Que livro sensacional. Good Omens, ou Belas Maldições, na tradução original, escrito a quatro mãos por Neil Gaiman e Terry Pratchett. Divertido, engraçado e que faz você refletir sobre a vida e suas escolhas de uma maneira perspicaz. A combinação de humor non sense e crítica social que os ingleses fazem tão bem.
Os dois autores ingleses estavam em momentos diferentes da carreira quando lançaram este livro. Terry Pratchett já era um autor consagrado pela série de fantasia Disc World, enquanto Neil Gaiman ainda era conhecido como um autor de quadrinhos, com o sucesso de Sandman mostrando seu talento.
Good Omens narra o fim dos tempos, a chegada do Armagedom. A batalha das forças do bem e do mal, representadas pelos anjos e demônios. Com isso o mundo vai acabar, e ninguém sabe o que vai acontecer depois. Dois personagens, que estão desde o início dos tempos em meio aos humanos, Aziraphale e Crowley, decidem tentar impedir isso de qualquer maneira. Com o tempo eles se tornaram quase amigos, e trabalham juntos em busca de uma neutralidade.
O primeiro passo para o início do apocalipse é a chegada anticristo. Ele é chamado em Good Omens de “Adversário, Destruidor de Reis, Anjo do Abismo, Grande Besta que é chamada de Dragão, Príncipe deste Mundo, Pai das Mentiras, Cria de Satã e Senhor das Trevas“. Chamado assim várias vezes, diga-se de passagem. Ele deveria ser entregue para um americano, mas por uma confusão realizada, acaba com uma família comum de Tadfield, no interior da Inglaterra.
Onze anos depois, os eventos do fim do mundo acontecem. Uma improvável trupe se junta para tentar evitar isso. Anathema Device, descendente de uma profetisa; Newt Pulsifer, caçador de bruxas iniciante; o também caçador sargento Shadwell e sua locatária, madame Tracy. Eles nem mesmo sabem o que está acontecendo, mas vão dar seu melhor na situação que se apresenta.
A favor do fim dos tempos temos os anjos, os demônios e os quatro cavaleiros do Apocalipse: Guerra, uma jornalista internacional; Fome, um magnata da indústria alimentícia e também ícone da moda; Poluição, que só anda por aí fazendo sujeira mesmo; e a Morte, sempre em seu estilo preto. Os quatro motoqueiros do apocalipse.
No meio deste confronto temos Eles, a segunda gangue mais durona de Tadfield: Pepper, Wesleydale, Brian e seu líder, Adam Young, o próprio anticristo; junto do fiel Cão, um vira-lata que é também um cão cérberos do inferno, enviado para proteger seu dono. Quatro crianças e um cachorro brincando enquanto chega o fim do mundo.
Good Omens fica trocando a perspectiva de quem narra a história. Os personagens que passamos mais tempos são justamente Aziraphale, Crowley e Adam. Neil Gaiman e Terry Pratchett usam um estilo muito semelhante ao de Douglas Adams, com tiradas engraçadas que combinam humor e crítica social. As crianças são um espetáculo a parte, porque realmente soam como crianças de onze anos, e suas brincadeiras, seu entendimento das coisas, as vezes perspicaz, as vezes ingênuo.
É aquele tipo de história que você acompanha até o fim, porque sabe que tem alguma coisa a mais, uma mensagem escondida no meio de todos esses eventos loucos e sem sentidos. E quando você chega no fim e entende qual é a mensagem, existe uma sensação de bem estar. Neil Gaiman e Terry Pratchett usaram Good Omens para falar sobre o bem e o mal no mundo e dentro de nós mesmos. E essa é uma jornada que precisa ser acompanhada.