Crítica | Batman vs Superman – A Origem da Justiça deixa um futuro promissor para o universo DC nos cinemas

Enquanto a Marvel já estabeleceu com autonomia seu universo no cinema, TV e na Netflix, a Warner Bros./DC segue bem atrás, apenas com boas animações lançadas em Blu-ray e com seu universo próprio nas emissoras CW e CBS.

Depois da tentativa frustrada em realizar seus filmes isolados, com exceção da trilogia Cavaleiro das Trevas, já estava na hora de criar seu universo compartilhado. Afinal de contas, a Warner tem todos os personagens à sua disposição. O Homem de Aço (2013) deu o ponta pé inicial dividindo opiniões entre os fãs e a crítica. Três anos mais tarde, chega Batman vs Superman – A Origem da Justiça, o primeiro filme que une os dois heróis mais emblemáticos da DC. Novamente dirigido por Zack Snyder, longa chega com opiniões divididas com a turma que amou e a turma que odiou.

O grande abacaxi da Warner Bros./DC está em realizar adaptações que fujam da comparação com a Marvel, o que é inevitável, porque o público é praticamente o mesmo. Além disso, muitas destas pessoas estão indo assistir o longa com o subconsciente de “ah, não é a Marvel”, “ah, eles agora querem imitar a Marvel”, “ah, nunca será melhor como a Marvel”, quando o importante é deixar a mente aberta e entender que se trata de um outro universo. Antes que critiquem, esta pessoa que está escrevendo cresceu lendo quadrinhos da DC Comics e da Marvel, amando os dois.

Outro problema enfrentado pela Warner Bros. é a escalação de Zack Snyder para ditar o universo DC no cinema. Não que o diretor seja incompetente, pelo contrário, ele é responsável por duas obras subestimadas em Hollywood: as excelentes adaptações de 300 e Watchmen. Essa subestimação criou um olhar negativo em seus longas, quando a atenção tem que se dar no diretor entender a linguagem dos quadrinhos no cinema.

Não que Batman vs Superman – A Origem da Justiça seja uma obra-prima, a produção tem falhas (que falarei a seguir) em seu desenvolvimento, algo já visto em O Homem de Aço, mas nada que faça desta adaptação algo deprimente como está sendo taxado.

A trama é ambientada cerca de 18 meses após os eventos de O Homem de Aço, quando Metrópolis foi destruída na luta entre Superman e General Zod. O início do filme é eletrizante ao mostrar o ponto de vista diferente da batalha com as vítimas da destruição, entre elas, Bruce Wayne (Ben Affleck), que viu seu prédio destruído vitimando fatalmente os que estavam no local. Isso enfurece o aposentado Batman, que volta a ativa após 20 anos de vigilância em Gotham para encarar Superman (Henry Cavill) como uma ameaça ao planeta Terra. A presença do kryptoniano divide a população com alguns encarando-o como um salvador e outros com insegurança sobre seus atos. Aproveitando a situação crítica, Lex Luthor (Jesse Eisenberg) usa sua sabedoria para manipular todos em sua volta para derrubar o Homem-Morcego e o Homem de Aço.

Escrito por Chris Terrio (Argo) a partir de uma história de David S. Goyer (O Homem de Aço), o longa é divido em três atos. O primeiro introduz os personagens, entre eles, a nova versão do Batman, com Ben Affleck substituindo Christian Bale. Crucificado ao ser anunciado como o novo vigilante de Gotham, o ator apresenta a melhor construção do personagem, desde a psique de alguém atormentado com sentidas perdas, mas com o cansaço mental e físico de ser um guardião noturno. Este Batman pode ser classificado como uma continuação do Batman de Bale, com o Bruce Wayne sentindo o peso da idade e enfrentando seus oponentes para que fiquem no chão e, que ali permaneçam. O que deixa esta continuação evidente é quando Wayne cita uma bailarina russa em um diálogo, sendo uma referência clara ao filme O Cavaleiro das Trevas, quando o playboy foge com a equipe de bailarinas russas em seu iate para disfarçar uma missão.

