Christabel [Crítica] Christabel [Crítica]

Christabel [Crítica]

Reprodução/Pipa Pictures

Christabel [Crítica]
Reprodução/Pipa Pictures
Desde o seu lançamento em 2018, quando Christabel rodou os principais festivais de cinema pelo Brasil, o filme de Alex Levy-Heller (Jovens Polacas) recebeu ótimas avaliações da crítica. Seu primeiro filme de ficção trata do mito vampiro, mas bem diferente do que estamos acostumados. O conceito do vampiro não é nenhuma novidade. Hollywood já apresentou diversas adaptações, umas boas e outras nem tanto. Seria difícil abordar um novo conceito, mas Alex conseguiu ao adaptar o conto vampírico homônimo escrito no século XVIII pelo britânico Samuel Taylor Coleridge (1772-1834). O conto é conhecido por ser a primeira aparição do vampiro como personagem e, na figura de uma mulher. Se naquela época abordar a sexualidade era um tabu, o diretor se aprofunda mais na sexualidade feminina, mostrando uma personagem que busca se libertar de alguns paradigmas.

Na trama, ao invés da Inglaterra do século XVIII, a história se passa no coração do Brasil atual; o castelo do Barão é agora um lar humilde no Cerrado; O Barão é um pobre trabalhador rural, Seu Leonel (Julio Adrião), que vive com sua filha, a jovem e bela Christabel (Milla Fernandez). A personagem Geraldine (Lorena Castanheira) aparece como uma mulher misteriosa, livre e independente que abala as relações e estruturas pré-estabelecidas que pesam sobre Christabel e seu pai.

Apesar do filme deixar claro sobre quem é Geraldine, é interessante como a narrativa consegue prender o espectador, pois é uma personagem que desperta curiosidade. Ela não tem limitações e a performance de Lorena Castanheira consegue ser magnética, porque a qualquer hora ela pode mostrar sua real face. Então, é como se ela estivesse brincando com sua presa ou se estivesse se relacionando de fato com Christabel.

Por falar na protagonista, Milla Fernandez faz sua estreia como atriz, com um ótimo desempenho. Vivendo no sertão brasileiro, Christabel é uma bela jovem que vive para servir. Servir ao noivo ausente e servir ao pai, um trabalhador rural. Com a chegada de Geraldine, ela começa a questionar sua posição como mulher, já que a mulher misteriosa é o oposto dela. A palavra que melhor define sua jornada é a transgressão. A cena da manga, além de sensual, é a transformação de uma jovem garota. É quando ela quebra suas correntes, se liberta e se descobre sexualmente.

Aproveitando com eficácia o cenário do cerrado brasileiro, a fotografia de Vinícius Berger contribui de forma positivo para criar elementos misteriosos. Ele utiliza muito bem o jogo de luzes e sombras, criando atmosferas soturnas. Detalhe para os morcegos presentes com a chegada de Geraldine.


Leia mais: “É sobre transgredir”, conta Milla Fernandez sobre o filme Christabel


O desfecho de Christabel é poético e que levanta algumas perguntas. Tudo aquilo foi real ou seria Geraldine uma personalidade adormecida da protagonista? Muito mais que uma obra ficcional sobre vampiro, Alex Levy-Heller apresenta uma jornada sobre empoderamento feminino, sexualidade e um tapa no conservadorismo social.

4

ÓTIMO

O desfecho de Christabel é poético e que levanta algumas perguntas. Tudo aquilo foi real ou seria Geraldine uma personalidade adormecida da protagonista? Muito mais que uma obra ficcional sobre vampiro, Alex Levy-Heller apresenta uma jornada sobre empoderamento feminino, sexualidade e um tapa no conservadorismo social.