Steven Spielberg é um cineasta que dispensa comentários. Mas, nos últimos 10 anos, pelo menos, parece que deixou de lado sua incrível qualidade técnica entregando filmes razoáveis e, que beiram ao sentimentalismo. Foi assim com os recentes Cavalo de Guerra e Lincoln, produções grandiosas que se perdem na vontade do diretor em querer apelar para o emocional.
Em Ponte dos Espiões, Spielberg meio que volta às suas origens e surpreende em apresentar um thriller de espionagem clássico, que foge do convencional. Aqui não há glamour ou aquela imagem de espião galante com pinta de James Bond. O longa escrito por Matt Charman, Ethan Coen e Joel Coen apresenta uma visão realista deste mundo.
Inspirado em fatos, a trama é ambientada durante a Guerra Fria, marcado pelo uso de espiões em busca de informações sigilosas. É aí que o advogado de seguros James B. Donovan (Tom Hanks) é surpreendentemente escalado para defender Rudolf Abel (Mark Rylance), acusado de ser um espião soviético em Nova York. Sua escolha foi para garantir um julgamento internacional justo. Mesmo sem a aptidão para esse tipo de caso, Donovan se envolve totalmente e busca meios legais de inocenta-lo. Mas aí, o piloto americano Francis Gary Powers (Austin Stowell) e o estudante Frederic Pryor (Will Rogers) são capturados pelos soviéticos, que propõem uma troca de prisoneiros.
Desde o início do longa, fica clara a intenção de mostrar um ambiente bucólico e sem cores, o que reflete o mundo dos espiões, já com anos de trabalho exercido, e que só querem descanso. O roteiro estabelece uma visão crítica acerca da postura americana, mais preocupada em interesse político do que na justiça plena. Os agentes da CIA são representados como meros fantoches do governo, fazendo apenas o que lhes foi ordenado.
A atuação de Tom Hanks justifica sua escolha pela serenidade e integridade. Donovan, logo percebe onde está pisando e que se deixar levar por influências externas será apenas mais um a ser usado pelo sistema. Seu envolvimento no caso de Abel logo o faz perceber que tudo não passa de um esquema político.
Spielberg demonstra audácia em empregar uma sequência em que as crianças norte-americanas são influenciadas por imagens que visam o ódio e medo pelos comunistas, criando uma ilusão para que os pequenos se escondam embaixo da mesa com o intuito de escapar de um ataque nuclear.
Porém, o diretor mais uma vez, se arrisca em estabelecer sequências desnecessárias, que visam apenas estabelecer o personagem de Hanks em um herói que está se arriscando e colocando sua família em risco, quando o telespectador já está envolvido com o personagem.
Ponte dos Espiões apresenta sequências incríveis, o primeiro ato do longa é deveras eficiente. Um thriller que não tem medo de fazer uma crítica a postura governamental americana daquela época, e que se estendeu durante muitos anos. Há quem diga que nada mudou por lá. Talvez por isso, o longa tenha recebido algumas opiniões negativas dos estadunidenses.
Resumo
Ponte dos Espiões apresenta sequências incríveis, o primeiro ato do longa é deveras eficiente. Um thriller que não tem medo de fazer uma crítica a postura governamental americana daquela época, e que se estendeu durante muitos anos. Há quem diga que nada mudou por lá. Talvez por isso, o longa tenha recebido algumas opiniões negativas dos estadunidenses.