Corações Jovens é um retrato honesto e apaixonante sobre descobertas, sexualidade e relações familiares

Longe dos clichês dos filmes de coming of age, sobre amadurecimento e com temática LGBTQIAPN+, Corações Jovens é um retrato honesto e apaixonante sobre descobertas, sexualidade e relações familiares. 

Na trama, Elias, de 14 anos, reside em uma aldeia flamenga. Quando Alexander, também de 14, se muda para a casa do outro lado da rua, vindo de Bruxelas, Elias experimenta seus primeiros sentimentos de amor.

Em Corações Jovens, somos inseridos em uma narrativa melancólica sobre as mais variadas questões que nos impactam nessa idade, seja você uma pessoa LGBTQIAPN+ ou não, as situações cotidianas apresentadas lado a lado com as descobertas do amor e o desenvolvimento das relações familiares e entre amigos é um lugar comum para todos. 

E é nesse cenário de lugar comum que o filme cresce para longe dos clichês do gênero. Aqui, temos uma temática sensível mas que passa longe das agressões, físicas ou verbais, que acomete com grande frequência filmes com personagens dentro dessa comunidade. Ao passar longe disso, sobra espaço para o desenvolvimento dos personagens e para um olhar mais positivo para essas histórias. 

A história é focada no desenvolvimento do personagem, Elias (Lou Goossens), e como é sua percepção da sociedade e como ele será visto por ela. Por meio dessa narrativa, é inevitável sentir o mesmo medo que ele ao mesmo tempo em que vivemos a beleza por seus olhos. 

Além disso, Anthony Schatteman, diretor do filme, consegue distribuir muito bem os núcleos familiares, de amizade e entre os dois garotos. No âmbito familiar é possível entendermos rapidamente, por meio de cenas estratégicas, a dinâmica na família de Elias e também de Alexander. Em uma cena breve nos é apresentado tudo o que precisamos saber sobre eles e, agilmente, sobra espaço para desenvolver esses personagens ao longo do filme. 

Em relação ao grupo de amigos, o mesmo pode ser visto aqui mas de forma ainda mais eficiente. Por se tratar de um grupo amplo de adolescentes, a direção opta por trazer elementos típicos dessa fase da vida, seja uma bebida roubada ou uma discussão sobre achar alguém bonito ou não. 

A direção de fotografia de Pieter Van Campe é um elemento essencial para trazer mais veracidade para as relações. Principalmente em um momento elementar onde Elias e Alexander precisam conversar sobre um ocorrido, Campe opta por usar a câmera na mão que não apenas nos deixa mais imersos no filme como serve como uma afirmação de como os personagens estão se sentindo e como o mundo ao seu redor se comporta. 

Por se tratar de um filme fora do circuito hollywoodiano, Corações Jovens é uma produção belga-holandesa, podemos perceber que as questões humanas são muito mais fortes. Para além dos atores jovens, é interessante perceber como os adultos, sejam eles membros do elenco ou da produção, não esqueceram o que é ter essa idade e isso resulta em um saldo positivo ao final. 

Corações Jovens é um retrato real, melancólico e que vai aquecer o coração, uma história sobre a descoberta da sexualidade, todas as questões que compõem esse momento e as companhias que acalentam essa jornada.

Distribuido pela Mares Filmes, Corações Jovens já está em cartaz nos cinemas.

4.5

Excelente

Corações Jovens é um retrato real, melancólico e que vai aquecer o coração, uma história sobre a descoberta da sexualidade, todas as questões que compõem esse momento e as companhias que acalentam essa jornada.

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