O visual do ator se assemelha bastante com as clássicas versões dos quadrinhos. Quando entra em ação, Ben Affleck apresenta um incrível vigor físico e o uniforme (melhor desenhado até agora) colabora para as incríveis sequências de ação. Diferente dos anteriores, esta versão do Batman tem mais agilidade, é o mais intimidador e usa seus equipamentos de maneira calculista. Além dos quadrinhos, Snyder mostra que também conhece games, com algumas cenas do Homem-Morcego inspiradas em jogos da série Arkham.

O segundo e terceiro ato é que apresenta o grande problema da produção. A trama introduz uma missão particular de Lois Lane (Amy Adams) que se prolonga demais e seu desfecho não tem importância alguma. Uma investigação tão cheia de rodeios que, por exemplo, Batman resolveria em questão de segundos. Adams é uma atriz competente e foi uma boa escolha para o papel da repórter, mas ainda não disse ao que veio. Neste meio termo, o longa introduz algumas sequências em flashback, pesadelos e a apresentação de outros conhecidos personagens para o futuro da franquia. O problema é que estas cenas são apenas jogadas, faltou desenvolvimento. Mais parece que estão ali para preencher as 2h40 de duração, do que necessariamente servir como um fan service.

Entre essa confusão, o Lex Luthor de Jesse Eisenberg rouba a cena. A insanidade e a inteligência seguem lado a lado do vilão, que desempenha diálogos interessantes sobre nossa maneira de depositar toda a confiança em heróis e tratá-los como deuses.

Daí, entra o Superman de Henry Cavill, que apresenta um Clark Kent tentando fazer o que é certo como repórter no Planeta Diário, enquanto como Superman precisa lidar com a dúvida e receio da população sobre sua presença. Uma pena que falta para Snyder o trabalho mais dramático para construção desse tipo de cena. Esse Superman teria um desenvolvimento ainda melhor.

O terceiro e último ato é o mais aguardado de todos os fãs com o esperado duelo de Batman vs Superman, e apresentar pela primeira vez nas telonas a Trindade: Batman, Superman e Mulher-Maravilha. A luta dos dois não chega a ser ruim, a sequência tem um grande peso, mas não foi o esperado como na HQ de Frank Miller. Muito marketing criou-se para a luta, que terminou de uma maneira forçada. Batman tinha seus motivos para encarar Superman, ponto. Porém, o roteiro não se aprofunda. E o que acontece? O desfecho e o início da amizade dos dois soou artificial.

O que alivia é que a sintonia entre Ben Affleck e Henry Cavill é ótima, e a entrada de Gal Gadot como Mulher-Maravilha formando a Trindade é um deleite para os fãs de quadrinhos. Acompanhar o trio trabalhando em cena foi deveras emocionante, embora tenha sido pouco, mas deixou um bom sinal para a Liga da Justiça.

As sequências de ação, principalmente no ato final, são bem executadas, embora Snyder abuse DEMAIS do tom escuro. Mas, esteticamente, não há muito do que reclamar.

Batman vs Superman – A Origem da Justiça teve uma edição final para a versão do cinema, que tirou a personagem de Jena Malone (provavelmente a Batgirl), mas inexplicavelmente deixou personagens como Mercy (Tao Okamoto), que entrou muda e saiu calada. O mesmo para a Senadora vivida por Holly Hunter, que entra e sai do filme sem fazer falta. O competente ator Scoot McNairy teve uma participação pífia.

No mais, é um bom filme de super-heróis, mas que poderia aproveitar bem mais de Batman, Superman e Mulher-Maravilha. Há um futuro promissor para o universo DC nos cinemas com mentes talentosas como Zack Snyder, Geoff Johns e Ben Affleck (que deverá assumir os filmes solo do Batman). Trata-se apenas de um início.

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  • Bom
3

Resumo

No mais, é um bom filme de super-heróis, mas que poderia aproveitar bem mais de Batman, Superman e Mulher-Maravilha. Há um futuro promissor para o universo DC nos cinemas com mentes talentosas como Zack Snyder, Geoff Johns e Ben Affleck (que deverá assumir os filmes solo do Batman). Trata-se apenas de um início.

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