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Crítica | Amador entrega uma história bonita, mas genérica

Reprodução/Netflix

Em pleno século XXI, decerto que você já deve ter visto algum filme norte-americano sobre basquete. Sejam produções adolescentes como High School Musical ou Pequenos Grandes Astros, ou histórias de drama no esporte como Estrada Para Glória, o assunto se tornou frequente em Hollywood no decorrer dos anos. Mesmo que o tema possa ser considerado “manjado”, a Netflix investiu em uma nova produção de mesma temática. Amador, novo filme original do streaming, traz a tradicional trama de superação no esporte. Por consequência, pode não repercutir da forma desejada no público, que atualmente anseia por novidades.

Amador
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O Filme

O drama narra a trajetória de Terron Forte rumo ao sonho de entrar para a NBA. Ele é um jovem negro de 14 anos, morador da periferia e filho de um ex-jogador de futebol americano. Enquanto treina no ginásio da escola, o menino posta seus vídeos nas redes sociais. Por consequência de seu carisma, não demora para ganhar seguidores. O fator principal para sua fama porém, vem de seu enorme talento para o basquete. O menino de 14 anos se revela extremamente habilidoso e se torna uma espécie de sensação no time da escola. Entretanto, nem tudo são flores.

Ao passo que tenta melhorar suas habilidades dentro de quadra, Terron enfrenta grandes dificuldades na sala de aula. O menino tem uma espécie de dislexia, o que o impede de interpretar inúmeros e distinguir direita e esquerda. Além disso, sua família passa por dificuldades financeiras, impedindo que o garoto tenha acesso a melhores recursos. Em suma, seria preciso um milagre para Terron Forte se tornar um astro do basquete. Tal milagre chega na forma do treinador Gaines, que logo se torna uma espécie de mentor para o menino.

Em contraste com tudo aquilo com que cresceu, Forte passa a estudar numa escola privada, usar tênis de marca e até um celular da moda. O preço para isso? Virar motivo de zoação de seus companheiros do novo time, além de se transformar aos poucos em um produto. Até que ponto ele está disposto a ir para realizar seu maior sonho? Será que é realmente necessário abrir mão de tanta coisa para se tornar um jogador de basquete?

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O Que Achamos de Amador?

É provável que o público tenha uma sensação de déjà vu durante muitas cenas do filme. Vários elementos batidos de filmes do gênero estão ali, o que culminou em um roteiro previsível. Havia diversos elementos que o diretor Ryan Koo poderia ter utilizado para tornar sua produção um pouco mais original. E por alguns momentos, tais elementos começam a ser desenvolvidos e temos a sensação de que veremos algo novo. Não demora, porém, para retornarmos ao senso comum dos filmes de basquete. A gama de assuntos relacionados a adolescentes inseridos cedo demais no esporte é imensa, mas Koo insistiu em nos trazer um pouco mais do mesmo. O resultado não foi ruim, mas certamente não será lembrado daqui a alguns anos.

Antes de mais nada, precisamos lembrar que apesar da história de ficção, muitos pontos presentes no longa são reais. Neste sentido, funcionam como uma espécie de crítica ao sistema norte-americano. Embora o país tenha leis em sua constituição que protegem os jogadores de uma profissionalização precoce, sempre há “exceções” que burlam o sistema. Por consequência, milhares de Terrons vivem espalhados por aí, se tornando produtos de seus treinadores. Assim como o protagonista, muitos garotos lutam pelo sonho de salvar a família através do esporte. Amador se torna importante por trazer à tona assuntos delicados a mídia, mas é uma pena que não vá ganhar o destaque para atingir um número ainda maior de telespectadores.

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O Elenco

A previsibilidade de Amador não deve ser atribuída a seu elenco, pelo contrário. São eles os responsáveis por prender a atenção do público até os últimos minutos, mesmo que já saibamos o que irá acontecer. Michael Rainey Jr. encara o desafio de viver o protagonista do longa e sem dúvidas é quem mais se destaca. Apesar da pouca idade, o menino consegue transmitir seus sentimentos e emoções ao público, que logo cria empatia com o garoto. Para o roteiro funcionar, é necessário que entendamos Terron e todo seu background emocional. Rainey Jr. se encaixou perfeitamente no papel, com toda a certeza.

Outros nomes se destacam em meio ao elenco, mesmo que seus personagens não exijam tanto. Embora não estejamos diante de atuações dignas de um Oscar, tais interpretações funcionam para o filme. Josh Charles entrega um treinador Gaines aceitável, por mais que pudesse ter expressado mais veracidade em seus trejeitos. Brian White interpreta Vince, o pai do protagonista. Depois de Terron, este talvez tenha sido o papel mais complexo do longa. White peca ao entregar um personagem forçado e sem muitas emoções. Por consequência, o pai do menino não adquiriu a importância desejada, se tornando apenas um mero coadjuvante.

  • Bom
3

Resumo

Amador, novo filme original da Netflix, traz a tradicional trama de superação no basquete. Apostando em assuntos já manjados, por consequência pode não repercutir da forma desejada no público, que atualmente anseia por novidades.

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