A animação Missão Pet (Pets on a Train), assinada pela dupla francesa Benoît Daffis e Jean-Christian Tassy, chega aos cinemas trazendo consigo uma proposta que vai além do simples entretenimento para crianças. Embora seja claramente voltado ao público infantil, o longa tem aquele charme que apenas boas animações conseguem oferecer: a capacidade de encantar também os adultos que se permitem embarcar em sua narrativa. É uma obra que, mesmo não tendo a grandiosidade técnica das produções da Disney ou da Pixar, compensa com criatividade, leveza e personagens cativantes.
Enquanto estúdios gigantes movimentam centenas de milhões em suas animações ultrarrealistas, Missão Pet aposta no básico — e esse é justamente o segredo do seu encanto. Não há a pretensão de competir em escala visual, mas sim de oferecer uma história genuinamente divertida, simples e com identidade própria. É nesse ponto que o filme se torna uma experiência agradável, lembrando ao público que boas ideias, quando bem executadas, podem valer mais do que qualquer orçamento milionário.
A trama acompanha um grupo de animais de estimação que se vê preso em um trem desgovernado em alta velocidade. Entre a urgência da situação e a necessidade de cooperação, eles precisam enfrentar os planos de Hans, um texugo motivado por vingança, que coloca todos em perigo. Nesse cenário de caos e aventura, surge Falcão, um guaxinim engenhoso, cheio de truques e de moral questionável, mas que acaba se revelando peça fundamental para a sobrevivência do grupo. É justamente nessa figura errática, que mistura trapalhadas com instintos heroicos, que reside o coração do filme.
Falcão representa um arquétipo clássico das animações: o anti-herói que precisa provar seu valor. Sua relação de desconfiança com os outros animais, marcada por erros e acertos, dá ao filme uma camada emocional que dialoga tanto com crianças quanto com adultos. Mesmo em um design visual simples, o personagem ganha vida graças à escrita espirituosa e à dinâmica divertida que conduz a narrativa. Diferente do hiper-realismo que acabou transformando releituras como O Rei Leão e A Pequena Sereia em experiências estranhas e pouco acolhedoras, Missão Pet mantém o tom cartunesco e acessível, o que torna sua estética muito mais agradável e envolvente.
O longa consegue equilibrar com naturalidade ação, humor e aventura, entregando momentos de riso sincero, tensão leve e mensagens sutis sobre confiança e trabalho em equipe. Essa mistura faz de Missão Pet uma excelente opção para famílias que buscam uma sessão de cinema que agrade a todas as idades. A simplicidade da animação não é um defeito, mas sim uma escolha artística que funciona bem dentro da proposta e que acaba reforçando seu charme.
No fim, Missão Pet é um filme honesto, divertido e cheio de coração. Com distribuição da Paris Filmes, a animação tem estreia marcada para a próxima quinta-feira, prometendo atrair desde os pequenos em busca de diversão até os adultos que sabem apreciar histórias leves e bem-humoradas. É uma lembrança de que, às vezes, o cinema não precisa de grandiosidade para conquistar o espectador: basta uma boa ideia, personagens cativantes e um trem desgovernado cheio de aventura para garantir a viagem.
BOM
É uma lembrança de que, às vezes, o cinema não precisa de grandiosidade para conquistar o espectador: basta uma boa ideia, personagens cativantes e um trem desgovernado cheio de aventura para garantir a viagem.