Apanhador de Almas | O terror brasileiro que não encontrou sua própria essência
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Apanhador de Almas | O terror brasileiro que não encontrou sua própria essência
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Apanhador de Almas | O terror brasileiro que não encontrou sua própria essência

O terror nacional tem ganhado cada vez mais espaço, principalmente pela ousadia de diretores que se arriscam a explorar temas místicos e atmosféricos. Apanhador de Almas, novo filme dirigido por Fernando Alonso e Nelson Botter Jr., surge com a promessa de ser uma narrativa inquietante que mistura ocultismo e horror psicológico, mas o resultado final deixa a sensação de uma experiência incompleta. O longa lembra aquelas histórias de arrepiar que escutávamos em viagens de família, geralmente contadas em casas de praia, pousadas ou lugares isolados, quando o silêncio da noite e a imaginação criavam um ambiente perfeito para o medo.

Apanhador de Almas | O terror brasileiro que não encontrou sua própria essência

A trama de Apanhador de Almas se desenrola em torno de um eclipse solar, fenômeno raro e carregado de simbologia. É nesse momento que quatro jovens aspirantes a bruxas decidem visitar uma casa isolada para testemunhar, pela primeira vez, um ritual sobrenatural. No entanto, o que deveria ser um experimento místico se transforma em um pesadelo. Uma criatura de outra dimensão é evocada, forçando as personagens a tomar uma decisão brutal entre vida e morte. A premissa em si é interessante e carregada de potencial narrativo, mas a execução acaba não explorando a riqueza do ocultismo, entregando um enredo previsível.

O elenco reúne nomes conhecidos do público, como Klara Castanho, Angela Dxippe, Larissa Ferrara, Jessica Córes e Priscila Sol. A força dramática maior vem de Castanho e Dxippe, que conseguem sustentar a atmosfera sombria em cena e transmitir ao espectador uma sensação de vulnerabilidade constante. A ambientação, limitada quase inteiramente à casa isolada, colabora para criar alguns momentos tensos e claustrofóbicos, ainda que falte criatividade na forma de utilizar o espaço como elemento narrativo.

Um dos grandes problemas de Apanhador de Almas está em como o roteiro trata o universo das bruxas. Em vez de mergulhar nas complexidades desse imaginário — rico em símbolos, tradições e possibilidades dramáticas —, as jovens protagonistas parecem mais preocupadas em agir como influenciadoras digitais do que como aprendizes de magia. Essa escolha acaba caricaturando as personagens, tornando-as superficiais e distantes da profundidade que o tema exigia. O conceito inicial é promissor, mas o filme desperdiça a chance de criar algo genuinamente assustador e culturalmente relevante.

No fim, Apanhador de Almas é um terror que deixa a desejar. Apesar de um conceito intrigante e de momentos pontuais de tensão, a obra não encontra sua voz própria dentro do gênero. Falta ousadia, falta densidade, e sobretudo falta um mergulho mais profundo no mito que se propôs a explorar. O resultado é uma experiência fragmentada e sem a criatividade necessária para marcar o espectador. Para quem esperava um novo marco no cinema de horror brasileiro, o filme acaba se tornando apenas uma promessa não cumprida.

Apanhador de Almas estreia no dia 18 de setembro nos cinemas pela Retrato Filmes.

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REGULAR

Apesar da premissa promissora, Apanhador de Almas entrega uma experiência incompleta e pouco criativa.

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