Crítica | Estrelas Além do Tempo: uma história que todos precisam conhecer

Você conhece Katherine Goble Johnson ? E Dorothy Vaughan ou Mary Jackson ?

É impressionante saber como figuras tão importantes para a história ficaram escondidas e desconhecidas por tanto tempo. Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures) é um drama biográfico da 20th Century Fox, adaptação do livro Hidden Figures: The Story of the African-American Women Who Helped Win The Space Race, que nos conta a história dessas três mulheres negras, trabalhadoras da NASA (agência espacial americana) no auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia (na época, União Soviética) durante a Guerra Fria.

Saber o contexto histórico é crucial para um melhor entendimento do filme. A Guerra Fria teve início logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e caracterizou o conflito entre Estados Unidos e União Soviética pela disputa da hegemonia política, econômica e militar no mundo. Dentro dos EUA, porém, outro conflito por espaço ocorria, a segregação racial dos negros, pela população majoritariamente branca. Como é mostrado no filme, existiam banheiros, lugares no ônibus, bibliotecas e até mesmo cafeteiras destinadas a negros, de qualidade inferior aos utilizados por brancos.

A NASA possuía uma equipe formada apenas por mulheres negras, graduadas em matemática, e chamadas de “computadores humanos”. Dentre elas, estavam Katherine Gobles/ Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), mulheres que batalharam por muito mais do que apenas a conquista da hegemonia espacial, mas também por reconhecimento e respeito.

Katherine Gobles é extremamente inteligente, com o Q.I acima da média, e desde criança se dá muito bem com os números. Viúva e mãe de três filhas, ela se desdobra entre as várias funções em casa e no trabalho, enquanto precisa se desvencilhar do preconceito que acompanha uma mulher negra diariamente. Katherine encontra sua chance, quando é convocada para ser o computador da missão que levaria o astronauta John Glenn (Glen Powell) a realizar o primeiro voo pela órbita da Terra.

Na equipe, Katherine é obrigada a lidar com pessoas como Paul Stafford (Jim Parsons – pois é, Sheldon enfim chegou a NASA), que a tratam com desprezo e inferioridade. Para sua sorte e surpresa, é o gerente Al Harrison (Kevin Costner), um homem preocupado em fazer a missão dar certo, que começa a lhe tratar como igual, independente da cor de sua pele.

Dorothy Vaughan sempre quis atuar como supervisora da equipe dos “computadores”, mas por ser negra, não é reconhecida como tal. Vaughan recebe ordens da condescendente Vivian (Kirsten Dunst), que se dirige a ela pelo seu primeiro nome (enquanto os brancos são tratados por sr. e sra.) e dá pouca atenção a seu pedido por uma promoção, por mais que Dorothy já esteja fazendo o trabalho. Como mulher, Vivian simpatiza com os desafios de um local de trabalho discriminatório mas inconscientemente, mantém seu papel de colocar as mulheres negras um degrau abaixo (“vocês devem estar agradecidas por terem empregos”).

É através do sistema IBM que Dorothy vê uma chance de melhora, pois a menos que se atualize, sua divisão se tornará obsoleta e dispensável.

Mary Jackson é ousada em seus sonhos e luta por eles. Pretendendo ser a primeira engenheira da NASA, ela não deixa que nada fique em seu caminho. Buscando conseguir ter as aulas necessárias em uma escola restrita a brancos, ela se vê quase implorando ao juiz para deixá-la fazer os cursos noturnos e assim, candidatar-se a uma posição na ala de engenharia da NASA. Ela também é a grande responsável pela parte do alivio cômico do filme, divertindo-se e vivendo sua vida, sem perder a força para enfrentar o dia a dia.

Entre os papéis masculinos temos Jim Johnson (Mahershala Ali), oficial do exército que logo se encanta com Katherine, além de reconhecer seus talentos. É aí que surge a única subtrama romântica do filme. Além de Johnson, temos o astronauta americano John Glenn, que desde sua primeira aparição contraria os preconceitos da época. Ele acredita no talento de Katherine, o que se comprova antes do lançamento da Friendship 7, quando Glenn diz: “vamos fazer com que a garota cheque os números”.

Estrelas Além do Tempo é uma história emocionante, com uma trilha sonora de Pharrel Williams acompanha uma das melhores cenas, que é construída ao longo do filme com muita sagacidade. E por fim, você sai do cinema empoderada(o): acreditando que sim, é possível! Vale muito a pena ver o filme e saber mais sobre essas mulheres que por tanto tempo ficaram escondidas de todos nós, mas que nunca se omitiram do desejo de serem autoras das próprias vidas. Estreia no Brasil dia 2 de fevereiro de 2017.

Com colaboração de Paula Ramos.

  • Excelente
5

Resumo

É impressionante saber que figuras tão importantes para a história ficaram escondidas por tanto tempo. Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures) é um drama biográfico da 20th Century Fox. Uma história que emociona muito, você sai do cinema empoderada: acreditando que sim, é possível! Vale muito a pena ver o filme e saber mais sobre essas mulheres que por tanto tempo ficaram escondidas de todos nós, mas que nunca se omitiram do desejo de serem autoras das próprias vidas. Estreia no Brasil dia 2 de fevereiro de 2017.