O cenário cinematográfico atual está repleto de filmes de heróis. Independente do estúdio de preferência, não há como negar: super-heróis são sempre super-heróis, e seus filmes parecem sempre ter saído de um mesmo molde. Deadpool chegou para quebrar todos os paradigmas e mostrar que a Marvel também sabe divertir. O sucesso da primeira produção foi sem dúvida, surpreendente. O resultado pode ser visto nos milhares de fãs trajando camisas e máscaras com o rosto do mercenário. Embora fosse difícil superar o que vimos em 2016, Deadpool 2 consegue nos fazer gargalhar ainda mais. Não apenas saímos com a sensação de missão cumprida, como também não podemos deixar de pensar na possibilidade de um próximo. Mas será que a franquia consegue se sustentar em mais uma produção?
O Filme
O Mercenário Tagarela retorna aos cinemas, e traz com ele seus companheiros. Alguns rostos já são conseguidos por nós, como os X-Men Colossus (Stefan Kapicic) e Míssil Adolescente Megassônico (Brianna Hildebrand). Os fiéis amigos de Wade (Al Cega e Fuinha) também estão de volta, com destaque para um Dopinder (Karan Soni) sanguinário que certamente não vimos no primeiro filme. A grande novidade da sequência fica por conta do grupo de “heróis” formado por Deadpool: o X-Force. Inegavelmente, por si só o nome já é uma grande referência ao grupo do Professor Xavier. Conforme o filme avança, percebemos que essa é apenas uma pequena amostra da quantidade de menções que o filme faz ao passado e o presente da Marvel.
O personagem de Ryan Reynolds é forçado a salvar a vida de Russel (Julian Denninson), um garoto mutante perseguido por seus poderes. Quando Cable (Josh Brolin) se junta a caça pelo menino, cria com Wade a melhor relação de “vilão e mocinho” que poderíamos imaginar. Para impedir o homem do braço de aço (não, não estamos falando do Soldado Invernal), Deadpool cria seu time de heróis para lhe ajudar. O destaque do grupo está em Domino (Zazie Beetz), cujo poder esperamos ver mais desenvolvido no futuro. Ou era isso que deveriam fazer. Enquanto busca salvar a vida da criança, o mercenário precisa lidar com seus próprios problemas internos. O relacionamento com Vanessa (Morena Baccarin) se revela ainda mais importante do que ele imaginava ser, além dos planos que o casal têm para o futuro.
O Que Achamos?
O filme é dirigido por David Leitch e possui um roteiro escrito por Rhett Reese, Paul Wernick e Ryan Reynolds. Deadpool 2 traz de volta todo o charme da primeira produção, recheado de sarcasmo, ironia, piadas e zoações. O longa tira sarro de diversas outras produções – principalmente as da Marvel e as da DC. Portanto, se você busca um filme de herói tradicional, repleto de cenas bonitas e grandes façanhas altruístas do protagonista, esse não é o filme para você. O longa chega para contemplar ainda mais os fãs apaixonados pela franquia, e estes certamente sairão do cinema com a barriga doendo de tanto rir. O longa depende do riso para funcionar, mas isso é algo que entregamos logo nos primeiros minutos.
O roteiro pode não ser o mais complexo e denso, mas soube muito bem encaixar suas referências. Desde Star Wars a Vingadores: Guerra Infinita, o personagem de Ryan Reynolds não perde a oportunidade de dar uma alfinetada. Mas foi para isso que saímos de casa e fomos ver o filme nos cinemas, não é mesmo? Não podemos de deixar de mencionar as cenas de ação, que embora não sejam as melhores do mundo, entregam aquilo que o filme exige. A essência deixada pelo primeiro capítulo da franquia não é esquecida em nenhum momento. Quando parece que estaremos diante de um arco de cenas sérias e com um final trágico, o anti-herói chega e acaba com o clima tenso. Pronto, era isso que os fãs queriam ver na sequência do filme de 2016.
O Elenco
Cable é sem dúvida, a melhor adição ao universo de filmes de Deadpool. Josh Brolin encarna o personagem com a devida maestria e mostra em 2018 o quão versátil pode ser nesse mundo de adaptações de histórias em quadrinhos. Não demora para o público torcer para Cable concluir sua missão. O grande chamariz no personagem é, porém, a forma como ele desenvolve o relacionamento com Wade. Ao mesmo tempo que são muito semelhantes, não poderiam ser mais diferentes. A relação não demora para engatar e os diálogos que surgem dela são hilários. Não podemos deixar de sorrir com o desfecho escolhido para o personagem.
Outra boa adição é Domino, que traz uma leveza e um senso de realidade para o que está acontecendo. Por ser uma das pessoas “normais” do grupo, ela reflete um pouco da visão do público sobre as cenas absurdas que se desdobram. A inocência provocada por isso acrescenta uma boa dinâmica com os outros personagens. Diante de tantos poderes, é o dela que provavelmente mais causará inveja em quem assistir ao filme.
As cenas pós-crédito de Deadpool 2
As cenas pós-crédito da Marvel já são conhecidas por serem um show à parte. Em Deadpool 2 isso não é diferente, pelo contrário. Pode-se dizer que são, inclusive, melhores do que muitos momentos do filme em si. Quando achávamos que não era possível ver mais referências e gargalhar com elas, chegamos aos créditos. Tudo apresentado nesses pequenos trechos foi o que o nos fez amar o primeiro Deadpool e consequentemente, o segundo.
Por fim, Deadpool 2 entrega um ótimo filme e uma excelente sequência. O longa reflete a proposta inicial da franquia: ser um filme da Marvel que fuja do senso comum, com roteiro preguiçoso e que faça referências sem filtro a outros universos cinematográficos. É um filme que depende do seu humor para funcionar, mas uma vez que o entrega facilmente, funciona. Nos resta saber, porém, se tal humor será suficiente para sustentar uma possível sequência.
Resumo
Deadpool 2 entrega um ótimo filme e uma excelente sequência. O longa reflete a proposta inicial da franquia: ser um filme da Marvel que fuja do senso comum, com roteiro preguiçoso e que faça referências sem filtro a outros universos cinematográficos. É um filme que depende do seu humor para funcionar, mas uma vez que o entrega facilmente, funciona.