Crítica | Batman: A Piada Mortal é um baile de poesia e insanidade

A Warner Brothers sempre apostou na qualidade de suas animações, trazendo para os fãs conteúdos originais e adaptações de sagas já consagradas no mundo dos quadrinhos da DC Comics. Batman: A Piada Mortal foi anunciado e pegou o público de surpresa; ela é um dos cânones mais importantes, poéticos e violentos na história do Homem-Morcego. A HQ, lançada em março de 1988 com roteiro de Alan Moore e desenhos de Brian Bolland, foi um divisor de águas e fruto de inúmeras discussões entre os fãs até hoje. Ela apresenta o Coringa realizando um teste para provar seu ponto: só é preciso um dia ruim para enlouquecer. Do outro lado está o Batman, preocupado com seu arqui-inimigo, acreditando que um dos dois acabará morto nessa relação fatal – sendo só uma questão de quando e quem.

Barbara Gordon tornou-se um personagem de destaque na animação de Batman: Piada Mortal, produzida fielmente pelo diretor Sam Liu. Imagino que não era isso que nossos leitores esperavam encontrar numa crítica sobre a aclamada obra de Alan Moore, tampouco os espectadores durante a exibição, mas é com essa personagem que a narrativa da história começa. O filme inicia recontando a trajetória da Batgirl de forma corajosa e única, encaixando perfeitamente no tom da história original contada em 1988. Nela, vemos a filha do Comissário Gordon conciliando sua vida de bibliotecária e vigilante noturna, ao lado do próprio Batman. Neste primeiro ato, o Homem-Morcego é somente um coadjuvante que atua como mentor e protetor de sua aliada.

A adição desse novo ponto de vista, além de trazer uma identificação maior com a personagem, realça as suas relações e sentimentos antes do trágico acidente acontecer. Barbara Gordon tornou-se, nessa história, uma forte figura feminina para uma época em que é necessário haver esse tipo de representação nos meios de entretenimento. Analisando isoladamente a graphic novel, Barbara posterga a imagem de ter sido somente um alvo para significar de forma importante na narrativa. Portanto, por mais que alguns fãs torçam o nariz, nada do que foi acrescentado no início prejudica a história original. Sam Liu acertou em cheio nesse ponto, mas não foi o único dos acertos na adaptação. 

Os desenhos, por exemplo, foram representados de forma magistral, recolocando os traços de Brian Bolland e dando vida a eles. Para quem verá o filme após ter lido a HQ, haverá um deleite a parte em ver toda aquela história representada traço por traço e quadro por quadro, além dos diálogos serem mantidos com exatidão. Houve alguns acréscimos de cenas de ação para preencher o tempo do filme, mas são coerentes dentro de toda proposta e não atrapalham o andamento da história, pelo contrário: acrescentam. A dublagem também é um ponto alto, sendo um show de interpretação a parte. Não se esperava menos que isso tratando-se de Kevin Conroy e Mark Hamill, que interpretam o Batman e o Coringa, respectivamente, há anos.

Batman: A Piada Mortal já é um sucesso por si só: é uma história com mais de 20 anos que consegue se manter atual, ser aclamada pelos fãs e, consequentemente, ser uma leitura obrigatória entre eles. O filme expande o alcance dos quadrinhos para levar o conturbado ponto de vista do Coringa sobre a tênue linha que separa sanidade da loucura. Assim como a própria HQ, a animação torna-se obrigatória para o currículo dos fãs do Homem-Morcego por ser uma aula de como respeitar e como conseguir adicionar conteúdo sem modificar o cânone. O final ambíguo, os diálogos poéticos e a relação mortal entre o vilão e seu antagonista ainda continuarão a ser discutidos por muitos anos.

Um agradecimento especial ao Cinemark e a Warner Brothers por trazerem o conteúdo de tipo home and entertainment para o cinema, dando oportunidade aos fãs do Brasil para assistirem o filme na grande tela.

  • Ótimo
4

Resumo

Batman: A Piada Mortal já é um sucesso por si só: é uma história com mais de 20 anos que consegue se manter atual, ser aclamada pelos fãs sendo uma leitura obrigatória entre eles. O filme expande o alcance dos quadrinhos para levar o conturbado ponto de vista do Coringa sobre a tênue linha que separa sanidade da loucura. Assim como a própria HQ, a animação torna-se obrigatória para o currículo dos fãs. O final ambíguo, os diálogos poéticos e a relação mortal entre o vilão e seu antagonista ainda continuarão a ser discutidos por muitos anos.

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