevia os livros sagrados. o Menino, agora já um Homem, se revolta e mata o sacerdote, fugindo.

Ele viaja um mundo em um balão, até que cai na Vale da Dor, onde o Ancião cuida das pessoas de lá. É o Ancião que lhe dá seu nome: Blood. Ele o mata também, e foge para uma floresta, onde é atacado por vampiros e transformado em um.

E tudo isso é apenas a primeira edição.

Em nenhum momento Blood se preocupa com coisas como dizer onde e quando se passa a história. Parece um lugar perdido no tempo e espaço. Mesmo as pessoas não tem nome, exceto Blood, são O Menino, O Pai, A Mulher, O Pequenino, O Ancião… É narrada de maneira a parecer uma fábula, um sonho. A maneira que os eventos vão acontecendo, em um fluxo estranho.

O grande tema de Blood, se podemos chamar assim, é o círculo da vida. Tudo se encontra em um ciclo de nascimento, morte renascimento, que os personagens passam várias vezes. O personagem que era hoje acaba se descobrindo outro personagem no futuro, em uma obra bastante cíclica.

O roteiro de J. M. DeMatteis é sensacional, e combina com a arte pintada de Kent Williams. Eles conseguiram vender Blood primeiro para a Marvel Comics, que publicou em sua linha autoral, a Epic Marvel. Alguns anos depois, com pequenas alterações, relançaram pela Vertigo da DC Comics.

Blood é um quadrinho que todos deveriam experimentar, para abrir sua cabeça em relação ao que pode ser feito com essa mídia. Vale o investimento.