The Moon: Sobrevivente | Crítica The Moon: Sobrevivente | Crítica

The Moon: Sobrevivente | Crítica

Mais que um filme catástrofe

Dirigido e escrito por Kim Yong-hwa, cineasta sul-coreano que conquistou o público global com a franquia Along with the Gods, The Moon: Sobrevivente é mais um exemplo de como o cinema asiático pode desafiar os padrões de Hollywood. Com um roteiro ambicioso e atuações carregadas de emoção, o filme se destaca ao explorar temas universais como trauma, solidão e redenção, enquanto mantém o espectador imerso em uma narrativa intensa e visualmente impressionante.

The Moon: Sobrevivente | Crítica

A trama nos transporta para o ano de 2029, quando uma missão espacial à Lua se transforma em um pesadelo após uma explosão solar devastar a nave, deixando apenas um sobrevivente: Hwang Sun-woo, interpretado por Do Kyung-soo (D.O.), cuja performance magnética reflete a dualidade entre desespero e resiliência. A escolha do diretor de colocar D.O., um artista conhecido tanto pela música quanto pelo cinema, no centro da narrativa é acertada. Sua entrega emocional, que já havia brilhado em Along with the Gods, aqui se aprofunda, revelando um ator em pleno domínio de sua arte. Paralelamente, na Terra, o experiente Kim Jae-gook (Sul Kyung-gu) lidera a tentativa de resgate, e sua jornada pessoal é igualmente fascinante, marcada por cicatrizes de uma tragédia anterior que assombra seu passado e molda suas decisões.

Ao contrário do que muitos poderiam esperar, The Moon: Sobrevivente não se entrega aos clichês do gênero. Kim Yong-hwa constrói sua narrativa como um estudo psicológico, um drama de sobrevivência que explora as fragilidades humanas diante do isolamento e da culpa. A solidão é um personagem invisível no filme, presente tanto na vastidão do espaço, onde Hwang luta contra a hostilidade do ambiente lunar, quanto na Terra, onde Kim Jae-gook se debate com seus próprios fantasmas. Essa dualidade é uma escolha narrativa ousada, que subverte as expectativas de um público habituado a explosões espetaculares e heróis infalíveis.

A relação entre os dois protagonistas é outro ponto alto do roteiro. Embora separados por milhões de quilômetros, há um fio emocional que os conecta e que se revela em pequenos gestos e diálogos contidos. A jornada de Hwang no espaço reflete o isolamento interno de Kim, criando uma metáfora poderosa sobre a necessidade de reconexão, tanto com os outros quanto consigo mesmo.

As sequências no espaço são de tirar o fôlego, demonstrando o avanço técnico do cinema sul-coreano. Ao mesmo tempo, o diretor evita o exagero visual que tantas vezes caracteriza os filmes de ficção científica americanos. Há uma sobriedade nas cenas espaciais que remete a obras como Gravidade (2013), mas sem perder sua própria identidade. A Lua, com sua beleza árida e ameaçadora, é capturada de forma quase poética, servindo como pano de fundo para a luta pela sobrevivência de Hwang.

No entanto, nem tudo é perfeito. Com uma duração de duas horas, o filme por vezes se alonga em demasia. Algumas cenas de conflitos internos poderiam ter sido encurtadas sem comprometer o impacto emocional da narrativa. Esse excesso acaba por diluir a tensão em momentos que poderiam ser mais concisos e impactantes.

Apesar de suas falhas, The Moon: Sobrevivente é uma obra que merece ser celebrada. Não apenas por desafiar as normas de Hollywood, mas por oferecer uma visão humanista e emocionalmente rica de um gênero tantas vezes dominado por efeitos especiais e narrativas rasas. As atuações marcantes de Do Kyung-soo e Sul Kyung-gu, aliadas à direção sensível de Kim Yong-hwa, fazem deste filme uma experiência cinematográfica envolvente e reflexiva.

Para quem busca uma ficção científica que vá além das explosões e do espetáculo visual, The Moon: Sobrevivente é um convite para explorar os recônditos da alma humana, tanto quanto os mistérios do espaço.

Distribuído pela Sato Company, o filme estreia amanhã nos cinemas.

3

BOM

Para quem busca uma ficção científica que vá além das explosões e do espetáculo visual, The Moon: Sobrevivente é um convite para explorar os recônditos da alma humana, tanto quanto os mistérios do espaço.