De 2018 para cá, Hollywood decidiu mergulhar nas grandes figuras do rock mundial. Bohemian Rhapsoy, filme sobre a banda Queen, foi a primeira tentativa (frustrante), embora tenha rendido um Oscar para Rami Malek. Depois do ótimo, mas esnobado pelo Oscar Rocketman, cinebiografia de Elton John, chega aos cinemas Elvis.
Elvis, filme que conta a trajetória do Rei do Rock, estreia na semana que se comemora o Dia Mundial do Rock. Dirigido por Baz Luhrmann (Romeu e Julieta, Moulin Rouge), o longa conta com sua assinatura e explora todas as extravagâncias e excessos de Elvis. Com a supervisão de Lisa Marie Presley, filha do cantor, é uma cinebiografia que opta por explorar sua influência para a música até os dias de hoje. Ou seja, todas as polêmicas envolvendo o nome de Elvis foram colocadas para debaixo do tapete. É um filme que celebra sua música , com uma atuação inspirada e que merece muitos aplausos.
É um show de performance de Austin Butler. O ator de 30 anos não deixa qualquer dúvida que sua escalação foi perfeita. Há momentos no filme que sua voz se confunde com a de Elvis, já que existem cenas em que Butler solta a sua voz. Seu trabalho não foi de copiar Presley, mas encarnar Presley. Foi um trabalho de estudo de personagem muito bem realizado. As sequências musicais do ator são deveras emocionantes. Destaco o número musical de “If I Can Dream“. Emocionante e que vai deixar o público pensando: Será o Elvis ou o Austin Butler na cena?
O filme aborda a vida e a música de Elvis Presley (Austin Butler) sob o prisma da sua tumultuada relação com seu empresário enigmático, o coronel Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na complexa dinâmica entre Presley e Parker, que se estendeu por mais de 20 anos, desde a ascensão de Presley à fama até seu estrelato sem precedentes, tendo como pano de fundo a evolução da paisagem cultural e a perda da inocência na América. No centro dessa jornada está uma das pessoas mais importantes e influentes na vida de Elvis, Priscilla Presley.
O longa é narrado sob o ponto de vista do coronel Tom Parker, que Baz deixa bem claro se tratar de um vilão e que sugou tudo que podia de Presley. A atuação de Tom Hanks é cínica, explorando com eficiência todo o lado controverso e cartunesco do empresário, que jamais foi um coronel e nem se chamava Tom Parker.
Baz Luhrmann mergulha na ascensão meteórica do artista, que desde jovem causava uma euforia nos jovens. Tudo é bem construído, inclusive sobre a influência que trouxe da música negra, que até hoje levanta polêmicas. Elvis Presley copiou ou apenas se inspirou?
Fato é que o diretor explora com eficiência a década de 1950, com o jovem astro enfrentando a fúria dos conservadores que consideravam o rock um insulto às boas maneiras, fazendo Presley mudar seu estilo a pedido de Tom Parker. Daí vem um ponto interessante sobre o filme. A busca pela identidade. Elvis Presley desde criança buscava respostas sobre quem ele deveria ser. Mas, ele sempre foi moldado e com dedos apontando sobre o seu comportamento. Somente no corte para a década de 70 que ele conseguiu sair das correntes de Parker para cantar e performar sobre o que sempre gostou.
O filme Elvis mostra o astro como vítima da indústria, talvez o primeiro a precisar lidar com a imagem pública. Contudo, o cantor também foi alvo de polêmicas, como sua relação com Priscilla, que não tem sua idade mencionada no filme, mas ela tinha 14 anos quando o conheceu. Sua relação com Nixon também é deixada de lado. Portanto, é uma cinebiografia que seguiu o caminho normal de ascensão e queda de um astro da música. E, claro, sob o olhar extravagante, colorido e musical de Baz, que entrega seu melhor trabalho até aqui.
O longa desliza em quando mistura saltos temporais e cenas de flashback. Fica o gostinho de que muita coisa foi deixada de lado porque não teria como explorar tudo em 2h30m.
Outro ponto que pode dividir opiniões está na trilha sonora. Algumas canções ganharam uma roupagem moderna. No início, causa um certo estranhamento. Há pontos no filme que as versões contemporâneas das músicas não ficaram deslocadas. Mas, quem espera as versões clássicas poderá se frustrar.
Elvis é uma experiência ímpar. A performance de Austin Butler é arrebatadora. Ele canta, dubla, dança e encarna a figura de Elvis Presley com muita maestria. Será uma tremenda injustiça seu nome ficar de fora do Oscar 2023.
Por fim, uma cinebiografia que nos leva a pensar e entender sobre o fanatismo e influência do astro na cultura pop. E continua até os dias atuais.
ÓTIMO
Elvis é uma experiência ímpar. A performance de Austin Butler é arrebatadora. Ele canta, dubla, dança e encarna a figura de Elvis Presley com muita maestria. Será uma tremenda injustiça seu nome ficar de fora do Oscar 2023.
