O Último Rodeio: Entre a superação e o amor familiar
Divulgação/Paris Filmes
O Último Rodeio: Entre a superação e o amor familiar
Divulgação/Paris Filmes

O Último Rodeio: Entre a superação e o amor familiar

Em O Último Rodeio, o ator Neal McDonough — conhecido por suas atuações intensas em produções como Yellowstone e Tulsa King — assume um papel bem diferente do habitual. Longe dos vilões carismáticos e brutais que o consagraram, McDonough mergulha em uma história de amor familiar e redenção, onde o drama e a fé se misturam em doses equilibradas. O longa, dirigido por Jon Avnet, traz aquele tom nostálgico de “Sessão da Tarde”, um filme feito para aquecer o coração em dias despretensiosos, mesmo que recheado de clichês e previsibilidades típicas de produções do gênero.

O Último Rodeio: Entre a superação e o amor familiar

O roteiro, coassinado por McDonough e Derek Presley, se ancora mais na jornada emocional do protagonista do que propriamente no universo dos rodeios. O esporte, muitas vezes alvo de controvérsias por suas práticas e riscos, aqui serve apenas como pano de fundo para uma narrativa sobre coragem, fé e sacrifício. O enredo acompanha um ex-astro do rodeio, interpretado pelo próprio McDonough, que decide voltar a competir para pagar uma cirurgia delicada do neto, diagnosticado com um glioma — um tipo de tumor cerebral. É um ponto de partida simples, mas carregado de humanidade, e que encontra força justamente na entrega emocional do protagonista.

Há, em O Último Rodeio, uma tentativa clara de capturar a essência dos dramas familiares clássicos, nos quais o conflito externo (o desafio do rodeio) é apenas reflexo de um embate interno mais profundo. O personagem central não luta apenas contra o tempo ou os touros que precisa montar — ele enfrenta os fantasmas do passado, o peso da idade e a dor de ver a vida escapar por entre os dedos. Essa dimensão existencial torna o filme mais interessante do que seu plot inicial poderia sugerir.

Visualmente, Avnet aposta em uma fotografia solar, quente, que realça o cenário árido e a solidão das planícies norte-americanas. As sequências de competição são bem filmadas, ainda que não tragam grandes inovações — o foco está mais na tensão emocional do que na adrenalina esportiva. O espectador sente o suor, a poeira e a dor de cada queda, mas é nos silêncios, nos olhares e nas conversas familiares que o filme encontra seu verdadeiro coração.

O maior mérito de O Último Rodeio está em Neal McDonough. Ele carrega o longa nas costas com uma entrega sincera, transmitindo com naturalidade o desespero contido de um homem disposto a tudo para salvar o neto. É uma performance comovente, que transita entre a rigidez típica de seus papéis e uma vulnerabilidade raramente vista em sua carreira. Essa dualidade faz o espectador acreditar no personagem, mesmo quando o roteiro se apoia em soluções fáceis ou convenientes demais.

Por outro lado, o filme tropeça quando tenta dar ao rodeio uma importância simbólica que ele não sustenta. O esporte poderia facilmente ser substituído por qualquer outro — boxe, corrida ou mesmo xadrez — sem alterar significativamente o cerne da narrativa. Falta um olhar mais profundo sobre o contexto social e cultural do rodeio, algo que poderia ter enriquecido a trama e tornado o arco do protagonista ainda mais complexo.

Ainda assim, O Último Rodeio cumpre o que promete: emocionar. É um drama simples, mas sincero, que fala sobre laços familiares, fé e perseverança. O tipo de história que pode não mudar o cinema, mas certamente aquece o coração de quem acredita que o amor é capaz de mover montanhas — ou, nesse caso, encarar o touro mais bravo da arena.

Veredito de O Último Rodeio

É uma obra de espírito leve, que se apoia em uma mensagem universal sobre família e esperança. Neal McDonough prova ser mais do que um ator de vilões — ele é um intérprete de alma, capaz de transformar uma trama previsível em uma jornada emocional autêntica.

O filme estreia nos cinemas em 16 de outubro, com distribuição da Paris Filmes.

2.5

BOM

É uma obra de espírito leve, que se apoia em uma mensagem universal sobre família e esperança. Neal McDonough prova ser mais do que um ator de vilões — ele é um intérprete de alma, capaz de transformar uma trama previsível em uma jornada emocional autêntica.

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